24/07/2018

O ANJO SEM ASAS

                                       

 

A festa era grande, vinham crianças de tudo quanto é parte, grandes e pequenos. Os maiores como Carlinhos, Luís e a molecada da escola iam para dançar e comer doces. O dia amanhecera ensolarado, mudou na parte da tarde ficou meio cinzento. Enorme tecido de lona fora amarrado nos quatro cantos do terreno de terra batida. Para proteger do sol e chuva. Em baixo da lona uma grande mesa de doces e o Papai Noel distribuindo os presentes. Um fotógrafo tirava fotos da molecada e depois as expunha na vitrina do seu estúdio fotográfico na avenida principal. Sempre alguém comprava a foto do filho com Papai Noel.

Ligavam uma grande e potente vitrola hi-fi. Pronto! Já tinha criança dançando. Os discos pareciam bolachas pretas que caiam no prato um a um. E a agulha, fritava as músicas!

Em festas nunca faltam casais de namorados!

Nessa festa não faltou! Lá estava Maria Esmeralda no grupo das meninas. Faceira a dançar com trejeitos de menina moça, num bailado que Carlinhos achou majestoso. O menino não tirava os olhos da amada e se imaginava nas nuvens a dançar com ela. Com os olhos parados na dança, sua mente se deliciava. Imaginando seus corpos colados a dançar passando, por densas camadas de nuvens que se desfaziam, quando rodopiavam. Ela levitava no espaço, majestosa com seu vestido branco, um colar de contas imitando perolas a ornar seu pescoço, como reluzente auréola.

De repente a chuva! Vinda do horizonte se fez presente e como um sonho lírico de Natal a criançada saiu de baixo da lona para tomar banho e dançar na chuva. Carlinhos foi puxado por Esmeralda e saiu do seu transe. Agora estava realmente dançando de mãos dadas com a sua amada. A chuva molhava seus corpos o vestido branco dela colava-se ao corpo. A escultura de Esmeralda, finalmente aparecera para o namorado, que fascinado arregalava os olhos. A chuva esculpira para ele, toda ela, como um presente!

Continuaram dançando e sorrindo, o menino tinha nas mãos seu delicado anjo sem asas, com dengosos sorrisos. Aqueles olhos verdes realmente o deixavam a mercê, daquela musa. Seu êxtase por ela se tornara eterno, quase uma doença. O final daquele Natal marcaria para sempre aquele momento terno.

Trecho do meu livro "OS DOIS AMORES DE CARLINHOS "Não publicado ainda.


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