30/07/2018

EU TE AMO

 

Cada pessoa entende o EU TE AMO de uma maneira! Pode ser como um carinho, como um gostar, como um sonho, como um sentir e até com a vontade de que fosse uma realidade. Outras pessoas na maioria das vezes interpretam esse EU TE AMO, errado. Mas não é esse o caminho. Como escritor, poeta e bom entendedor dos EU TE AMO da vida. Também me dou ao direito de sonhar, desfrutando de amor e tornando realidade alguns EU TE AMO endereçados a mim. Torno-os ou não uma realidade dentro de mim. Dependendo das circunstâncias também entendo o EU TE AMO de mil maneiras.

Esta semana postou fotos no face! Uma pessoa que conheci na infância passando pela juventude e hoje nos vemos, como dois velhos, acima dos sessenta.

Ela continua linda, com rosto e corpo de uma pessoa jovem. Bem conservada. Se cuidou, não tem a aparência da idade.

Pois bem, comentei numas das fotos, onde essa pessoa está brincando graciosamente, com uma criança, que ainda não sabe nem andar direito. Nas fotos ela rola com a criança pelo chão, da papinha e outras coisas que mães apaixonadas por seu bebê, fazem.

Apreciando a foto, fiz um comentário. Disse-lhe que estava adorando, vendo-a brincar de mamãe e de casinha. Já que a criança não é filha dela, pois nunca se casou. Ela, me respondeu.

— Querido poeta! Estou mais para avó? Como não poderia deixar de ser, muito convencida e realizada. Enchi-lhe o ego de satisfação e me senti bem, fazendo-o. Dizendo.

— Você não tem jeito, nem cara de avó. Prefiro-te uma mamãe convencida mesmo! A resposta veio gostosa.

— Por isso é que te AMO. Você é tudo de bom!

Isso me deixou tão feliz. Que escrevi esta história chamada EU TE AMO. Com o meu direito de sonhar.

Amaria eu você... Se voltássemos a nossa juventude. Onde sentiria tua pele de seda cativar-me, pelos deliciosos aromas do teu amor. Minhas mãos viajariam em carícias pela tua cútis. Veria eu. O teu sorriso ingénuo e matreiro, desejoso de mim!

Amaria eu! Arrebatar teu corpo deixando nossos suores de amor escorrendo e misturando-se aos nossos mais loucos desejos. Num frenético sentir a caminho de uma explosão. Seriamos então, dois seres e um só corpo! Explodindo!

Foi assim que me dei ao direito de sonhar. Também sei que o EU TE AMO que ela me disse. Foi um modo carinhoso pelo elogio esperto que fiz a ela.

Mandei-lhe uma flor agradecendo a gentileza


27/07/2018

A DANÇA DAS AGULHAS

Ela senta todas as tardes em uma cadeira com assento de cordas trançadas e rotas pelo uso. Suas lãs e linhas lhe fazem companhia. Treme as mãos calejadas pelo tempo, mas eficientes nos delicados pontos do tricô.

Entrelaça a linha lã no agasalho do tempo. As rugas do seu rosto contam a sua história. Sempre o mesmo lugar e a mesma paisagem. As agulhas dançam simétrico tango num compassado bailado. Na memória a música toca, os lábios tremem cantando baixinho. O corpo balança suavemente na cadeira. O coração bate suave, como as cordas de um violoncelo.  Acompanhando o ritmo.

O pé direito calçado numa sola gasta sapateia distraído. Lembranças se avivam no silêncio calmo da tarde. O vento sorri cantando a valsa da passagem. Assim o tricô nas mãos de Nilza nasce: Num lindo emaranhado de nós coloridos. As agulhas continuam dançando a linha rebola bailando no compasso. E lá se vai mais um dia de vida, que leva a vida. Passando as horas acompanhadas pelo tempo que ameniza a solidão. Enquanto o agasalho dos sonhos toma forma.

 


24/07/2018

O ANJO SEM ASAS

                                       

 

A festa era grande, vinham crianças de tudo quanto é parte, grandes e pequenos. Os maiores como Carlinhos, Luís e a molecada da escola iam para dançar e comer doces. O dia amanhecera ensolarado, mudou na parte da tarde ficou meio cinzento. Enorme tecido de lona fora amarrado nos quatro cantos do terreno de terra batida. Para proteger do sol e chuva. Em baixo da lona uma grande mesa de doces e o Papai Noel distribuindo os presentes. Um fotógrafo tirava fotos da molecada e depois as expunha na vitrina do seu estúdio fotográfico na avenida principal. Sempre alguém comprava a foto do filho com Papai Noel.

Ligavam uma grande e potente vitrola hi-fi. Pronto! Já tinha criança dançando. Os discos pareciam bolachas pretas que caiam no prato um a um. E a agulha, fritava as músicas!

Em festas nunca faltam casais de namorados!

Nessa festa não faltou! Lá estava Maria Esmeralda no grupo das meninas. Faceira a dançar com trejeitos de menina moça, num bailado que Carlinhos achou majestoso. O menino não tirava os olhos da amada e se imaginava nas nuvens a dançar com ela. Com os olhos parados na dança, sua mente se deliciava. Imaginando seus corpos colados a dançar passando, por densas camadas de nuvens que se desfaziam, quando rodopiavam. Ela levitava no espaço, majestosa com seu vestido branco, um colar de contas imitando perolas a ornar seu pescoço, como reluzente auréola.

De repente a chuva! Vinda do horizonte se fez presente e como um sonho lírico de Natal a criançada saiu de baixo da lona para tomar banho e dançar na chuva. Carlinhos foi puxado por Esmeralda e saiu do seu transe. Agora estava realmente dançando de mãos dadas com a sua amada. A chuva molhava seus corpos o vestido branco dela colava-se ao corpo. A escultura de Esmeralda, finalmente aparecera para o namorado, que fascinado arregalava os olhos. A chuva esculpira para ele, toda ela, como um presente!

Continuaram dançando e sorrindo, o menino tinha nas mãos seu delicado anjo sem asas, com dengosos sorrisos. Aqueles olhos verdes realmente o deixavam a mercê, daquela musa. Seu êxtase por ela se tornara eterno, quase uma doença. O final daquele Natal marcaria para sempre aquele momento terno.

Trecho do meu livro "OS DOIS AMORES DE CARLINHOS "Não publicado ainda.


22/07/2018

A ÚLTIMA PÁGINA - ADOREI AS ALMAS

O triângulo de luz se fez presente no congá. 
Silêncio! Oxalá é Rei, está presente. Ogã atabaque inicia a vibração do toque. Cambono prepara a adoração e louvor às divindades. Aos poucos, a luz de Oxalá, o Rei, invade os corações pairando como dádiva aos crentes presentes. Onde havia dúvida de incrédulos, agora existe a certeza.
Agô, meu pai Pedro, perante a mim num sorriso sereno, veio como a noite emanando a luz divina enviada por Oxalá, o Rei.
Tamanha foi minha emoção diante da divindade que minhas palavras ficaram presas na garganta. Fechei os olhos, que enrijeceram numa câimbra forte, ouvindo a voz serena do curandeiro que educa ensinando a caridade e preservando os encantos da terra; trazendo no coração o dom da vida, da cor, do costume e a magia de curas das ervas.
Quando consegui falar, pedi-lhe:
-- Dai-me, meu Pai, o remédio para a cura dos lanhos da chibata da vida. Ajudai-me na cura da minha alma despedaçada. Derrubai a inveja da força e do mal olhado. Ensinai-me o caminho para brilhar sem vingança. 
Estendeu-me a mão e eu senti como um choque a convulsão do choro ao recado que me dava.
-- Aqui está feito meu pai. Escrevo esta última página conforme o seu pedido; as correções e erros da minha vida estão no meu coração junto com a crença. Deposito o meu livro de amores nas tuas mãos e sigo as regras que o destino me impõe. Com a força que me destes ao segurar a minha mão, parto agradecido para o caminho da vitória. Agô, meu Pai Pedro!
Dedicado.

19/07/2018

CONFISSÕES DE UMA CASA

Adorava ver no meu quintal as crianças correndo sobre minhas calçadas. Era uma alegria quando chegavam visitas e caras novas para que eu as conhecesse. Eu os observava e aprendia como gostavam de viver. 
Gostava de ouvir novas histórias e conversas. Nos quartos vi ouvi e assisti muitos gemidos de amor, muitos deleites e muitos segredos de alcova. Na sala! Muitas conversas fofocas e brigas. Televisões em preto e branco e a cores. Muitas festas e música às vezes dançavam. Eu conheci vários tipos de músicas em diferentes épocas. Na cozinha o odor de vários temperos, mas o que mais me despertava era o cheiro do café. 
Também vi muitas crianças nascerem com seus choros de manha. Vi pessoas partirem para não mais voltarem, deixando seus rostos morarem pendurados em quadros por minhas paredes. Quando trocavam os donos ou inquilinos eu adorava! 
Alguns mexiam em minhas estruturas me modernizando, outros pintavam minhas paredes. Eu adorava uma caiação, sentia cócegas, pareciam afagos. Por aqui passaram muitas festas de casamentos, aniversários, Natais de sorrisos lindos e Anos Novos de muitas promessas. Aconcheguei muita gente do frio e da chuva. Às vezes fico triste quando nada muda. Então me sinto velha e abandonada. O mato cresce a minha volta minhas paredes ficam manchadas. Já estavam me chamando de assombrada. 
Foi num desses dias alegres de verão que chegou um morador novo. O senhor Carlinhos! Esse velhinho não gosta que eu o chame de senhor. Logo o vi, como um bom amigo. Podou o mato do quintal, lavou e pintou minhas paredes. Consertou os buracos do piso, trocou as telhas quebradas e careadas. Iluminou-me! Deixando-me, com um enorme sorriso. Espalhou flores por toda a minha volta e sempre cura as minhas doenças de mofos e umidades. 
Foi o único ser, que nestes meus quatrocentos anos de idade, me imaginou falando! Agora sim eu sou uma casa feliz. Eu e o Carlinhos passamos as tardes na minha varanda. Ele às vezes toma uma cervejinha ou café e escreve muitas histórias. Tem vezes que ele conversa com o vento pedindo para que sopre as minhas paredes, tirando a poeira que me incomoda. Outras vezes me afaga com suas mãos quentes ou encosta seu corpo em mim. Eu sei que isso é carinho. Então lhe conto todas as histórias que se passaram dentro de mim! Desde o dia em que nasci. 

 

 

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16/07/2018

UM SENTIMENTO DO PASSADO

              São Sebastião ( litoral) 15/ 07/ 83 (Prefácio)

Aqui deixo as minhas recordações de muitos anos atrás. Com muitas saudades do passado. Hoje vivo contente, pois tenho uma filha e uma neta que estimo.

                                                                                                  Nilza.

 

Foi assim que encontrei em uns guardados, Um pequeno livro muito antigo e esmaecido pelo tempo. Estava num cantinho esquecido na casa da filha de Nilza. Datado de 1946 o pequeno diário conta uma grande trajetória de amizades e poesias oferecidas por amigos.

Quando Wilma leu o prefácio chorou, Não havia visto ainda o que a mãe escrevera, talvez num dia saudoso.

Esse pequeno diário me deixou com os olhos marejados. Pelas páginas escritas e dedicadas a boa Nilza. Como se referiam a ela. Da para perceber o quanto era querida. Por amigos, colegas e admiradores.

Algumas páginas estão com a escrita bem apagada e com os desenhos a lápis de cor, bem borrados. Foi uma alegria para mim, decifrar esse amor de setenta e dois anos, que todos tinham por Nilza.

Escolhi uma página para postar. Agradecido fiquei com a licença da filha Wilma.

                                         CIÚMES

Um dia envenenado de amor.

Pelo que tanto amei.

Pedi-lhe meus retratos, minhas cartas

e tudo que lhe dei.

 

Ela magoada e com a face em prantos.

Muito braba me respondeu.

— Deu-me, também um beijo!

— Tome-o! Não quero o que é teu.

Fiquei arrependido, triste mesmo.

Dos meus dizeres duros. Dizendo-lhe.

— O beijo! Dei-lhe há tanto tempo.

— Convém pagar os juros.

Cláudio 24/ 04/ 1.946

( transcrito )

 


13/07/2018

UM SAMBA CANÇÃO

Romântico espaço, pequeno.

Na meia-luz do cabaré.

Um cavaco, em solo de ré.

Acompanhando um

samba canção.

 

Cantado ao ouvido, em tom sussurrante

Dançado a voar, agarrado.

Trêmulo o corpo domado.

O rosto colado. A sentir

No pescoço um halo delicado.

Hortelã ou anis. Não importa.

Melhor é o sentir e sonhar: dançar!

Em leve pluma o romance na pele.

Música boêmia de trompete

ou violão, nasce outro samba canção. 

Falando de amor.

Na perda ou na conquista.

No abraço apertado.

A voz do boêmio ecoa.

Ao luar da musa, sonhadora,

nasceu mais um

samba canção.

 

Das janelas e sacadas

mesmo ao alto das escadas

Qual romântica sonhava.

Com o carmim berrante

na boca. A contemplar.

Um boêmio. Garboso,

arrumadinho e cheiroso.

Cantando em serenata

na emoção do luar.

Num carinhoso sonho!

Eloquente, samba canção!

 

Música e boemia.

Romance e parceria.

Ao amor nos convida.

Para ouvir em serenata

ou dançar. Um delicioso!

Samba canção.

 


10/07/2018

U. T. I.

 

Informou-lhe o doutor que muito difícil seria o amanhecer da amada. Não veria mais os olhos dela a lhe dizer bom dia!

Pediu um favor! O de ficar trancado no quarto médico à espera da partida. Uma noite longa. Um tic tac de relógio a bater como tortura, martelando sua cabeça.

Pensou em tirar as pilhas do tempo, para-lo!

Desesperados segundos de recordações alimentaram os seus momentos. Tudo o que sonhara como companheira da vida estava partindo. Deitou-se ao lado do amor tateando seu corpo febril. Acariciou longamente seu rosto. Afagou a boca que o alimentava com beijos de amor.

Por fim pediu ao Poderoso que tudo fosse brando. Sem dor e calmo. Sem choro pelo parto da partida. Como último favor, que suas almas ficassem gêmeas. E quando se desprendesse o espírito do corpo amado, levasse junto o seu de mãos dadas. Então partiriam a viajar no tempo traçado pelo destino. Assim continuaria a ver os olhos da amada a dizer. Bom dia!


05/07/2018

QUER DANÇAR COMIGO

QUER DANÇAR COMIGO

 

Andando pelo salão de bailes da minha imaginação. Estavas tu, num sensual vestido vermelho. Colado ao corpo. Uma escultura Vênus. Salientes teus seios no decote, enriqueciam o brilhante carmim da seda.

Continuei a imagina-la do meu absorto espaço. Quando teus olhos penetraram em meu ego. Uma descarga de sonhos girou no meu pensamento e por minutos me perdi num mundo. Onde o amor, tinha a tua forma. Parecias um anjo a pairar no som da orquestra da vida. Em êxtase de delírios.

Peguei na sua mão. Senti o calor de um alento suave, aconchegando meu momento. Abracei sua cintura, minha mão deslizou na seda, senti suas curvas, delirei na loucura do sentir. Com a imaginação aguçada, beijei você sentido na boca o mesmo sabor da louca paixão do nosso passado.

A música das nossas vidas iniciou seus acordes, acompanhada pela orquestra da saudade. Nossos corpos evoluíram no ritmo. Nossos passos deslizaram em plumas. E meu coração chorou por mais um delírio da minha imaginação. Mais um êxtase da saudade, quando pela primeira vez eu lhe disse.

— Quer dançar comigo?

                                  

04/07/2018

UMA PORTA DO PASSADO

A porta do passado se abriu quando, mexendo nos guardados da velha e antiga casa dos meus pais, encontrei um porta-retrato com a tua fotografia morando nele. 
Lá estava teu rosto, por anos habitando um quarto empoeirado. 
Limpei o vidro e... teus olhos, meu Deus! Os mesmos olhos negros que até hoje eu procurava nas ruas dos bairros, das cidades e do mundo onde  andava. Eu me arrepiava todo quando olhavas para mim, do mesmo jeito que me olhas deste porta-retrato. 
Lembro-me bem quando apareceste sorrindo com teus lindos cabelos negros tosados. Chorei naquele dia, parecia que eu tinha perdido um pedaço de ti.
Agora estás aqui comigo. Que bom! 
Pelo menos vais ficar ao meu lado na mesa de cabeceira. Agora vou tê-la e poder dizer-te bom dia. Este teu sorriso na foto será a resposta ao meu bom dia. Tenho certeza, vamos ficar juntos, até que a minha morte nos separe. 
Mas, mesmo assim,  vou deixar escrito. Talvez alguém leia e entenda este meu amor, colocando no esquife a tua fotografia junto comigo para que eu possa continuar ao teu lado na eternidade.