Hoje o destino me trouxe ao lugar do passado onde meu amor descambou em dissabores; de onde grande fatia da minha vida foi desbotando no tempo...
Aqui, nada mudou...
O barulho das ondas e a força das águas ainda são os mesmos daquele dia, maré alta de forte arrebentação.
As ondas lambendo nossos corpos invadiram a pedra onde estávamos no auge da discussão.
Tentei segurar-te, porém num gesto brusco e irritada te desvencilhaste de mim, pulando da pedra e correndo para a areia.
Naquele momento jogaste nosso amor no mar, onde as ondas o arrastaram e afogaram.
Desapareceste correndo pela imensidão arenosa que agora piso massageando com meus pés. Vi tu sumires virando um ponto preto no infinito.
Aqui ficara um pedaço da minha juventude; um desespero na minha alma; um sorriso amarelo na vida. Aqui sumira o pedaço de ti que morava em mim.
Em prantos, olhando para a cruz de pedra, prometi que só voltaria se contigo ao meu lado. A árvore de abricó, com seus galhos estendidos na minha direção, nascida na rachadura da pedra parecia me convidar para um abraço de adeus.
Parti do mundo do nosso amor nas asas que o destino me impôs para tentar voar. Deixei para trás teus olhos que eu imaginara seriam os guias dos meus passos. Deixei o teu sorriso, encantado como se fora do anjo dos meus dias de vida. Um final amargo e prematuro da jovialidade.
Hoje, apesar de corroído pelo tempo, meu coração bate forte. A cruz de pedra, que carrega a lenda do tempo e as promessas de amores, tem aos seus pés restos de tocos de velas que iluminaram pedidos.
A árvore de abricó (que está cinquenta anos mais velha e dando frutos!) abre seus braços para me saudar. Tudo aqui sorri novamente. O mar calmo e a areia massageiam nossos pés. Minhas lágrimas escorrem de felicidade.
Volto hoje de mãos dadas com minha amada.
Meu amor!
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