28/02/2020

OS BALÕES DE JUNHO


Nas noites de junho eu adorava sentar em três degraus de um corredor que vinha da casa para o quintal. Ali em muitas noites me senti só. Em alguns desses momentos entendia estar com Deus. Nunca precisei ir a uma igreja para ter meus momentos de meditação ou orações. E em muitas dessas noites senti em mim o universo do céu. Olhando os balões juninos.

Noite fria de orvalho caindo.
O sereno molhando meu rosto.
Sentando em degraus do meu posto.
 Olhando no céu balões subindo.
Entre as nuvens, aos poucos sumindo.
Envoltos num véu de neblina.

Eu queria ser um balão.
Uma estrela da terra.
Entrar no espaço profundo.
E conversar com as estrelas de Deus.
Contar a elas os meus sonhos
Sobre as coisas do meu mundo.

Um balão do meu mundo dourado.
Viajando no céu noturno, todo enfeitado.
Cheio de luz colorido. Espalhando alegria.
Contando minha fantasia.
Mostrando aos leitores deste mundo.
Como vivo. Dentro deste livro.
Livre! E num mundo de harmonia.

Verão de 1966
 Vila Ré – São Paulo
Trecho do meu livro " OS DOIS AMORES DE CARLINHOS " 
Breve lançamento








 
 

24/02/2020

BRINCANDO DE BISAVÔ

 

 

 

Às vezes penso em parar de escrever e jogar minha montanha de rascunhos fora. Porém Deus não me dá tréguas e vive a mandar na minha vida e no meu sentir. Da maneira como bem entender.

Hoje eu no um cantinho predileto estava pensando nisso. Repentinamente em minhas mãos colocaram a bisneta.

— Vô! Segura ela um pouquinho para mim.

E eu segurei!

Um bebê de olhos de anjo. Penso comigo:- Deus! Que presente me destes. Quando ela sorri ou dá um gritinho meu coração se desmancha em felicidade.

Será que isso é felicidade?

Oh Deus! Como isto é bom.

Volto ao tempo em que me destes as filhas e depois as netas. Até quando vou ter que te agradecer por tudo isto. Então brinco de bisavô e embalo com carinho a bebê.

Faço isso enquanto penso nos meus dissabores e nos momentos de felicidade. Olho para dentro da minha alma. Revejo tudo o que perdi e ganhei nesta passagem. Lembro também minha mãe quando embalava meus irmãos bebês.

Boi boi boi. Boi da cara preta....Lembrando vou cantando para a bebê no meu colo.  Embalando-a.

Neste momento sinto que Deus olha para o meu momento. Um momento de presente, de felicidade.

Boi da cara preta... Pega essa menina....Me perco num mundo de encantos.

De repente a neta atrapalha tudo.

— Vô! Você conseguiu fazê-la dormir!

Então me dou conta que não estou sonhando. Mas tenho certeza que Deus estava embalando minha alma, enquanto eu embalava a bisneta.

Obrigado Senhor!

20/02/2020

O MITO

Meus bisavós riram muito de você!

Meus avós também. Meus pais!

Além de rirem de você. Te amavam!

Todos sempre riram de você.

Eu achava que rir de uma pessoa.

Era maldade.

Mas todas as pessoas que riram

de você eram felizes.

Eis-me aqui feliz e rindo de você.

Meu anjo!

Teu amor, construiu refinado e educado

andarilho sem teto com afeto.

Vagabundo adorado e admirado!

Melancólico te rever na tela. Mudo!

Calado! De pureza na alma e no coração.

Num mundo de ilusão, criado com amor.

Mundo de sonhos! Talento e carinhos.

Lágrimas e risos. Lembram crianças.

Sorrindo! Adultos vibrando aplaudindo.

Levastes teus sonhos a viajar pelo mundo.

O mudo que gesticulando se fazia entender.

Os corações a bater abrigam-te, idolatrado mito.

Chaplin ou Carlito.








16/02/2020

MEUS CABELOS GRISALHOS

Na juventude andando na noite pela rua vazia.
Olhava a lua prateada, quando reluzia.
A mesma lua que conhecia.
Minha primeira namorada!
Tinha sempre a impressão que me dizia.
--- Seja feliz com sua amada!
Hoje meus cabelos estão brancos.
Parecem fios de algodão.
Mesclados com o luar de prata,
Da mesma lua, que eu namorava.
Nas noites que eu fazia serenata.
Hoje essa mesma lua, em festa!
Me convida! Para fazer seresta.
O tempo tomou meu corpo.
Porém cuidou de mim.
Hoje sou um resto de seresta.
Acompanhado por meu bandolim.
Um velho! Estou no fim do meu tempo.
Passei pela vida com felicidade.
Carregando nos ombros a lealdade.
Que aprendi desde o berço.
Quando minha velha mãe orava no terço.
Para eu ter dignidade.
Se eu partir agora! Vou embora.
Deixando a saudade.
No coração dos que amei.
Vou embora rindo para a vida.
E agradecendo pelos os sonhos que sonhei.
Pois plantei sempre o amor.
Por todos os lugares que passei.

09/02/2020

FRAGMENTOS DE AMOR

 

Voo pelo teu corpo.

Sorvendo teu amor.

Deslizando pelo teu colo ardente!

Misturando sabores e cheiros.

Passeio pelo teu ventre.

 

És tu! Paixão que acende

minha alma. Rompendo meu

ser em delírios.

Despindo-me a cada beijo.

 

Sinto no meu corpo.

Tua saliva ardente.

Orvalhando minha pele,

que arde no teu desejo.

Quando estamos desnudos!

Sem pudores. Sentindo de

corpo e alma. Nossa paixão.

 

Sinto o mel do teu suor no meu

amago. Quando penetro nos

segredos lascivos da tua alma.

Meu corpo estremece. Estronda!

Depois se acalma num prazer sem limites.

Adormeço! Aninhado nesse amor paixão.

Sentidos na mente. No coração.

Quando nossos corpos.

Entrelaçados estão!

Dueto poético de Ana Ramos e Carlos Alberto Paduan. Postados em novembro de 2016 no sarau do grupo Identidade Poética.

 

05/02/2020

CONVERSANDO COM MINHA ALMA

       Em qualquer canto, lugar, tempo ou hora, me pego assistindo aos meus sonhos. Vejo meu passado, meus entes queridos (ou não...), minhas lembranças, mágoas, alegrias e tristezas, paisagens lindas! Minha alma voa comigo.

 

       Ah, minha alma, minha Fênix! Quando me pego sonhando com as histórias que me contas, misturo tudo num mundo que só existe em mim. Lugares onde passei e outros em que nunca passarei, mas que me descreves como é... Fica tão real e gravado dentro de mim, que parece que já estive lá!

 

       Quando tu falas, meu corpo físico, meu eu e meu ego embalam emoções no momento em que escrevo. E se minhas lágrimas não aplaudirem, é porque não senti a escrita.

 

       Lágrimas! Um santo remédio derramá-las. Fazem-me saber que estou vivo e sentindo meu mundo complexo. Sorrir com a alegria e chorar pela saudade. Chorar! Cachoeiras de águas salgadas brotam do mais profundo do meu ser, me provocam uma grande emoção por estar vivo, poder sonhar e escrever o meu teatro. Novelas com desfechos doídos, que meus personagens ensaiam: a vida, a emoção, o passado, as dores, as alegrias, entremeados nas linhas do papel, tendo como personagem principal a minha alma!

 

       Eu e minha alma nos encontramos realmente para contar histórias no nosso lugar preferido, no nosso rio das almas. Sempre será este o lugar onde me preparo para a partida. Quero que seja aqui o capítulo final desta viagem.

 

       Penso que tive uma boa vida nesta passagem e, enquanto for possível, vou colocando meus sonhos no papel.




02/02/2020

BOM DIA, MEU AMOR!

                                                 

 

Enxergo esta alvorada

Como teus olhos se abrindo e iluminando a minha manhã.

Meus passos bailam na areia da praia

Onde ondas quebram em notas orquestradas.

No silêncio da vida o mar lava nossos pés.

É assim que caminho com teu amor ao meu lado.

A distância é difícil e doída,

Porém, meu sonho é forte e sentido.

E quando o vento beija minha boca, te sinto dentro da minha alma.

Bom dia, meu amor!