O SONHO DO MENINO, DO VELHO E DA VIDA INTEIRA.
Amanhece
o dia. As galinhas chamavam pelo senhorio bicando a porta. Estavam famintas,
chamando o patrão de preguiçoso. Carlinhos esta com preguiça de levantar. O
aconchego enrolado de Esmeralda ao seu lado lhe dá conforto. Mas as fofoqueiras
penosas não param,
Atende a
criação, enquanto um gostoso cheiro de café invade a casa. Lenha no fogo, assar
um pão para a amada. Laranjas colhidas na hora para o suco e o queijinho do
leite da Candinha, que também, já fazia sua primeira refeição.
Teve todo
esse prazer, em menos de duas horas, só para agradar a preguiçosa amada, que
ainda curtia as cobertas quentes. Seria mais um dia diferente no sitio
Marcazado. A mesa posta tudo a gosto. Tudo muito fresquinho.
Foi para
o jardim olhar suas flores e retirar algumas, ervas daninhas dos canteiros. O
sol já dizia que o dia seria quente! Melhor regar agora enquanto o dia, este
fresco!
A amada
acordou. Andou pela casa à procura do dono. Escutou um chuveiro ligado e água
escorrendo. O cheiro do sabonete impregnava o ambiente! Entrou no banheiro e
assustou o velho poeta, agarrando-o pelas costas. Ele ficou nas nuvens com o
presente. Com aquele gostoso bom dia. Com a esponja e o sabonete nas mãos.
Começou a esfregar o corpo da amada e pensava:- Deus! Obrigado por tê-la me
dado de presente, mesmo depois de velho.
— Afinal
você não veio aqui para me trazer o seu livro autografado. Que fala sobre a
sexualidade dos velhos!
— Eu trouxe
o livro para você! Esta no meu carro. Todo o meu estudo técnico esta dentro
dele.
— Eu sei
tomei a frente e o li pela internet. E o que você achou do seu desempenho da
sexualidade psicológica dos velhos.
— Do meu
Cailinho! Não sei, só posso falar do teu! Seu velho safado. E pode ir parando
de esfregar o meu corpo com essa mão boba.
— Não vou
parar não coisa louca fazer isso. Te dar um banho, te amando, te beijando,
mexendo em todas as tuas ferramentas de amor.
— Há, há,
há... Para Cailinho! Cócegas ai não...
Após o
café muito elogiado por Esmeralda. Sentaram-se no alpendre a namorar. Um vento
brisa, fresquinho entrou de um lado e
saiu, para o lado da estrada! Esmeralda arrepiada comentou sentindo o vento.
Carlinhos apaixonado pelo par de olhos verdes, respondeu que o vento veio te
conhecer! Ela sorriu! E ele, declamou!
AINDA TE GUARDO MEU SOL
Teus
olhos, verdes esmeraldas, estão em todos os campos que cavalgo. Desde o
primeiro olhar, que arrepiou meu corpo. Nunca mais senti outro igual.
Os anos
passam com o tempo e gravam lembranças na alma!
Eu ainda
menino, corria com o vento, ladeira acima.
Após ter
beijado você. Parecia que eu cavalgava no céu!
Por isso
sou amigo do vento. A cada lufada um arrepiante fascínio! Traz-me, você na
lembrança!
Sitio do Esquilo – Araçariguama – SP – 2.016
— Vais
morrer poetando, meu Cailinho?
— Vou e
já fiz uma que esta, guardada para esse dia!
— Essa!
Faço questão de nunca ler nem ouvir também
— Se tu
soubesses. Como ela é simples e sublime, tu a leria. Mas sei, que se
desmancharia em lágrimas.
— Então
leia para mim, se é sublime como dizes, pelo menos eu choro agora!
— Não é
necessário que eu à leia. Esta na minha memória
O
INFINITO SENTIR
Um melindroso
cantinho!
Que Deus
criou, cercando com carinho.
Meu amado
ranchinho,
Colorido
em riquezas,
Fazendo
inveja à natureza.
Plantado
aqui! Meu espírito vivera.
Todas as
minhas vidas.
E quando
minha eternidade chegar
Que seja
aqui! O meu infinito sentir.
Sitio do Esquilo – Araçariguama – SP 2.016
— Sublime
até demais Cailinho! Bem que tu falaste que era para chorar. Mas ainda tenho
que te fazer a pergunta que você não quis me responder ontem!
— Sobre
Ligia né!
— Isso.
— Ligia
foi uma mulher que me ajudou muito a superar a tua falta. Foi à mistura de
Esmeralda, um amor anjo. E um inferno de sexo bom e louco. Tudo isso misturados
a uma calma ternura. Tudo que um homem precisa. Uma pitada do tempero certo, em
cada ingrediente. Cada um com seu sabor e degustado sempre de forma prazerosa.
Se ela estivesse viva. Você hoje não estaria ao meu lado. Eu não teria Lorena e
meus filhos, Eu não teria minha família.
Não teria este canto! Teria apenas ela. A Ligia! A cura de uma doença
chamada Esmeralda.
— Nossa
Cailinho? Isso era raiva de mim.
— Não
minha santa! Não era raiva, mas tu! Era e é?
Minha doença de amor. Quando penso estar curado. Sofro novamente a tua
falta. Não tem cura. O único remédio para este coração que te ama, que chorou,
sorriu, sonhou e te poetou sempre, como uma deusa. Seria você estar sempre ao
meu lado. E Ligia quase chegou a essa perfeição. Mas a maldita ditadura tirou-a
de mim. Embora ela mesma amasse ser uma sonhadora guerrilheira. A defensora do
pobre e oprimido povo, manipulado no passado, pela direita e esquerda. E hoje
pelo poder, que classifico como o carro chefe da cadeia alimentar humana! Da
tecnocracia em favor dos bolsos cheios do dinheiro alheio. E do matrimonio da
corrupção, com o poder publico, averbado, aprovado e sacramentado com uma
certidão pública, pelo poder judiciário.
Porém não
quero mais falar do que passou! Agora só me interessa o futuro, poder ver todos
os dias esses olhos, cor de esperança. E agora mais do que nunca terminar o meu
livro.
— Mas
você me disse que já havia acabado de escrever o livro.
—
Realmente eu o tinha acabado, mas fiquei pensando o livro começou quando te
encontrei. Depois te perdi. Passei para Ligia, que infelizmente faleceu.
Conheci Lorena que Deus levou-a emprestada e quando achei que era o meu fim.
Você está de volta e eu doente de amor novamente. Esta tua estada aqui nestes
dois dias vai ser a melhor parte do meu segundo amor,
— Não
entendi nada Cailinho!
— Eu te
explico minha dourada. Os dois amores de Carlinhos, não são Esmeralda e Ligia.
Na realidade São Esmeralda e o meu livro. Tudo o que vivi contigo está contido
no livro Ele nasceu de você e vai ter um final com você! Ele é nosso filho.
Sabe tudo sobre, Carlinhos e Esmeralda a dourada dos meus sonhos dourados. E
agora chega de falar eu quero é te namorar. Depois você vai embora e eu vou
ficar aqui sozinho!
— Quem
foi que te disse que eu vou embora!
— O que?
Não me diga que você...
— Estou
pensando seriamente nisso Cailinho! Também ando cansada da minha vida e chego
aqui, todo esse alento essa tua paixão, que não morreu. Estou realmente
precisando de alguém para tomar conta de mim. Estou precisando de você meu
amor. Aquele único telefonema que dei ontem. Foi para cancelar compromissos que
eu tinha até terça-feira. Meu celular está desligado desde então...
Ao ouvir
isso da dourada Carlinhos levantou-se da cadeira, tirou os chinelos, colocando
os pés descalços no chão. Pegou Maria Esmeralda no colo e como um moleque da
rua ladeira de terra batida, beijou-a, fez-lhe cocegas, mordeu seu pescoço e
rindo feito o menino sonhador do passado colocou-a no chão. Abriu os braços em
forma de cruz e começou a correr batendo os braços feito asas e imitando o galo
da sua infância. A loirinha dourada dos olhos de esmeralda e os cabelos de
espiga de milho caiu numa risada enorme de felicidade. Enquanto o seu galo a
correr no gramado cantava. Pela primeira vez seu pensamento voou em poesia.
Momentos
mágicos.
Este é um
deles,
Fico boba
demais.
Parecendo
criança.
Como
entender o amor,
Nesta
idade.
Como tu
sentes nosso amor,
Meu
velho.
Moleque!
Safado.
Verso de Ana Ramos
São Leopoldo – 2.018
Rio Grande do Sul - RS
O FIM
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