18/12/2020

Trigesima primeira parte do meu livro “OS DOIS AMORES DE CARLINHOS”

 OS DOIS AMORES DE CARLINHOS.

 



— Isso é o que Cailinho? Pergunta Esmeralda.

— Um livro que escrevi! E começa no dia em que te conheci, lá naquele lindo fim de mundo. Onde nasceu e morreu o teu amor por mim!

— E o teu amor por mim Cailinho? Não morreu!

— Não! Estava só adormecido dentro de mim, isso responde também a pergunta que você me fez, quando escrevi aquele acróstico que tinha o nome de dourada lembra! Ai o dia em que te vi no programa do gordinho! Meu amor por você acordou! E a cada manhã que eu me levanto. Você é meu primeiro pensamento! O meu primeiro bom dia.

— Ah! Para com essa de poetar!

— Então faz o seguinte, vou preparar uma comidinha leve para nós enquanto você lê as primeiras páginas. Depois quero que me digas, se é brincadeira de poeta!

Ele afagou o rosto dela e deu um beijo nos cabelos de espiga de milho!

Preparou o que comer e foi para o banho. Quando voltou foi ter com ela, que lendo chorava! Mas disfarçou perante ele

— Nossa Cailinho que cheiro gostoso de banho!

— Eu também adoro cheiro de banho, dá uma sensação de conforto!

— O que esta escrito aqui é verdade, ou você imaginou e criou, para que teu livro ficasse gostoso de ler!

— Ai esta escrito, tudo que você sabe e o que não também. A pura verdade de um menino que sentiu com tanta força, o mais puro delicado e divino amor! Por uma pequena joia, com o nome e olhos de esmeraldas.

Ela chorou, soluçou e disse com voz emocionada de resmungo.

— Como era divino! Cailinho! Eu também nunca te esqueci!

 Um beijo! Delicado e apaixonado fez com que as emoções, aflorassem. Num sentido bem-estar. Abraçados, corpos quentes colados. Como era bom o sentir naquele momento. Assim ficaram. Deixando os sonhos entrarem pelos sentidos e viajaram no vento brando, como plumas. Numa carruagem de brisas frescas, até o jardim da vida! Num gostoso estar e sonhar. Como duas almas de encontro marcado, naquele momento.

— Cailinho!

— Que é amor!

— No delírio desse abraço! Nunca imaginei! Mas você tinha razão de sentir, quando era menino! Acabei de ter um orgasmo, que nunca imaginei na vida!

— Foi isso que eu sempre preguei a você! Demorou tanto assim para você sentir a satisfação de estar do lado de alguém que se ama! Que lhe faz bem só pela companhia.

— Isso é ser uma alma gêmea! Minha amada!

E na eloquência do momento, o velho menino poeta, arrancou de pronto do seu peito, palavras que declamou!

 


 

ALMA GÊMEA

 

É difícil se feliz!

É difícil ser simples, com tão pouco.

O cheiro do ar, o cheiro da terra.

O cheiro do teu corpo.

Que é meu aconchego e conforto.

O sabor do café, da manhã.

 

É difícil, ter na vida.

Um só amor, fazer desse amor o sonho.

Fazer desse sonho a alma gêmea querida!

Razão de uma vida!

E poder lhe dizer com alegria,

Toda manhã!

Bom dia amor!

Teu café este gostoso!

 

Santos - SP - Verão de 2.017

 

Novo choro fez Maria Esmeralda engasgar!

— Vou morrer de amor, nos teus braços Cailinho!

— Sabe o que mais me chateia na vida, minha menina velhinha. É ter ficado todo esse tempo, longe de você. Não sei se Deus nos castigou ou nos deu caminhos diferentes. E só nos juntou agora, depois de velhos. Mas seja como for eu encontrei uma razão para viver novamente, contigo ao meu lado.

— E eu Cailinho! Pensei que nunca mais ia te encontrar. E você continua o mesmo moleque safado e poeta. Dá-me felicidade estar ao lado! Ficar com você é muito bom mesmo. Além de poeta e namorador, ainda cozinha, cuida de horta, de jardim e faz um queijo que é um espetáculo! Um grande motivo para eu não ir mais embora!

— Quer dizer que sou um bom bril! De mil utilidades!

— Acertou em cheio!

Após o jantar ela continuou a ler mais um pouco do livro!

Leu toda a parte onde estava seu lado da escrita até chegar à segunda parte da história, onde Carlinhos encontrou Lígia no porto de Santos.

— Cailinho!

— Oi amor! Diga!

— Quem foi essa Lígia! Que esta me deixando toda cheia de ciúmes.

— Nossa! Você está lendo rápido demais! Já chegou ai ou estas pulando partes

— Estou me deliciando e deleitando, não sei como você lembrou tantos detalhes. Eu já havia esquecido um monte deles.

— Não esqueci porque foram coisas gostosas. São sabores, amores, doces, chocolates e paixão. Misturados a sonhos e devaneios. Isso não se esquece, jamais!

— Mas você, não me respondeu! Cailinho! Quem foi Lígia!

— Quer que eu lhe diga ou quer ler sobre ela! Você pode perder o interesse de ler, se eu disser.

— Vou ler sim! O que você fala dela, mas quero saber realmente o que ela representou no seu coração!

— Um remédio!

— Não entendi?

— Minha linda! Primeiro você lê sobre a Lígia e depois eu te falo quem realmente foi ela, na minha vida!

Ele foi para o seu quarto, deixando a amada entretida com o livro. Deitou-se e ficou a imaginar o que a dourada do cabelo de corda, pensaria cheia de ciúmes por causa de Lígia!

Após um tempo, discretamente a porta do quarto se abriu e como um sonho, lá estava Maria Esmeralda. Na penumbra da fraca luz do abajur. Um cheiro delicioso de banho acompanhava aquela senhora, enrolada em uma toalha. De mansinho ela foi se chegando perto da cama. E numa fala mansa disse num tom angelical.

— Cailinho! Você vai me desprezar! Vai me deixar sem teu corpo quente!

— Não minha linda! Venha aqui, deite-se ao meu lado!

Ela veio para junto da cama, ele pegou sua mão e só ai percebeu o quanto estava formosa e romântica. Na penumbra ela mostrava um delicado sorriso. Dos seus olhos verdes uma ponta de brilho rasgou rapidamente o quarto. E diva se tornou, no momento em que deixou a toalha escorregar, para o chão.

O velho poeta não acreditou, mas sentiu o arrepio sair do pescoço e parar no pé da bunda. As curvas daquele corpo mostrando o que ele nunca vira. Desde menino o sonho do anjo sem asas! Finalmente a realidade tomou conta de Carlinhos. Que se vestiu o corpo de menino e fez com que todos os seus poros, exalassem prazer e um odor de amor. Ali estava o sonho que o dominara por toda vida. Agora era só lembrar e ver se era igual, ao pensamento da juventude. Amar em êxtases e depois morrer.

Puxou Maria Esmeralda para baixo das cobertas abraçando seu corpo, queria engoli-la. Sentiu os aromas do amor, beijando tudo o que via pela frente. Estava ali se derretendo feito uma barra de chocolate Apoderando-se de tudo que sempre fora seu e que nunca havia tomado posse. Esmeralda de olhos fechados deixou-se abater, como presa fácil deliciava-se em tremores. Como ainda podia sentir aquele velho, como sentira o menino da infância, a cada beijo um prazer, um arrepio delirante.

Suas línguas rodopiavam nas bocas, procurando o desejo e os sabores do passado! A boca do poeta desvendou os segredos dos seios, mamilos e ventre. Chegando até a vénus, antes proibida e agora liberta. Os espasmos de Esmeralda foram tão grandes, que seus gemidos acordariam todas as pessoas da casa, se por acaso houvesse alguém.

Carlinhos voltou a beijar a amada, reiniciando novos carinhos, deixando-a animada novamente. Os suores se fizeram presentes os beijos, os braços se abraçando, os ventres colados, numa frenética copula louca, que explodiu em êxtase. O velho menino sonhou! Seu corpo amoleceu o ar lhe faltou!

Fechou os olhos, o orgasmo que nunca havia experimentado antes, lhe deixou como se estivesse tendo um infarto.

Ela percebeu e se assustou!

— Cailinho do céu! Você esta bem!

Ele sorrindo depois de puxar o ar com força para dentro dos pulmões. E com a vós cansada e ofegante respondeu.

— Você sempre teve razão meu amor! Depois de um êxtase, um descanso e abraçado ao teu corpo! Sonhar levitar e morrer.

— Você me matou de susto! Pensei que estava passando mal.

— E passei! Só de saber que foram, cinquenta e dois anos, esperando, por esse sonho. E de repente, num dia ele acontece! Você imaginou que o coração deste velho, podia ter sucumbido agora.

— Pois foi esse meu medo Cailinho!

— Não tenha medo disso não! Deus te pôs no meu caminho mais uma vez. Completou o que tinha me prometido na infância. Ele me deu você desde no dia da mudança, desde aquele nosso primeiro olhar de olhos nos olhos. Aquele dia foi um arrepio de êxtase tão deleitoso, como este que tive agora. Naquele dia, tenho certeza ter sido meu primeiro orgasmo. Só de olhar os teus olhos verdes e sentir que você também gostava do que via.

— Meu primeiro sentir, meu primeiro amor.

 — Você foi o presente que Deus me deu aquele dia. O lápis rabiscou no papel, os nossos nomes, o destino dobrou esse papel. E hoje, foi aberto como presente. Que não recebi quando jovem. Mas estou recebendo agora.

— Por isso pensei que fosse morrer! Depois de velho ter realmente encontrado a única razão, para os meus porquês!

 

 

 

 


 

ARREPIOS INSANOS

 









Fascínio! Êxtase.

Voo da mente.

Meu corpo! Ardente.

Desejos, delírios do sonho!

Lembrança louca do sabor,

Do beijo na boca! No corpo.

Tremer na febre do prazer.

Arrepios insanos.

Delirar freneticamente.

Retorcer-me de excitação em orgasmos!

Sucumbir!

Santos- SP - verão - 2.017

 

— Você continua o poeta sonhador Cailinho!

— E vou morrer sonhando! Contigo!

O sono começou a abater seus corpos, cansados e satisfeitos. Abraçaram-se, num silêncio mágico, em que tudo podia se eternizar, os afetuosos carinhos que Carlinhos proporcionava a Esmeralda purificavam suas almas. Não havia palavras, para definir aquele momento. Digamos apenas, angelical!

Durmam bem e boa noite. Bem-aventurados aos que trazem o amor plantado no peito! E deliram de felicidade, como se, o sentir e estar, fossem à eternidade.

 

 


 

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