06/11/2018

UMA SURPRESA NOS SONHOS DA SOLIDÃO

Cuidava da casa com certo esmero desde que o marido partira. Passeava todos os dias no quintal e muitas vezes sentindo a solidão lhe fazer companhia conversava com as flores, mimando-as em afagos. O pequeno maltês, um cãozinho peludo, andava aos seus pés e volta e meia parecia sorrir com os carinhos de Lorena, sua patroa.
Muitas vezes passava num pequeno corretor entre seu quarto e a sala. Ali, pendurado na parede clara, estava um porta-retratos. Morando dentro dele, sempre sorrindo, a foto de Amaury, o falecido. Fora um bom pai e bom esposo, mas nunca tocara a fundo o coração de Lorena.
Quando as tardes tranquilas e silenciosas entravam pela porta da casa, seus olhos parados pousavam no nada. Viajavam para um encantado mundo, lembranças do puro e gostoso primeiro amor. 
Onde estaria Carlos agora? Será que está vivo? Meu Deus! Perguntava-se. 
Adorava aquele garoto que tinha tantos sonhos lindos na cabeça. Amava seu sorriso matreiro de amor menino que ele trazia no rosto. Como teria sido sua vida ao lado dele? 
A campainha soa, ela acorda chegando ao fim da sua viagem. Atende o rapaz da floricultura. São rosas!  Acompanhavam-nas um pequeno envelope. Sente o odor de sonhos das mimosas flores. Ao abrir o envelope lê o bilhete. O buquê cai de suas mãos, seu corpo estremece. Ela segura nas grades do portão para não cair. Seus olhos choram copiosamente. Uma emoção  toma conta do seu sentir. 
O bilhete lhe dizia: 
" Ainda tenho saudade! Carlos"

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