28/05/2019

POESIA

Um princípio básico de odes em rimas. Conforme nossos mestres há faziam. Trazendo trama ao drama e um mentir com elegância. Palavras em ânsias que falam em amor dor e alegria.

Uma fantasia de escrever sentindo o encanto que bate forte no peito. Poetas enamorados em sonhos, rimando sentimentos. Com os olhos perdidos na fantasia do êxtase, como se o poetar fosse um defeito da alma



26/05/2019

ZEUS UM CONTO VERDADEIRO

Trecho do Livro AMORES DA MINHA VIDA  de Vilma Tavolaro


Numa tarde quente, sai até o portão da rua e reparei um cachorrinho deitado no portão enfrente, onde era a casa ada minha comadre Maria. Estava muito magro, não tinha pelos no corpo. Dava para ver seu couro rosado e cheio de chagas e hematomas.

Um quadro horroroso para quem tem cachorros sadios e bem tratados em casa. Não pensei duas vezes, entrei em casa peguei uma vasilha com água fresca e comida. Como conheço muito bem os animais, deixei ao lado dele, sem importuná-lo. Entrei e um tempo mais tarde voltei e não vi mais o cachorrinho.

Fiquei triste! Logo vi algo errado ele não havia tocado na água nem na comida. Passei a procurá-lo pela redondeza, algo me dizia que ele precisava de ajuda. Andei ladeira acima. A rua não tem saída e na última casa onde estava estacionado um carro encontrei-o debaixo. Todo encolhido e com medo. Senti que escolhera aquele canto para morrer, se achando protegido.

Meu vizinho e grande amigo Irineu, estava na minha companhia. O cachorrinho estava muito mal, talvez não passasse daquele dia. Com urgência chamei a veterinária que cuidava dos meus animais. Diante do fato ela me atendeu rapidamente. Ao examiná-lo, me disse que os hematomas sanguíneos da sua pele eram pulgas que o estavam comendo vivo, além de estar desidratado.

Fiquei com o coração na mão. Imaginando a dor daquelas chagas e me pondo no lugar dele, também achei que naquelas condições era melhor morrer. Quem ia imaginar que sua última esperança no mundo estivesse no final daquela ladeira. Deus escreve certo com linhas tortas e encaminhou o cachorrinho aquele dia e hora para a frente do meu portão.

Eu não podia levar o pequeno para minha casa. Tinha o briguento do Snoopy e a Crystal. Vendo minha situação Irineu me ofereceu uma casa que iria ser demolida e me disse para usá-la até resolver a situação do cachorrinho. Aceitei a oferta imediatamente, um teto para que eu pudesse cuidar e curar o pequeno.

No dia seguinte levei Zeus à veterinária. Sim foi esse nome que dei a ele. Zeus o deus do Olimpo. Que encerrou o reinado de sangue e sofrimento do seu pai Cronos. Tomando o trono do pai.

A veterinária disse que Zeus tinha uns quinze anos, constatados pela tabela. Tinha alguns dentes de baixo quebrados por pancadas na mandíbula, talvez pontapés. Calcificação nos pulmões e problemas no coração. No pescoço uma marca de coleira que devia ser de um enforcador ou mesmo arame farpado devido as cicatrizes profundas.

Saí dali arrasada com os resultados, mas me propus a cuidar do Zeus e assim o fiz. Tinha que protegê-lo, minha alma pedia que eu o fizesse. Voltei com ele para a casa vazia. Deixei-o medicado e aconchegado num cobertor e um travesseiro para que apoiasse a cabeça. Estava tão fraquinho que logo dormiu.

Mudei meu cotidiano. Levantava bem cedo e ia ver o Zeus. Com alimentação remédios e três refeições por dia. Trocava as cobertas e limpava os cocozinhos da noite. Aos poucos foi se recuperando, comecei a deixá-lo um pouco no sol. Com os dias ele aprendeu minha hora hora de chegar ou quando sentia meu cheiro, já começava a abanar o rabinho de alegria. Essa alegria que aos poucos se transformou em sorriso.

Seus pelos foram crescendo, seus hematomas sumindo suas tristezas parece ficaram no esquecimento. Descobri finalmente a cor dos seus pelos. Branco e cinza um monte de pelos logo mostrou sua identidade numa mistura de Lulu com Yorkshire. Uma tarde senti realmente seu olhar de garoto maroto e conquistador pelo carinho e amor que me transmitia. Estava chegando a hora de levá-lo para casa.

Aprontei tudo para recebê-lo. Instalei portões, separando o quintal. O dono da casa Snoopy não ia gostar de intruso no seu reduto. No caminho vi a liberdade de Zeus, correndo e abanando o rabo. Não parecia nunca ter passado pelo flagelo e dor que lhe impôs a vida. Sentia que me dizia: Te amo, quando me olhava com os olhinhos de felicidade.

Pensei comigo:- Mais um dos meus amores para preencher meu espaço, mais um coraçãozinho inocente a se importar comigo. Me dava atenção quando eu falava e se alegrava com meus afagos. Mais um amigo leal e importante na minha vida.

Meu Deus! Se eles falassem o que sentem eu seria a mulher mais feliz deste mundo, pois sei que ganharia muitos elogios deles. São o meu todo, meus amores, meus filhos e minhas alegrias. Meus dias de bom dia, minha força para continuar a vida. E se esta for a minha missão! Obrigado Deus por ter me dado esse dom. de cuidar dos vira-latas jogados nas ruas. Mendigos do destino, filhos de ninguém, do nada.

Para almas humanas! Que ainda não aprenderam, que um cachorro de rua não é um espectro, não é um resto de lixo que se mexe! Fica aqui um ditado popular muito importante. "VOCÊ COLHE O QUE PLANTA ". Porém para quem vê vida, num vira-latas de rua e ajuda o bichinho a se levantar e ter vida! O prêmio é indescritível.

Como é bom ver o meu Zeus correr, latir e brincar no quintal. Parece que tenho uma criança pequena dentro de casa. Obrigado Deus! Eu e minha filha agradecemos.

O tempo foi passando e Zeus ficou com sequelas dos maus tratos do seu passado. Um problema na traqueia chamado Colapso de traqueia. Esse problema se dá devido a frouxidão nos anéis traqueais. Então a traqueia se fecha e o animal tosse bastante. Não conseguindo respirar. Meu Zeus ficava tão apavorado com isso que começava a comer tudo o que via pela frente. Terra, plantas, pedras e pedaços de madeira. Depois vomitava tudo. Eu, ou minha filha corríamos para atendê-lo e ligávamos um ventilador em cima dele. Massageávamos seu peito e pescoço para que ele voltasse a respirar.

Com o tempo percebi Zeus estava emagrecendo e levei-o ao veterinário para uma consulta. Após vários exames, um braço com uma espada afiada cortou novamente a minha alma.

De novo não Deus! Não dá mais para suportar essa vida. O Senhor me dá o dom de transformar um animal em quase um humano! Me ensina como fazê-lo e depois corta as veias do amor em sofrimentos! Que troca é essa Senhor! Eu não vos entendo.

É inadmissível meu Zeus com câncer! Não aceito mais esse sofrimento. Eu luto para vencer todas as batalhas e perco a guerra! Isso é missão ou tortura. Vou aceitar o que me impõe, mesmo porque tenho que me conformar com o destino. Meu amigo Irineu acho que está certo quando me disse que o Zeus nunca teve na vida o que eu lhe dei, nestes últimos dois anos. Pode ter certeza Vilma! Que ele vai embora como um anjo, agradecido pelo que recebeu de você. Até concordei com meu amigo, não fiz isso por obrigação, mas sim por devoção. Esse foi o terceiro cachorro que carregava a maligna doença no corpo.

Para poder relatar este episódio passei mais de três dias, com dores de cabeça por chorar e recordar os momentos da partida do meu anjo. Durante dois meses lutei contra a cruel doença. Um câncer intestinal. Dei-lhe tudo o que podia para que não tivesse dores. Agora Deus! Eu vos pergunto, Quando eu vou ter um pouco de felicidade!

Foi mais um dos meus amores que morreu no meu colo Sua alma foi embora no dia 2 de janeiro de 2,018. Sabem o que isto significa para mim! Que perdi o Snoopy no Natal de 2.017. Foram apenas oito dias de diferença entre os dois. Obrigado Deus!

Diante disso tudo tenho que agradecer, aos meus vizinhos e amigos que me ajudaram. Sabedores das minhas batalhas para com os vira-latas de rua e da vida. Meu amigo Irineu obrigado pela casa e até com ajuda em dinheiro para cuidar do atendimento médico do Zeus. Obrigado minha amiga e comadre Maria pela força. Obrigado a Cleide.





21/05/2019

MEU ANJO



Estava sempre. Cuidando de mim.

Era meu anjo. Carinha meiga, olhos tristes.

Tinha nove anos. Eu! Três talvez.



Lembro-me do seu cabelo.

Não era liso! Meio emaranhado.

Os olhos! Duas contas azuis.

Bondosos, porém triste.

Sorria pouco. Tinha a boca de traço.



Sempre tive a impressão

de faltar-lhe a alegria. Na alma.

Mas, era meiga e carinhosa.

Crescemos no mesmo tempo.

Envelhecemos. Sua aura continua bondosa.



Na sua volta, uma aureola.

Círculo de amor, que envolve.

Da segurança e abraça, aviva.

Numa expressão carinhosa.

De inocência e palavras calmas.

Que ajudam a manter meu pensamento

ligados no meu eu e porquês.



Então coloco meus pés no chão

agradecendo a DEUS.

Pois ela é minha mãezinha. Minha irmã Arinha.

Razão da minha vida. Nota chave da minha canção

de felicidade.

Obrigado irmã! Por ser o meu anjo.

Nesta vida.







18/05/2019

A CONQUISTA



Quer dançar comigo!

Ah! Sua mão! Suave e macia.

Se encaixa perfeitamente na minha.

É gostoso deslizar contigo neste bolero.

Passo leve, sob plumas. Vamos dançando!

Ah...! Minhas mãos no teu dorso, me alucinam.

Contem desejos! Teu perfume embriagante.

Doce aroma feminino. Nossos passos bailam,

como sonhos. Neste bolero.

Sua mão no meu pescoço! Arrepia....

Cole seu rosto no meu! Humm.

Teu coração bate mais forte. Acelerou!

Vamos continuar dançando este gostoso bolero.

Teu hálito! Cálido….!

Ah….! O sabor da tua boca.

Feche os olhos! Vamos planar, voar.

Ao som deste bolero.

Besame Mucho amor.





14/05/2019

A IMAGEM DE VILMA



      Mais uma noite chegou! Mais um momento de solidão. Meu pensamento é em você. Fico olhando para tuas coisas ao meu redor. Aqui até o ar respira você.

      Meu coração está quebrado. Não me importo com mais nada. Não me importam mais os dias vazios, chuvosos ou alegres e felizes. Estou só.

Procuro tua sombra, você ou a tua imagem. Em todos os cantos em todas as ruas, bares e boates!

      Nos dias tristes e cinzentos vejo tua imagem nos espirais fumacentas das encardidas chaminés. Coisa triste! Ver teu rosto de sofrimento. Sei que fostes consertar teu coração quebrado como o meu. Melhor morrer sem você.

      Sempre tive como um riso feliz a doçura dos teus olhos,
hoje só tenho a chorar, lágrimas amargas e salgadas, que escorrem para a minha boca. Com sabor de vazio.



São Vicente inverno de 1972

10/05/2019

MINHA HERANÇA



Fui um filho revoltado. Sai de casa cedo.

Hoje sinto falta da minha mãe.

Junto dela nunca fui dono de mim. 

Nunca tive vontades e vida própria.


O QUE SENTI E SINTO ATÉ HOJE

 

Mãe! Quando sai de casa

Não tive forças para perdoa-la.

Porém hoje compreendo minha educação.

Macambúzia onde criança educada! Era criança calada.



Também foste criada na Intolerância,

sem afeto, sem abraço.

Muitos filhos, muito cansaço.

Nunca tivestes dois braços abertos. Lhe esperando.

A sorrir, dando-lhe alegria na alma.

Numa ternura que acalma.



Por ti fui criado com repressão.

Com suor e depressão. Aprendi tudo na vida.

Catando do chão! Meus medos, nojos e raivas.

Porém aprendi. E entendi você mãe.



Hoje não posso lhe pedir mais perdão.

Posso dizer da sua razão.

E dos teus medos com minha criação.

Hoje posso dizer-te. Que meu mundo.

É integro. É limpo e leal. Tal e qual,

você sonhou para mim.



Se um dia em outras vidas.

As nossas se cruzarem

Quero pedir-lhe, que em todas elas!

Você volte como minha mãe.

Tinhosa. Carrancuda e matreira.



Mas como a pessoa que sempre amei.

Muitas vezes sem coragem de dizer. Eu te amo.

Não aprendi isso com você.

Não aprendestes isso com teus pais!

.

Mas sei que sempre nos amamos.

Deste que incubado no teu ventre.

Você afagava meu corpo feto.

Eu via teus olhos! Felizes de amor.

06/05/2019

A BUSCA

 



Edgard, homem pacato e tranquilo, depois de tantos anos de trabalho. De uma rotina que nunca se cansava. Aposentou-se.

Agora parado e sem trabalho, percebeu que não era feliz. Que todos os anos trabalhados, só serviram para que virassem um robô. No dia a dia sempre os mesmos costumes, as mesmas palavras.

Também viu vários vizinhos e amigos se aposentarem e irem para bares, beber jogar e entregar a vida para o lado sedentário do tempo. Pensou muito e como as afinidades da sua casa já não lhe eram mais favoráveis. Saiu para o mundo.

Jogou tudo em busca da felicidade. O destino apontou-lhe o caminho e o encanto. Não mediu o seu sentir e o de deixar pessoas sentidas.

"""

Porém hoje tem a impressão de estar vivendo uma inquisição e não sabe se nessa sua nova vida a vela vai se apagar em comemoração ao primeiro aniversário. O encanto está se perdendo para uma doença chamada posse. Que lembra muito sua mãe, quando ele era menino. Os mandos e desmandos maternos na educação e proteção.

Hoje depois da caminhada sentou-se, num banco de praça, lembrando sua vida. Quando o casamento passado se fez um desconforto e um emaranhado de ciúmes e desaforos. Hoje o presente casamento se torna o mesmo cotidiano.

Achou melhor então, levantar do banco e atravessar a rua na frente de um automóvel em alta velocidade. Fazendo a vida terminar. Talvez agora, ele ache o que procura. Não fazer nada errado na próxima vida. Porque me confessou um dia. Que só queria ser feliz.