29/12/2019

AMOR UMA PALAVRA PARA AMAR.


Amava demais. Quando estava longe da namorada sentia-se perdido. Conversavam por celular notebook e outros meios de comunicação. Porém sentia-se muitas vezes inseguro. Por vários motivos.

Amava demais e deixava isso à mostra para a namorada. Ela uma senhora muito segura de si. Bonita com um bom corpo e onde quer que fosse sempre um sorriso estampado no rosto.

Apesar da idade era uma mulher vistosa. Muito serelepe e agitada. Não se deixava abater onde a situação muitas vezes era sufocante.

Assim viviam para cá e para lá. Volta e meia brigavam e se separavam. Coisa que não durava quinze dias. Estavam juntos novamente. Não há de se negar não conseguiam ter vidas separadas. Não conseguiam ficar mais de meia hora sem pensar um no outro. A diferença dos dois é que Domitila amava |Eduardo mas de uma maneira prática. Fazendo dele vezes um gato manso que tomava uma sapatada mas logo estava ali do lado dela novamente. Então ela se sentia a dona do barraco.

Já Eduardo um cara romântico e muito sensível. O oposto da amada. As vezes uma palavra dele que ela não gostava. Castigava o cara. E na distância que separava os dois ele sofria.

Dizia que ia sair e não saia. Dizia que ia fazer isso e aquilo e não fazia. Tudo isso para ela era como uma autodefesa. Para deixar o pobre e apaixonado amado sempre inseguro e a merce do seu amor.

Porém Eduardo esta se aborrecendo. Não entende esse amor de Domitila. Ora lhe quer hora não quer. Ora briga e dai a meia hora está tudo bem. Ela é bem briguenta e mandona. Inseguro o velho senhor Eduardo acha que nunca vai conseguir se entender com Domitila e sofre muito por isso.

Por vezes chora e já pensou em até tirar a vida. Matar-se! Tamanho é o amor que ele sente pela amada. Quando jovem viu sua amiga Mercedes suicidar-se se jogando na frente de um trem. Por ser apaixonada pelo cunhado marido de sua irmã. Viu seu colega de futebol Américo se enforcar com um lençol por amor a namorada que não o queria.

Já pensou algumas vezes nessa possibilidade, Mas sem coragem para fazê-lo não quer tornar-se um crápula e covarde. De que adiantaria tirar a vida e deixar Domitila solta para o mundo, Agora pensando seriamente vê possibilidades de ter outra namorada. Uma que não o faça sofrer. Uma mulher mais calma e tranquila. Que lhe dê um pouco mais de confiança para o futuro.

Chega de chorar pelos cantos, chega de implorar amor que não foi feito para sofrer. Chega de mostrar suas fraquezas. Chega de pensar que Domitila é a única mulher do mundo. Parece um amor de duas almas que se atraem, porém quando brigam seus corpos físicos padecem. Apesar de não demonstrar a fraqueza Domitila também sofre pela falta de Eduardo. E assim vão vivendo e sofrendo de amor. Será que um dia realmente vão entender. Não sei acho que eles ainda não se deram conta do significado da palavra AMOR.

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25/12/2019

.UM MENINO CHAMADO JESUS


A vida não o deixou nascer sorrindo, como a maioria dos bebês. A mãe costureira desempregada e abandonada pelo pai. Jesus nasceu numa manhã chuvosa, dentro de um barraco sem luz. Partiu da barriga confortável e aconchegante da mãe direto para um mundo pobre. Nascia mais um morador no lixão da vila Sapo.
Seu primeiro berço! Uma linda caixa de cervejas de cor vermelha, acolchoada pelo restolho de um fétido colchão forrado e uma manta para agasalha-lo. Seu único conforto! O carinho da mãe, que o olhava com os olhos de Maria para seu filho Jesus.
Cresceu comendo restos, na companhia de outros desabastados e dos ratos. Era um menino sonhador. Voava na imaginação o sonho de abraçar Papai Noel. Tinha uma coleção de recortes de papéis, picados a mão e colados com sabão. O bom velhinho estava por todos os lados. As crianças diziam mágicas maravilhas dele. Para Jesus como era chamado Papai Noel era seu herói.
Um dia revirando o lixo, uma carteira de couro preta e lambuzada de porcarias achou. Ao abri-la uma boa quantidade de dinheiro e uma foto do velho Noel sorrindo. A surpresa deixou Jesus de boca aberta e feliz. Seu ídolo! Achara a carteira do Papai Noel.
Correu para a mãe. Dentro do barraco contaram o dinheiro. Dava para muita comida, coisas gostosas que não conhecia o sabor. Uma roupa nova para ir ver Papai Noel no Shopping. Ali! Os seguranças nunca o deixaram entrar.
--- Não mãe! Vou devolver a carteira ao Papai Noel. Só tira o dinheiro para comprar o remédio do Jesus  de dona Neuza que está doente. O resto eu devolvo para o meu herói. Tá aqui o endereço dele! A mãe chorou diante da lealdade do filho. Bom menino com seus oito anos.
Andou muito com a carteira dentro de um plástico e abraçada ao peito. O endereço! Uma mansão que parecia o céu.: - seria ali mesmo a casa do Papai Noel. Pensou ele. Tocou várias vezes a campainha, mas não foi atendido. Sentou-se num canto do portão e de tanto sonhar nos voos da sua mente acabou adormecendo.
Anoitece! Um carro se posiciona no portão. O motorista João Pedro alerta o patrão que tem uma criança dormindo na entrada. Os dois saem do carro. O patrão pede a João Pedro que pegue o menino e coloque no banco de traz.
Jesus se acomoda, a cama é macia. Acorda num susto diante de um homem negro, que lhe diz com voz amável.
---Bom dia! Tá com fome menino!
Assustado assentiu um sim com a cabeça.
--- Senta ali e come o que quiser. Diz-lhe o negro João Pedro.
Pão leite, café, manteiga. Suco e de quebra queijo e presunto.: - Que maravilha! Pensou Talinho: - será que é dia de Natal!
Após comer muito o homem perguntou ao menino, o que fazia no portão.
--- Achei a carteira do Papai Noel e vim devolve-la! Só tirei o dinheiro para o remédio do Jesus!
João pega a carteira e vai até o patrão! Explicando o propósito do menino. O patrão chora ao ver a foto do Papai Noel, que lhe fora dado pelo seu menino, antes do acidente que lhe decepou a vida. Levando a mãe como companhia. Pede a João que compre uma roupa de Papai Noel.
Jesus toma um banho e ganha roupas novas da governanta. Maravilhado anda pela mansão. Que natal lindo pensava. Então como num passe de mágica surge seu herói todo vermelho num hou hou hou bem desafinado. Num voo o menino vê seu sonho se realizando. Só lhe resta correr para o abraço ao seu ídolo. Naquele momento o Espirito de Natal do velho Nicolau se nota em aureolas de amor.
A partir daquele ano as crianças do lixão da vila Sapo, tiveram grandes Natais em companhia de Jesus na mansão. Sua mãe cuidava pessoalmente das roupas do patrão Papai Noel. Tocou tanto o Espirito de Natal na vida daquele patrão, que aos trinta anos Jesus empossava a presidência da empresa do seu pai adotivo. Seu ídolo! O patrão Papai Noel.
Direitos autorais reservados à
CARLOS ALBERTO PADUAN.

22/12/2019

UM SORRISO NO ÚLTIMO SOPRO DE VIDA

 



Ali estava Sérgio agonizando nm leito de um hospital. A fatídica doença consumia seu corpo e alma num terminal sem volta. Preparando-o espiritualmente para a partida.

Era doído para um cara que procurou a felicidade no final do seu tempo.


Estranho o capricho do destino. Lhe trazendo o amor no final da idade. Mais estranho ainda ter pagar com a infelicidade a união de duas pessoas.

Duas pessoas se de gladiando por ciúmes. De um lado a filha que não admitia o pai ser feliz com outra mulher. Do outro lado a namorada que não admitia interferência da filha na vida do amado. Sem saber e mesmo sem se conhecerem faziam a infelicidade na vida de Sérgio.

Cada uma com seu modo e maneira de pensar Sérgio ouvia dos dois lados as reclamações. Os motivos de cada uma pelos ciúmes ao qual alimentavam. Precisava que elas fossem felizes com a situação, para que ele fosse feliz também

Fazendo suas orações no seu leito de morte entrega seus últimos minutos buscando o porquê do egoismo de pessoas que não admitem ceder suas vontades para que outras sejam felizes.

Hora fatal, doente terminal UTI aberta aos familiares. No mesmo local filha e namorada se entreolhavam. Num lampejo de luz Sérgio v| as duas chorando e se abraçando, Naquele momento o destino uniu as duas. Talvez arrependidas pela partida do pai e do amor. Talvez arrependidas por seus egoísmos de não enxergarem que Sérgio só queria ser feliz.

Talvez porque se fazia presente a necessidade de Sérgio vê-las juntas e unidas para ele sorrisse no último sopro de vida. Assim aconteceu. Partiu sorrindo sentindo-se agradecido pela semente de amor que plantou. Nos corações raivosos das duas.

Inexplicável nossos destinos.

19/12/2019

DANDOA VOLTA POR CIMA NA VIDA

 


Ela passara o último Natal e Ano Novo somente com a filha a lhe fazer companhia. Restavam só as duas, uma família dizimada pelo tempo.

Partiram para outra esfera pai e mãe, o marido se fora também, fim de um amor fracassado. A tristeza se fazia presente dentro daquele coração como uma doença que talvez não tivesse mais cura, uma esperança muito longe, um remédio que não tinha mais receita.

Encontrei-a triste como em uma fotografia gasta pelo tempo. Seus olhos já não tinham mais vida. Olhei-a de cima a baixo procurando uma centelha de luz naquele corpo cansado da vida. Achei no canto da boca um pequeno e tímido sorriso.

Com o passar dos dias fui dizendo-lhe bom dia e sorrindo. Vi aquele corpo de setenta anos, desfilar um pouco mais belo, imponente tal qual ao de uma garota nova com um andar mais chamativo perante os olhos dos jovens.

Do canto da boca, seu sorriso cresceu para os lábios, que agora já se enfeitam com um batom vermelho rosa. O mesmo odor rosa exala de seu corpo. O cansaço do desamor já não é mais uma dor.

Agora vejo uma velha menina serelepe, que parece gingar como uma cabrocha em dia de samba. Vejo um sorriso procurando outros sorrisos para se dizerem bom dia. Vejo pessoas que se despedem dela e já sentem saudades. Vejo uma tremenda mulher, um furacão de sensualidade que me faz delirar a cada abraço, cada beijo. Vejo a vida de uma forma tão feliz e eloquente, que perante testemunhas, enlacei meus braços em volta seu corpo, como uma aliança.

Pedi-a em casamento durante um almoço e vibrei de alegria. Seu sim foram lágrimas de emoção e felicidade. Quando olhei para as testemunhas, elas brindavam com o que tinham nas mãos: pratos, copos, talheres e muitos sorrisos acompanhados de vivas e parabéns.

E agora, com nossos setenta anos, demos a volta por cima da vida

15/12/2019

OS OLHOS TRISTES NO TEMPO

Quantas vezes!
Lembrando-me de ti, eu passava de propósito diante da tua vida. Via tua juventude indo embora e tu nunca sorrias.
“O que será que ela tem?” Pensava eu.
Outras vezes, passava pelo teu portão. Ora não te via, ora te via a varrer o quintal ou aguando as plantas. Mas nunca vira o teu sorriso. Não sabia se eras casada ou não. “Talvez não fosse feliz”; pensava eu.
Vi o tempo, amigo ou não, levando a tua idade. Enrugando-te e trazendo a neve aos teus cabelos. No sopro do vento, eu sentia estar no fim o meu amor por ti.
Minha esperança ao passar pela tua rua já era sem razão.
Certa manhã de Natal, cabisbaixo e triste, do meu portão olhava o movimento da rua. Alguns conhecidos e vizinhos passeavam pelas calçadas cumprimentando com acenos e falas.
— Feliz Natal! Eu desejava a todos.
Naquele dia meu coração pulou fora do peito. Finalmente papai Noel se lembrou do meu presente. Tu vieste descendo a minha rua, com os cabelos curtos de algodão e um sorriso alvo e alegre.
— Bom dia, feliz Natal! Ouvi tua voz me dizendo.
Naquele momento, o mais encantador da minha vida, percebi que tu querias estar ao meu lado. Tive um ímpeto de correr e abraçá-la. Porém me contive:
 “Tanto tempo a espera, para que correr agora?”
Hoje, passeamos de mãos dadas. Finalmente vejo florir teu antes apagado sorriso do passado; teus olhos brilham emocionados, cheios de vida.
 És a minha vida... Ah, a minha vida!

08/12/2019

SERESTA NO LUAR DE PRATA

Apaixonantes noites de serestas boemias na noite de lua cheia. Num luar branco e prata. A rua solitária, sua companhia é o sereno e um amigo violão, que traz pendurado junto ao corpo. Preso a um couro cintilante de estrelas prateadas. Anda pelo silêncio, noturno procurando uma janela aberta ou mesmo entreaberta e curiosa. No alto dos assobradados e antigos prédios da rua do Tesouro.

Procura as damas moças sonhadoras e amantes do romântico luar. Que esperam pelo momento mágico em ouvir os acordes de um violão dedilhado e a voz máscula do seresteiro cantor a seduzir-lhe a alma.
São emoções que guardam no coração, como um encanto. Um ritmo de paixão num prazer delicado. O boêmio espalha sua voz na noite dominando o prazer da emoção, canta causando êxtases nos corações femininos.

Uma noite prateada para a morena que pela janela entreaberta, mostra seu rosto meigo, colorido pela prata da lua. Sonhando com o amado que um dia partiu. Seus lábios assopram vislumbrante nuvem azulada da fumaça do tabaco que segura entre os dedos Dos seus olhos perdidos numa contemplação, escorre uma lágrima que para na ponta do queixo, como uma pérola da cor do luar. 

04/12/2019

QUANDO O AMOR É ETERNO


Quando adentrei à porta do asilo, meu coração bateu forte. As idosas cantavam Quando adentrei à porta do asilo, meu coração bateu forte. As idosas cantavam em coro uma música antiga chamada ' AS CANÇÕES QUE VOCÊ FEZ PRA MIM ' do Roberto Carlos. Viajei então para o meu passado. Lembrando da minha amada. Dançávamos essa música agarradinhos. Realmente nessa época fiz muitas poesias e canções que eu adorava cantar no seu ouvido.
Hoje como idoso que sou, procuro-a por todos os cantos. Quem sabe talvez ela seja uma dessas vovós a cantar. Cumprimentei todas elas uma a uma e fui perguntando os seus nomes. Umas sorriram, outras mais sérias e outras procurando ser mais agradáveis.
Como eu, todas tem uma história de amor. Todas amaram, sofreram e tiveram seus momentos felizes. Quem não amou! Quem não errou!. O destino deu chance a todos, muitas vezes não estávamos preparados para recebê-la. Eu e minha amada erramos muito, porém hoje eu a procuro.
Umas das vovós que cantava me chamou de lado, dizendo que essa música tinha uma fã fervorosa, mas que se fora para outro patamar no domingo passado.
Nesse momento meu coração surtou. Perguntei a Diva ( Esse era o seu nome ). Como era a fã dessa música. Ela respondeu que era uma mulher graciosa, com rosto de menina. Tinha um lindo par de olhos verdes e o cabelo de espiga de milho. Com lágrimas nos olhos acabei eu descrevendo a mulher.
--- Eu já sei o resto Diva! Ela tinha o rosto bem branco, duas bochechas bem vermelhas e seu nome era Maria Esmeralda. Nesse momento Diva com os olhos marejados me perguntava.
--- Então você é o Carlinhos. Ainda com o choro engasgado na garganta respondi.
--- Sim! E como me dói ter chegado tarde.
--- Não se desespere seu Carlinhos! Ela partiu tão serena, que tenho certeza levou sua fotografia na alma. Mas te deixou uma carta. Me dizendo que se um dia eu o encontrasse lhe entregasse. Vou até o meu quarto buscá-la
Diante dos fatos sai do salão onde estavam as outras vovós e me isolei num canto onde tinham bancos e um silencioso jardim de rosas. Fiquei a imaginar como teria sido nossa velhice. Desde que ficara só no mundo Maria Esmeralda se internou num asilo por sua própria conta. Fiquei sabendo disso pela vizinha dela - quando fui procurá-la. A mulher por esquecimento não soube me dizer o nome do asilo. Tampouco sabia onde estava o papel com o endereço.
Uma dor para mim. Por Deus levá-la antes que eu à encontrasse. Nesse instante meu coração está de luto.
Senti uma lufada de vento fresco cheirando a rosas, passar por mim. Tive a impressão que os olhos de Maria Esmeralda me olhavam do jardim, pois sei que não existem rosas verdes.
Nesse momento Diva chegou com a carta e me alertou que esse canto era o preferido de Maria Esmeralda. Saiu, me deixando sozinho. Era um envelope normal escrito Carlinhos. Ao abri-lo o olor de amor de Maria Esmeralda espalhou-se. Mesmo que não tivesse nome eu saberia que aquele envelope era endereçado a mim.
Dizendo assim.
--- Meu amor! Quando o médico me disse que meus dias estavam contados. Resolvi vir para este asilo. Aqui tive tudo de bom. Tratamentos remédios, médicos atenção amor e amigos. Para este lugar deixei minha herança prescrita. Sabedora eu da tua procura por mim e falei tanto de você, que Diva vai saber quem é você quando encontrá-lo.
--- Nunca quis que você acompanhasse a minha doença e sofresse no meu leito de morte. Não seria justo para você sofrer no final da vida. Porém sei que se necessário fosse, você o faria com esmero. Fique tranquilo, pois quando chegar a tua hora de partir, estarei ao seu lado e vou guiá-lo pelo caminho para que te sintas amparado.
--- Meu amor te espera na eternidade.
Após ler a carta não me contive em vários choros. Fiquei um tempo contemplando o jardim lembrando do jeitinho da minha amada. Diva veio até mim com uma xícara de café quente e vendo o meu desespero disse!
--- Sei que dói muito o que você está sentindo. Porém saiba você que o amor após o desencarno não é um castigo um sofrimento e nem um desespero. É uma dádiva! Aguarde seu tempo para ser feliz seu Carlinhos.
Já na calçada da rua incentivada pela voz de Diva ouvi novamente a música.

AS CANÇÕES QUE VOCÊ FEZ PRA MIM.

01/12/2019

DEPRESSÃO – PARTE DEZ- O ULTIMO E MAIL DA DOUTORA ESMERALDA PARA ALBERTO.

 Alberto fique tranquilo quanto ao amor. Pela minha experiência trabalhando com a terceira idade nestes últimos dez anos. Escrevi dois livros. Fora meu projeto da faculdade para a terceira idade. Aprendi de tudo com meus velhinhos. Infelizmente existem mais mulheres idosas esperando um amor. Principalmente por um homem com a tua capacidade de amar. E que também precisa de amor. Não se desespere não meu garoto. Existem três mulheres idosas para cada homem. A disputa entre elas é enorme. Elas querem sonhos. Querem namorar querem se sentir mulheres. Porém a maioria sentem-se frustradas e jogadas pelos cantos do mundo. Acredite todas elas precisam de amor.

Então Alberto para você será um prato cheio. Vá passear por lugares de eventos para a terceira idade . Vai na tua praia ai em Santos, talvez você encontre alguém. E cá para nós até num belo maio e um corpinho bonito. Quem sabe você encontre dois olhinhos meigos apaixonados e bonitinhos a sua espera. Não podes esquecer a doutora Cristina que você achou ter uma boca deliciosa. Alberto dos homens da terceira idade alguns estão tão estragados que não fazem jus a sua capacidade de homens. Não se cuidaram estão maltratados e desdentados. Feios e relaxados. Outros mais bonitos e bem apanhados querem as mulheres novinhas para poder esnobar e contar vantagens. Outros muito malandros que querem todas e não ficam com nenhuma, portanto meu desesperado amigo. Não se perturbe mais por se achar jogado e perdido. Mulher não falta neste mundo. E de todas as idades. Elas se arrumam se põe todas gostosas e esticadinhas na esperança de encontrar um velhinho apaixonado como você. Vá em frente e quando encontrar me apresente. Eu vou te aplaudir e muito.

Quando isso acontecer teus ouvidos escutaram outras vozes te chamando de amor, de bem, de querido. Como se fosse uma nova canção. Também aprenderas a aceitar o novo tempo. Se facilitares o começo de novas possibilidades. Entenderas que não há mais o que se esperar daquilo que já passou.
Não esqueça que temos de nos falar sempre. Por pura manutenção. Ainda não terminei com você.
Boa sorte menino.
FIM

30/11/2019

DEPRESSÃO – PARTE NOVE – CARREGANDO UMA CRUZ DESDE A INFÂNCIA.


 
--- Alô! Boa noite doutora, tudo bem!
--- Tudo bem Alberto. Hoje preciso te fazer algumas perguntas mais profundas. Preciso que você responda-as com a maior precisão possível esta bem para você!
--- Lógico doutora se é para minha melhora, Responderei tudo ao pé da letra.
--- Sabe Alberto! Eu achei que você criando as suas filhas já havia feito a sua parte, lógico que como avô você ajudaria na manutenção e preservação dos teus netos. Certo.
--- Certo esse é o papel de todo avô que gosta da sua família.
--- Porém não foi isso que aconteceu com você não foi!
--- Sim senhora! Minha primeira neta morou uma boa parte comigo até que minha filha e o genro alçassem voo, encontrassem seu canto.
--- Certo ai a sua casa ficou vazia. Mas não demorou muito veio a neta da outra filha e depois de dois anos mais um menino preencheu o espaço vazio da sua casa,
--- Nesse tempo você fez o que!
--- Fiquei com as crianças em casa. Moram comigo! Minha segunda filha é separada. Moramos todos juntos e vamos levando a vida.
--- Como Alberto! Com você trancado dentro desse quarto a mais de dez anos. Você sabe que já fez sua parte né Alberto.
---- Não sei. Vamos levando a vida juntos.
---- Já parou para pensar em você!
---- Sim quando fui morar com Aurora. Deixei tudo para trás.
---- E o que aconteceu!
---- Fracassei!
---- O que aconteceu para você fracassar!
---- Não consegui conciliar minha vida. Não consegui ficar longe das crianças.
---- Por que! Eu não estou entendendo isso Alberto.
---- Achei que eu era o arrimo deles, criados sem pai. Eu era o pai deles.
---- Negativo! Você é o avô deles. Precisa esquecer a infância dos netos e filhos que criou Alberto.
---- Hoje eu sei disso. Mas a uns meses atrás eu não sabia doutora.
---- E por quê hoje você entende isso.
---- Porque descobri que eles tem vida própria, comigo perto ou longe.
---- Infelizmente Alberto, ou felizmente você aprendeu isso na pele né.
---- É sim doutora! Custou muitas noites doídas longe deles. Eu me achava culpado. Achava que os tinha abandonado.
---- E agora está ai bisneta e se você morrer com cem anos como brincas. Vais entrar num circulo vicioso e criar tataranetos. E assim por diante. Vais virar uma múmia criando gente pequena. Um faraó mumificado Alberto. Vais ficar pensando num amor perfeito que não vingou. Vais morrer pensando no corpo e amor de Aurora sem tê-la. Versos de amor que não fazem mais efeito. É isso Alberto que você quer!
--- Não doutora.
--- Você quer continuar chorando todas as noites na prisão do teu quarto Alberto! Com aquela dor emocional cutucando seu estomago Alberto!
--- Não doutora!
--- Você quer ver Alberto sua amada Aurora sorrindo nos braços de outro Alberto!
---- Não! Isso não!
A doutora Esmeralda percebendo que tocava os pontos fracos de Alberto continuou mexendo em suas feridas.
--- Você quer Alberto por acaso voltar a ver a sua mãe te reprendendo e de chinelo em punho para lhe castigar.
--- Não! Não quero doutora!
A voz de Alberto começou a ficar irritada. Com coisas que ele não queria lembrar.
A doutora continuou a fustigar l
--- Porque você não luta contra isso Alberto. Aurora disse que você era um rato. Gostou de ouvir isso Alberto!
--- Não eu odiei ouvir isso. Eu não sou um rato! Não sou doutora!
--- Eu acho que é Alberto. E sua mãe esta vindo com o chinelo para matar esse rato Alberto!
--- Ela que se atreva doutora!
--- Se atreva a o que! Matar o rato que você é. Escondido na proteção da Aurora. Daquela Aurora que você queimou a foto no Pontal.
--- Não doutora! Ela morreu não existe mais. Eu queimei a alma dela!
--- E agora Alberto! Quem vai te defender. Sua mãe esta chegando com o chinelo Alberto! Aquele chinelão de couro que você odeia. Aquele de couro cru que arde na alma Alberto.
Alberto começa a se descontrolar e grita. --- Para mãe!
A doutora Esmeralda entra no corpo da mãe braba e diz a Alberto.
--- Parar por que! Porque você me desobedeceu! Porque você foi para rua! Seu moleque, seu rato.imprestável..
--- Para mãe! - gritou Alberto – Eu não fiz nada! - pergunta para Aurora!
--- Aurora morreu seu moleque. Você botou fogo nela. Você esqueceu os seus netos. Seu rato, sem vergonha.
--- Não mãe, por favor, eu não fiz isso. Não mãeeee!
--- Nãoooooo! Mãeeeee! Para! |Para mãeeeee.
O grito de Alberto foi ouvido na casa toda. Correram para acudi-lo. Ele chorava com convulsões. Sua dor estomacal era enorme. Tinha enormes anciãs de vomito. Estava sentado cabisbaixo na cadeira do computador. Na tela do mesmo, a doutora Esmeralda chorava de alegria. Por ver seu paciente finalmente se libertando de uma boa parte das suas aflições.
Por um bom tempo Alberto ficou com os olhos parados no nada.
--- Alberto olha para mim! – disse-lhe a doutora.
Ele não olhava. Estava exaurido. Sentia-se com vergonha percebeu o quanto era covarde e criança. O quanto era indefeso. O quanto não sabia tomar decisões sem lhe doer o ego. O quanto era difícil viver e ter que dar satisfações à mãe e a Aurora do passado, aos netos. pois nada fazia sem perguntar a eles. Percebeu que não tinha vida própria. Que sempre era dependente de todos. Da mãe da Aurora dos cabelos negros. Das filhas dos netos. Achavam que todos precisavam dele para alguma coisa. Não percebeu nunca que todos tem suas próprias vidas. Que todos são felizes as suas maneiras. E que cada um deve ser responsável pelos seus atos.
Se guardam magoas dele se gostam dele se amam ele ou brigam com ele. Agora não importa mais. Alberto ganhou vida própria. Uma vida nova com setenta anos de idade.
--- Alberto olha para mim! - Pediu novamente a doutora. – Pelo menos me escuta Alberto. Tome o remédio que receitei. Eu também estou cansada. Amanhã nos falamos. Descanse em paz meu menino. Amanhã eu volto a vê-lo.  

27/11/2019

DEPRESSÃO – PARTE OITO – OS OLHOS DE UM OLHAR

 
Mais tarde...
O celular de Alberto toca!
— Alô Alberto! Sou eu a doutora Esmeralda!
— Doutora Esmeralda!
— Ligue a sua câmera! Estou em vídeo.
Quando a tela se abre, Alberto vê a doutora Esmeralda à sua frente. Cabelos curtos e loiros. Já não tem mais os cabelos de corda que dava um charme especial à Maria Esmeralda da infância. Porém os olhos tem a mesma cor. Não são os olhos da menina apaixonada da infância que Alberto conhecia. Não é a pessoa que Alberto imaginava ver. E não viu.
— Oi doutora tudo bem! Nossa como você é bonita!
— Bobagem sua Alberto. Você é que está um garotão. Com quantos anos mesmo!
— Setenta!
— Vai longe menino! Porém estas numa crise braba na cabeça né.
— Obrigado! É sim a crise tá tão feia que tenho vontades de me jogar e deixar o mundo me consumir. Dói muito essa dor que não sei de onde vem. Não sei onde se localiza no meu corpo. Mas sei que dói muito.
— Calma menino desesperado. Não pense que essa dor é curada com remédios. Acalme-se desse desespero. Não pense que eu sou Deus. Que vou deixar suas dores em ordem estalando os dedos.
— Desculpe doutora! É que não tenho ninguém para conversar e me entender. Não tenho ninguém, luz nenhuma para me ajudar. Os que me ouvem sabem menos do que eu. São só consolos. Porque gostam de mim.
— Alberto pelo que você me mandou nesses últimos três dias. É uma pessoa normal, age como uma pessoa normal. Só tem pensamentos que voam. Que te levam ao passado. Sonhas o que existe só dentro de você. Dos teus pensamentos. Não conseguistes realizar os teus sonhos. Ai é que você entra em parafuso. Em desespero. Teu passado é a tua doença. O que foi feliz no teu passado esta te atrapalhando no presente. Quando você se sente bem. Logo vem o passado à sua mente. Essa é a sua confusão. Não aprendeu a separar o joio do trigo.
— Não sei o que lhe dizer doutora.
— Não diga nada! Apenas me escute com atenção.
— A sua Aurora conforme você disse. Não lembra muitos detalhes do passado de vocês no Pontal da Cruz. Ela é uma pessoa extrovertida e agitada. Pessoas como ela não guardam nada do passado a não ser muito marcantes. Porque estão sempre pensando nos próximos minutos de vida. Ela tem sede de viver o minuto seguinte. Enquanto você tem sede de definhar uma felicidade que não volta mais. E assim se suicidar trancado nas tuas quatro paredes.
Li o trecho que você me mandou do seu livro. Deu para sentir o quanto você é escravo do teu passado. O quando você sonha num ritmo retrógrado. O quanto você voa em cima do que não existe mais. Se você não se curar e entender isso. No futuro seus livros serão bem chatos. Nosso mundo já não tem mais lugar para o romantismo. Para amorzinhos, para ternuras. Não tem lugar para fantasias e contos de fadas.
Você Alberto menino é bobinho. Não aprendeu a aceitar a modificação das pessoas. Sai do passado Alberto.
Agora preste bastante atenção neste teste. Olha bem para os meus olhos. Vou chegar à câmara bem perto. Olhe bem e diga o que você vê. Eles continuam verde-esmeralda disso eu sei.
— E bonitos como sempre! Diz Alberto.
— Sabe por que eles continuam verdes e bonitos! Porque eu estou viva. Agora me diga se meus olhos são os mesmos da Maria Esmeralda que você conheceu no passado. No nosso amor da infância.
— Não quero nem pensar nisso doutora.
— Mas vai pensar. Olha de novo Alberto e me fala o que você vê!
— Não sei explicar doutora!
— Olha de novo Alberto! Olha para meus olhos e me diz se você vê meu amor por você de quando éramos o passado.
— Não doutora! Vejo teus olhos verdes descontraídos e de quem sabe o que quer e o que faz. Como os olhos da professora Dinah lá do nosso grupo escolar
--- Então não deixe mais essa nostalgia fazer parte de você. Isso é compulsão. Jogue fora suas musicas antigas. Embora as novas sejam umas drogas. Não viaje mais na adolescência. Ou então na infância. Deixe coisas velhas para trás onde elas devem estar.
--- É difícil doutora! Tudo isso de uma vez só. É muito difícil. Começar tudo de novo. Já tenho setenta. Meu tempo é pouco preciso ser feliz agora.
--- Alberto para isso você precisa estar curado! Precisa abrir algumas portas e fechar as venezianas do passado. Isso significa em deixar coisas e lugares para trás. Como você fez lá no Pontal deixando lá a tua juventude. Foi dolorido eu sei para você queimar a foto da Aurora, mas foi um começo.
--- Doeu mesmo. Arrependi-me de queimar a foto.
--- Não diga isso menino! Isso mostra que sua personalidade está em baixa. É preciso coragem para queimar coisas antigas que não tem mais espaço em nossa memória afetiva, deixar os espaços onde não somos mais felizes. Encarar o novo e deixar de se refugiar em colos ou pessoas que já ultrapassaram os limites por nos socorrer muitas vezes. Você Alberto precisa respeitar sua dor deste tempo e abrir outras portas. Como aconteceu no Pontal quando você encontrou a doutora Cristina. Pelo jeito é uma mulher interessante Alberto.
--- E muito doutora. Eu gostei do jeito dela.
--- Lógico que gostou eu vi a foto ela é bem parecida com Aurora. Está ai uma porta se abrindo para você Alberto. Talvez você não precise nem pensar que lhe resta pouco tempo, para ser feliz.
--- Até pode ser doutora, mas um buraco não tapa o outro da noite para o dia. Mais difícil ainda quando a gente tem um amor tão vivo no peito como o de Aurora. Também sei que ninguém é de ninguém e que a fila anda. Porém trocar de boca para beijar não é igual.
--- A troca não é tão grande Alberto! As bocas delas são iguais. De um beijo na doutora Cristina e veja que sabor tem.
--- Você esta me induzindo a isso doutora!
--- Não Alberto! Só brincando com você. Sua consulta terminou por hoje.
--- Que pena é muito bom te ouvir. Ajuda-me a não sofrer. Sinto-me relaxado e bem.
--- Até amanhã Alberto. Bom sono.
--- Até amanhã doutora.
 

25/11/2019

DEPRESSÃO — PARTE SETE — O PASSADO AINDA DÓI NA ALMA

 

Depois da despedida e de andar com Cristina pela praia. Descobriu que tem pessoas pessoas diferentes. Num diálogo um pouco mais profundo escutou de Cristina o quanto também ela sofreu por amor. A mulher é da área medica. Embora mais nova doze anos, deu muitos conselhos a Alberto. Disse lhe que o verdadeiro amor é como uma fênix. Entra na roda do fogo se queima toda e sai do outro lado, renovada.
Já na Ilha Bela à noite no silencio do quarto vazio Alberto pensou em Aurora. Doeu muito nele queimar a foto da Aurora mãe, Aurora esposa, Aurora namorada
da Aurora carinhosa. Quis fugir daqueles olhos antigos. Quer realmente parar de viver do passado. Tentou devolver a foto à dona porem ela foi ríspida com ele. Amaria olhar no fundo dos olhos de Aurora no presente. Para compara-los ao que via na foto do passado. Agora é tarde talvez nunca mais veja os olhos dela.
A noite foi longa num misto de dormir e acordar. Num misto de sonho e pesadelo via os olhos da Aurora do passado chorando entrando na roda de fogo. Do outro a fênix em fogo num tom ameaçador queimava o seu sono. Levantou-se cedo pela noite mal dormida. Um tempo feio no céu de Ilha Bela. O sol escondendo a beleza do lugar. Dia cinzento como a alma de Alberto. Lembrou-se do dos sonhos. Lembrou-se da fênix de Aurora. Parecia ressurgir do fogo com ódio dele. Surgindo num tom ameaçador. Nunca pensou em ver Aurora dessa maneira. Aurora menina moleca sapeca e braba sim. Mas com ódio ameaçador nunca.
Hora de levantar acampamento e relatar tudo à doutora Esmeralda. A viagem para Ilha só foi proveitosa pela promessa que fizera a entidade. Pai Pedro! Pensou em nunca mais brincar ou esquecer-se de certos deveres. Muito de inveja, ciúmes, e atos impensáveis. Muito mal olhado, muita ação por impulsos, de falar besteiras invés de conversar. De gritar de rispidez. De não querer ouvir desaforos. Trocaria tudo isso agora. Todas estas porcarias mal feitas por um simples sorriso e um olhar de Aurora. Mas agora Aurora não quer mais ser o seu amor. Não precisa ter um rato ao seu lado conforme insinuou na ultima briga que tiveram.
Devido à mudança de cidades e a despedida. Os planos de trabalho de Alberto foram por água a baixo. Ele e seu amigo Luís que se conheciam desde a infância ficaram vendo navios no meio da rua. Dois aposentados e velhos que tiveram chance de por em prática um trabalho. Planejavam o futuro deles. Auxiliados por Aurora. O que fazer da vida agora! Iam ocupar o espaço do tempo trabalhando. Assim demorariam mais tempo para ficarem doentes. Viveriam mais. Teriam mais chance na vida. Alberto com sua Aurora e Luís, viúvo e livre para encontrar uma companheira que gostasse e cuidasse dele. Um cara bem esforçado.
Tudo isso foi trocado por uma palavra chamada impulsão. Uma explosão por impulso. Sem pensar falar o que vem à cabeça com raiva ou até como defesa. Uma consequência enorme na vida de pessoas que por causa desses atos perdem o amor. Perdem a vida. Põe em jogo a felicidade, destroem negócios e amizades. Destroem a própria vida e traçam em volta de si um rastro de infelicidade.
Às vezes é melhor chorar e calar-se do que explodir. Perdendo a felicidade que está ao lado. Bastam cinco minutos de impulsividade. Tão terrível quanto uma facada certeira no coração.
Hora de juntar suas coisas e voltar para casa. Juntar os cacos Voltar para as quatro paredes e tentar fugir da depressão que assola seu corpo. A noite vai mandar seu e mail a doutora Esmeralda relatando tudo o que viu e sentiu. Vai sugerir a ela para se consultar em vídeo pelo celular. É mais fácil e as falas mais rápidas. Além de estarem se vendo e estudando as expressões das conversas.
O carro em que viaja atravessa da ilha para o continente e segue pela estrada movimentada. Na altura do Pontal da Cruz Alberto pede a seu genro para diminuir a velocidade. Encara o Pontal com sua cruz de pedra. Num adeus dolorido no peito. Num adeus onde nasceu e morreu o seu amor por Aurora, Aurora mãe, Aurora esposa, Aurora namorada. Aurora do passado. Aurora da sua vida.
O carro se movimenta a cruz fica agora ao longe. Num misto de choro e desaconchego. Depositou ali o seu passado. Agora a vida vai continuar. Se tiver que ser com Aurora ou não. Mas o passado morreu ali.
É tentar fazer como fez Aurora. Não se lembrar do que passou. Lembrar apenas que tem de estar bem para viver o próximo minuto da vida.

   

22/11/2019

DEPRESSÃO- PARTE SEIS – ACENDENDO AS VELAS





 



No final da tarde, depois de refeito do baque da praia. Empenhou viagem para Ilha Bela ( Litoral de São Paulo ) Muito transito na estrada, caiu uma noite pesada de chuva. Sentia o corpo cansado. Ao amanhecer ainda dentro do veículo dirigido pelo genro João. Pararam a pedido de Alberto na praia do Pontal. Ali o mesmo pediu ao genro seguir viagem, pois precisava cumprir o que prometera a entidade espirita. Pontal da Cruz, um lugar especial só dele. Um lugar mágico onde nasceu seu primeiro amor por Aurora.

Ali quando jovens se tocaram pela primeira vez. Trocaram juras de amor e os primeiros beijos. Um canto de praia chamado Pontal da Cruz. Alberto parou ali rememorando o quanto fora feliz naquele canto de paz ao lado da sua Aurora. Caminhou até o local da cruz e na fenda da pedra onde estava postada a cruzeta depositou e acendeu as três velas azuis. Retirou de um envelope que trazia nas mãos uma foto tamanho porta-retratos de Aurora. Atrás com bonita letra dizia"" Ao meu grande amor "" pela ultima vez olhou aqueles olhos de Aurora mãe, Aurora esposa, Aurora namorada, Aurora amor da Aurora do passado com cabelos curtos. Deixou que o fogo das velas consumisse a alma daquele olhar. Dois dias antes havia tentado devolver a foto à Aurora. Porém, esta não o recebeu. Queria ter visto os olhos dela nesse dia para poder separa-los dos olhos da foto, mas não conseguiu.

Afastou-se para não chorar ficando num canto de pedras. A foto enquanto consumida pelo fogo continuava sorrindo sem sentir dor.

Perdido nesses pensamentos e sem acreditar vislumbrou Aurora de costas para ele indo em direção ao mar. Com os cabelos curtos e loiros seu jeitinho de andar e um chapéu de praia palhada.

Não! Não era miragem! Era Aurora mesmo. Saiu como um louco do seu lugar, chamando-a e correndo em sua direção. Aurora virou-se. Ele freou a corrida assustado e sem jeito. Não! Não era Aurora.

Parou diante de uma mulher acima dos cinquenta anos. Pediu um milhão de desculpas. A mulher chamava-se Cristina e sorriu nesse momento o coração de Alberto quase explodiu, quando viu a boca de Cristina sorrindo. Teve enorme desejo de beija-la.

Ali na sua frente estava o sorriso bonito e a boca carnuda de Aurora. O choque foi grande. Até o costume de ter com um cachorrinho era igual o de Aurora.

Alberto então relatou muito rápido sua historia com Aurora. Cristina sorrindo disse que nunca havia visto uma paquera tão inteligente. Alberto tirou a carteira do bolso e mostrou uma foto postal colorida de Aurora sorrindo.

Cristina riu e respondeu para ele. – Garoto de sorte, sua Aurora é bem bonita. É... Você tem razão! Somos bem parecidas principalmente à boca.

Alberto sorriu e disse – Ainda bem que você não se ofendeu! Obrigado por ser gentil. 

Já preparando o corpo e os passos para sair dali.

Cristina acendendo um cigarro com os mesmos trejeitos de Aurora disse a ele. — Espere! Vamos caminhar um pouco pela praia. E você me conta a historia com a sua Aurora.

Sabe Alberto! Esta praia é o melhor canto do meu mundo. E saíram a conversar.

Alberto disse a ela que era escritor.

Cristina permitiu-lhe tirar uma foto dela e continuaram caminhando...

20/11/2019

DEPRESSÃO – PARTE CINCO –AS PROMESSAS

 



Prometi e o farei doutora. Vou sair destas quatro paredes. Vou ver gente pessoas, vou tentar sorrir para todos. Depois vou fazer uma pequena viagem de três dias. Que vai me ajudar a passar o tempo. Na segunda feira então enviarei meus relatórios para dizer-lhe o que senti.

Por dois dias Alberto saiu do quarto. Raspou a barba penteou os cabelos. Bermuda chinelos e camiseta completaram o uniforme. Foi andar na areia onde as pessoas adoram ter os pés massageados pela areia úmida.

Antigamente ele andava esse trajeto, porém perdido em pensamentos e olhando para o nada. Nesses dois dias ele fez o contrário. Andando de chinelos nas mãos olhou para as pessoas que vinham em direção contrária. Enquanto andava sentia a sola dos pés massageadas. Sentindo algumas cocegas que não aconteciam antes. Cumprimentou pessoas olhou-as nos olhos. Moços moças, idosos e crianças. Um batalhão de andarilhos dos mais variados tipos de corpo. Uma multidão de felizes. No segundo dia alguns rostos se repetiram. Reparou que duas pessoas do dia anterior sorriram e o cumprimentaram. Continuou a caminhada por quase um quilometro. Na volta cruzou com um monte de gente que haviam passado por ele na ida e sorriu. Um sorriso meio besta, mas um gesto de satisfação.

Cruzou com uma senhora com chinelos enfeitados e uma bengala sua companheira, com cabo torneado em madrepérola. Lembrou-se de quando ele e Aurora falavam sobre a velhice. Aurora achava chique uma anciã com uma dessas bengalas. Alberto prometeu dar-lhe a bengala e via Aurora de cabelos brancos apoiada na bengala e sorrindo. Como a anciã agora pouco o tinha feito.

Estranhou nunca ter reparado em andarilhos de praias conversando animadamente. Uns se lamentando outros sorrindo, Outros chutando a água e andando. Com raiva de alguém ou de alguma coisa. Ou simplesmente chutando a água com a alegria de ver os pingos como perolas ou diamantes levantando e com o atrito o sol dando as cores do arco-íris.

Havia de tudo nessa caminhada pela beira d'água. Novidades que seus olhos nunca repararam. Novamente na outra volta à idosa com a bengala de madrepérola sorriu para ele dizendo.

Já de volta meu jovem! Bom dia.

A mulher devia ter seus noventa anos. Faltavam talvez vinte para Alberto chegar nessa idade e a mulher sorria como uma garota de vinte. Uma alegria contagiante começou a tomar conta do paciente da doutora Esmeralda. De repente virou-se em direção ao mar. Chutando as ondas baixas. Seus passos tornaram-se rápidos apressando sentindo a água pela cintura. Pulando alegremente e chutando a água. Tinha a impressão de flutuar. E lá vai ele agora a pular mar adentro. Sua alegria era tamanha que não conseguia parar. À frente o rosto de Aurora sorrindo. Abriu os braços em busca do abraço. Parecia extravasar a alma. Cada vez mais fundo, num desespero de sumir de sorrir. Numa vontade tamanha em que a vida se acabasse naquele momento. Seria a gloria morrer abraçado à Aurora. Num misto de desespero e alegria. Seu corpo foi ao fundo. A vida sumiu. Caindo na onda forte.

Acordou com uma moça salva-vidas lhe fazendo pressão no peito para que vomitasse a água engolida. Acabou sua manhã na maca do posto de salvamento. Sentiu uma suave mão feminina limpando seu rosto com um naco de algodão. Logo se lembrou da falta dos carinhos da mãe. E interpretou a mão feminina da enfermeira como a de Aurora de cabelos curtos e negros.



18/11/2019

DEPRESSÃO– PARTE QUATRO – EM BUSCA DO POR QUÊ.



Ah menino! Que não cresceu – responde a doutora. Ao seu paciente.

Ah menino! Que por conta de uma mãe braba parou no tempo. Vamos ter que livrar você desse passado Alberto. Acho que até foi bom pelo menos para mim, terem podado o nosso amor criança. Talvez eu hoje não fosse a sua psicóloga. Mas prometo ajudá-lo na cura.

Agora tu vais ter que esquecer que eu e Aurora fomos os teus amores maternos. Vai ter que livrar desse passado. Vais ter que esquecer o rosto da Aurora jovem. Vai ter que esquecer a menina Maria Esmeralda.

Vejo que você trocou o seu amor de mãe que nunca lhe deu afagos e carinhos por Maria Esmeralda e Aurora. Pior ainda com Aurora. Pelo que tu me disseste. Que quando cantas antigas de ninar embalando a bisneta no colo! Tu te lembras do rosto de Aurora e chora! Aquela mesma Aurora dos cabelos curtos negros. Aquela mesma Aurora quando você pousava a cabeça no colo dela. A mesma Aurora que te acarinhava e acariciava. E você pensava:- Porque minha mãe nunca fez isso.

Então era Aurora mandona como sua mãe, porém carinhosa. Aurora mãe. Aurora namorada. Aurora amor. Por isso você nunca esqueceu aquela Aurora do passado. Aquela Aurora dos olhos da cor de café. Hoje você não consegue enxergar Aurora como ela é realmente. E com os mesmos ciúmes e briguenta como no passado. Isso corrobora para que a sua Aurora do presente seja aquela do passado. Estando sempre associada a sua mãe.

No presente me dissestes também que na companhia de Aurora, muitas vezes vocês brigaram. Porque algumas vezes ela um pouco mais ríspida lhe ordenava algo e você imitando uma criança respondia – Sim mamãe.

Porem agora você já não tem mais a Aurora. E por conta disso se trancou nessas quatro paredes de seu quarto que eu chamo de prisão. E se não saíres dai para ver o mundo lá fora te garanto que não demora muito seu próximo passeio vai chamar-se cemitério.

Sugiro que você pegue aquele antigo retrato que tens da Aurora – conforme me contaste - com os cabelos curtos e suma com ele. Faça-o desaparecer ou mande para ela de volta. Tens que desatrelar esta imagem dos seus pensamentos.

Agora meu caro Alberto você vai sair desse quarto. Dessas ridículas quatro paredes que te amarguram. As paredes estão cansadas de te ver. De escutar teus choros e lamúrias. As paredes estão cansadas de ouvir um idiota chorando com pena dele mesmo. Sai desse lugar. Levanta cedo e vai caminhar na praia. Vai olhar o rosto das pessoas. Diga-lhes bom dia e sorria para todos. Você vai se surpreender. Todos têm problemas e alguns piores que os teus. Mas saem e sorriem para os outros. Todos têm problemas paixões, amores perdidos e até mortos. Mas estão vivendo. Sai dessa droga desse quarto e sorria ao invés de chorar. Corte os cabelos tire essa barba idiota e mal aparada que te deixa com cara de sebento. A partir de amanhã vais fazer o que lhe pedi. Durante três dias. Depois vai me dar o relatório do resultado disso. E se não o fizer esqueça a doutora Maria Esmeralda.

E-mail à doutora Esmeralda.

Prometo que lhe farei isso. Nos próximos dias, mas tenho que também pagar uma promessa que fiz a uma identidade espirita. Pedi-lhe que me ajudasse a encontrar a felicidade e me ajudasse com a venda do meu livro. O livro começou a dar certo agora, mas a felicidade sumiu. Acho que não cumpri minha parte no prometido. Talvez eu tenha que passar novamente por todas as guerras do amor, para aprender a ser feliz. Então vou pagar essa promessa e colocar as velas na cruz.

E-mail da doutora Esmeralda. Faça tudo o que tiver de fazer. Preciso do resultado de tudo que acontecer, para analisar nossos próximos passos.

16/11/2019

DEPRESSÃO – PARTE TRÊS —CONFISSÕES

No presente me dissestes também que na companhia de Aurora, muitas vezes vocês brigaram. Porque algumas vezes ela um pouco mais rispida lhe ordenava algo e você imitando uma criança respondia – Sim mamãe.

Porem agora você já não tem mais a Aurora. E por conta disso se trancou nessas quatro paredes de seu quarto que eu chamo de prisão. E se não saíres dai para ver o mundo lá fora te garanto que não demora muito seu próximo passeio chama-se cemitério.

Sugiro que você pegue aquele antigo retrato que tens da Aurora – conforme me contaste - com os cabelos curtos e suma com ele. Faça-o desaparecer ou mande para ela de volta. Tens que desatrelar esta imagem dos seus pensamentos.

Agora meu caro Alberto você vai sair desse quarto. Dessas ridículas quatro paredes que te amarguram. As paredes estão cansadas de te ver. De escutar teus choros e lamúrias. As paredes estão cansadas de ouvir um idiota chorando com pena dele mesmo. Sai desse lugar. Levanta cedo e vai caminhar na praia. Vai olhar o rosto das pessoas. Diga-lhes bom dia e sorria para todos. Você vai se surpreender. Todos têm problemas e alguns piores que os teus. Mas saem e sorriem para os outros. Todos têm problemas paixões, amores perdidos e até mortos. Mas estão vivendo. Sai dessa droga desse quarto e sorria ao invés de chorar. Corte os cabelos tire essa barba idiota e mal aparada que te deixa com cara de sebento. A partir de amanhã vais fazer o que lhe pedi. Durante três dias. Depois vai me dar o relatório do resultado disso. E se não o fizer esqueça a doutora Maria Esmeralda.

E-mail à doutora Esmeralda.

Prometo que lhe farei isso. Nos próximos dias, mas tenho que também pagar uma promessa que fiz à uma identidade espirita. Pedi-lhe que me ajudasse a encontrar a felicidade e me ajudasse com a venda do meu livro. O livro começou a dar certo agora, mas a felicidade sumiu. Acho que não cumpri minha parte no prometido. Talvez eu tenha que passar novamente por todas as guerras do amor, para aprender a ser feliz. Então vou pagar essa promessa e colocar as velas na cruz.

E-mail da doutora Esmeralda. Faça tudo o que tiver de fazer. Preciso do resultado de tudo que acontecer, para analisar nossos próximos passos.

Continua  

 

13/11/2019

DEPRESSÃO PARTE DOIS – O INÍCIO

 

Ontem quando escrevi DEPRESSÃO A DOENÇA DO SONHADOR. Achei que nosso personagem o Alberto chegou ao fundo do poço. Suas lágrimas e os gritos foram ouvidos por todas as pessoas da casa. Acharam por bem medica-lo com atendimento médico.
Como escritor ele também já estava no fundo do poço. Misturando tudo na cabeça. A necessidade de amor, com o medo de perder. Misturou a felicidade que tinha no passado com o amor do presente. Misturou o menino feliz e amado da infância com o velho apaixonado do presente.
Sua namorada mandou-o embora. Para que precisa um cara maluco ao lado dela. Embora Aurora - a namorada - seja uma mulher extrovertida e briguenta.
Ciente do que se passa na sua cabeça doente. Alberto resolveu se tratar. Pelo SUS! Não dá, além de demorado ser. Girou a internet e achou uma psicóloga. Doutora Esmeralda. Mandou um E-mail pedindo ajuda. A doutora depois de muito felicita-lo como escritor ficou contente por ter encontrado Alberto, seu namoradinho de infância.
Prontificou-se a ajudar Alberto mesmo por E-mail ou se ele desejasse até por telefone.
Passou a Alberto um questionário pedindo que ele fosse o mais sincero possível em todas as respostas. O cara não só fez isso como também chorou em algumas respostas.
No segundo E-mail Esmeralda pediu para Alberto contar desde os tempos de criança. Desde aquele cantinho onde eles se conheceram e se criaram virando namorados.
Alberto relatou a Doutora à primeira parte do seu livro (OS AMORES DE CARLINHOS) ainda não publicado. Que conta a historia de duas crianças que se apaixonaram aos quinze anos de idade. E vivendo só de emoções e encantos do primeiro amor.
Ela respondeu o Email – Nossa! Você lembrou-me realmente o quanto éramos felizes. Mas precisa se curar disso também. Pois esta na sua escrita que você ainda tem isso como felicidade. Vive muito de passado. Não saiu ainda da sua cabeça que o destino e o tempo jogaram tudo isso no lixo.
Por exemplo: Hoje eu quero te ajudar a sair disso. Como tua psicóloga e amiga. Mas se você tiver alguma esperança em me ver pensando em amor. Estou fora! Aqui seremos eu a psicóloga Maria Esmeralda e você o paciente Alberto.
Alberto concordou dizendo a ela que embora seja um velho com setenta anos. Ainda é apaixonado por Aurora a namorada da sua juventude.
Maria Esmeralda disse a ele para ir pensando nisso também. Como ele vê a Aurora de hoje e como ele â via no passado.
No próximo E-mail conto mais a vocês, ou seja, amanhã.

11/11/2019

DEPRESSÃO: A DOENÇA DE UM SONHADOR

Acorda cedo, dorme pouco. Primeiro olha uma única mensagem no celular que diz.

More! Você está chegando!

Essa mensagem continua ali sem ter sido apagada por muito tempo. Antes era ela seu primeiro bom dia.

Depois de alguns afazeres normais começa a contemplar o nada. Seus olhos ficam parados. Começa a ladainha de sonhar acordado. Sonha com a amada sorrindo, com a amada surpresa e admirada com os sucessos de venda do seu livro.

Sonha com a namorada a lhe afagar os cabelos brancos e brilhantes como um cristal. Sonha com a dona do seu coração andando pela casa que ele comprou e colocou tapetes macios no seu interior para que ela com os pés descalços sinta-se andando em nuvens.

Sonha com ela saboreando seus pratos de mestre. Camarão ao molho que ela tanto adora. Por fim sonha com ela lhe abraçando e beijando como num sentir sôfrego de amor e saudade.

Sonha que nesse momento morre feliz, por ter realizado seu sonho. Num repente! Qualquer barulho o faz voltar á realidade. Tomba a cabeça no travesseiro relaxa o corpo na cama. Sem os sonhos cai no mundo real. Suas lágrimas escorrem, ele se desespera e grita.

Como é difícil meu Deus! Esse meu mundo de sonhos é meu inferno. Me leve embora! Pôr favor! Tenha dó da minha alma. Deixe que ela descanse. Tenha pena Deus! Deste meu corpo doente de amor.

Deus! Pôr favor me tire desse desespero. Não quero mais me sentir assim.

E chorando acaba adormecendo.

Fica em paz por algumas horas. E assim se definha em mais um dia. Quando acorda já cai à tarde o dia já vai indo embora. Novamente ele entra na realidade. Após o jantar! Para o quarto de novo. Vara a madrugada escrevendo. Seus sonhos na frente do calado computador.

Está trancado num quarto. Na solitária da sua vida. Com sua mente aprisionada numa paixão sem solução. Sabe que está doente, porém seu vicio de sonhar é prazeroso. Não tem coragem de abandona-lo. Não tem coragem de se curar. Pois seu vicio é como fumar, um prazer a cada tragada é sonhar, sofrer e escrever o que sente. Sem isso sua vida não tem graça.

É melhor morrer então.


06/11/2019

UMA CANÇÃO NO VENTO

Sentado à mesa de um bar, num canto de calçada com voz e presença triste. Um cantor cantava. O vento soprava e levando a musica e a espalhando pelo bairro. A voz triste em meio às lágrimas eram por vezes lamentos de amor.

Eu escutava essa voz todas as noites na minha janela.

Uma garrafa de cachaça era a companheira inseparável do tristonho cantor e por vezes, talvez aplaudindo exalasse triste o olor da nostalgia. Já na noite alta com seu luar em prata, ainda ecoava a voz do cantor e seu idílio de amor.

Um casal geme de amor na cama à voz do cantor os embala. No alto da Ladeira do Cortiço ninguém escuta a canção. É lá que fica a casa puta das mulheres vadias. Na casa puta das mulheres vadias o amor foi esquecido.

A noite continua no céu com seu brocado prateado e pontilhado de estrelas. Fazendo um cordão lácteo, cujo medalhão é a lua. O silêncio das ruas me permite escutar nitidamente da minha janela. Antes com meu amor ao lado e agora só. A voz lamentosa do cantor.

Essa canção que nunca morre fala da namorada numa traição desleal. Quando a tardezinha encontrava um amigo do cantor que virou amante dela.

Fico pensando e lembrando-me da minha amada que se foi. Que a alma desse cantor deve doer mais que a minha.