OS DOIS AMORES DE CARLINHOS.
— Isso é
o que Cailinho? Pergunta Esmeralda.
— Um
livro que escrevi! E começa no dia em que te conheci, lá naquele lindo fim de
mundo. Onde nasceu e morreu o teu amor por mim!
— E o teu
amor por mim Cailinho? Não morreu!
— Não!
Estava só adormecido dentro de mim, isso responde também a pergunta que você me
fez, quando escrevi aquele acróstico que tinha o nome de dourada lembra! Ai o
dia em que te vi no programa do gordinho! Meu amor por você acordou! E a cada
manhã que eu me levanto. Você é meu primeiro pensamento! O meu primeiro bom
dia.
— Ah!
Para com essa de poetar!
— Então
faz o seguinte, vou preparar uma comidinha leve para nós enquanto você lê as primeiras
páginas. Depois quero que me digas, se é brincadeira de poeta!
Ele
afagou o rosto dela e deu um beijo nos cabelos de espiga de milho!
Preparou
o que comer e foi para o banho. Quando voltou foi ter com ela, que lendo
chorava! Mas disfarçou perante ele
— Nossa
Cailinho que cheiro gostoso de banho!
— Eu
também adoro cheiro de banho, dá uma sensação de conforto!
— O que
esta escrito aqui é verdade, ou você imaginou e criou, para que teu livro
ficasse gostoso de ler!
— Ai esta
escrito, tudo que você sabe e o que não também. A pura verdade de um menino que
sentiu com tanta força, o mais puro delicado e divino amor! Por uma pequena
joia, com o nome e olhos de esmeraldas.
Ela
chorou, soluçou e disse com voz emocionada de resmungo.
— Como
era divino! Cailinho! Eu também nunca te esqueci!
Um beijo! Delicado e apaixonado fez com que as
emoções, aflorassem. Num sentido bem-estar. Abraçados, corpos quentes colados.
Como era bom o sentir naquele momento. Assim ficaram. Deixando os sonhos
entrarem pelos sentidos e viajaram no vento brando, como plumas. Numa carruagem
de brisas frescas, até o jardim da vida! Num gostoso estar e sonhar. Como duas
almas de encontro marcado, naquele momento.
—
Cailinho!
— Que é
amor!
— No
delírio desse abraço! Nunca imaginei! Mas você tinha razão de sentir, quando
era menino! Acabei de ter um orgasmo, que nunca imaginei na vida!
— Foi
isso que eu sempre preguei a você! Demorou tanto assim para você sentir a
satisfação de estar do lado de alguém que se ama! Que lhe faz bem só pela companhia.
— Isso é
ser uma alma gêmea! Minha amada!
E na
eloquência do momento, o velho menino poeta, arrancou de pronto do seu peito,
palavras que declamou!
ALMA GÊMEA
É difícil
se feliz!
É difícil
ser simples, com tão pouco.
O cheiro
do ar, o cheiro da terra.
O cheiro
do teu corpo.
Que é meu
aconchego e conforto.
O sabor
do café, da manhã.
É
difícil, ter na vida.
Um só
amor, fazer desse amor o sonho.
Fazer
desse sonho a alma gêmea querida!
Razão de
uma vida!
E poder
lhe dizer com alegria,
Toda
manhã!
Bom dia
amor!
Teu café
este gostoso!
Santos - SP - Verão de 2.017
Novo
choro fez Maria Esmeralda engasgar!
— Vou
morrer de amor, nos teus braços Cailinho!
— Sabe o
que mais me chateia na vida, minha menina velhinha. É ter ficado todo esse
tempo, longe de você. Não sei se Deus nos castigou ou nos deu caminhos
diferentes. E só nos juntou agora, depois de velhos. Mas seja como for eu
encontrei uma razão para viver novamente, contigo ao meu lado.
— E eu
Cailinho! Pensei que nunca mais ia te encontrar. E você continua o mesmo
moleque safado e poeta. Dá-me felicidade estar ao lado! Ficar com você é muito
bom mesmo. Além de poeta e namorador, ainda cozinha, cuida de horta, de jardim
e faz um queijo que é um espetáculo! Um grande motivo para eu não ir mais
embora!
— Quer
dizer que sou um bom bril! De mil utilidades!
— Acertou
em cheio!
Após o
jantar ela continuou a ler mais um pouco do livro!
Leu toda
a parte onde estava seu lado da escrita até chegar à segunda parte da história,
onde Carlinhos encontrou Lígia no porto de Santos.
—
Cailinho!
— Oi
amor! Diga!
— Quem
foi essa Lígia! Que esta me deixando toda cheia de ciúmes.
— Nossa!
Você está lendo rápido demais! Já chegou ai ou estas pulando partes
— Estou
me deliciando e deleitando, não sei como você lembrou tantos detalhes. Eu já
havia esquecido um monte deles.
— Não
esqueci porque foram coisas gostosas. São sabores, amores, doces, chocolates e
paixão. Misturados a sonhos e devaneios. Isso não se esquece, jamais!
— Mas
você, não me respondeu! Cailinho! Quem foi Lígia!
— Quer
que eu lhe diga ou quer ler sobre ela! Você pode perder o interesse de ler, se
eu disser.
— Vou ler
sim! O que você fala dela, mas quero saber realmente o que ela representou no
seu coração!
— Um
remédio!
— Não
entendi?
— Minha
linda! Primeiro você lê sobre a Lígia e depois eu te falo quem realmente foi
ela, na minha vida!
Ele foi
para o seu quarto, deixando a amada entretida com o livro. Deitou-se e ficou a
imaginar o que a dourada do cabelo de corda, pensaria cheia de ciúmes por causa
de Lígia!
Após um
tempo, discretamente a porta do quarto se abriu e como um sonho, lá estava
Maria Esmeralda. Na penumbra da fraca luz do abajur. Um cheiro delicioso de
banho acompanhava aquela senhora, enrolada em uma toalha. De mansinho ela foi
se chegando perto da cama. E numa fala mansa disse num tom angelical.
—
Cailinho! Você vai me desprezar! Vai me deixar sem teu corpo quente!
— Não
minha linda! Venha aqui, deite-se ao meu lado!
Ela veio
para junto da cama, ele pegou sua mão e só ai percebeu o quanto estava formosa
e romântica. Na penumbra ela mostrava um delicado sorriso. Dos seus olhos
verdes uma ponta de brilho rasgou rapidamente o quarto. E diva se tornou, no
momento em que deixou a toalha escorregar, para o chão.
O velho
poeta não acreditou, mas sentiu o arrepio sair do pescoço e parar no pé da
bunda. As curvas daquele corpo mostrando o que ele nunca vira. Desde menino o
sonho do anjo sem asas! Finalmente a realidade tomou conta de Carlinhos. Que se
vestiu o corpo de menino e fez com que todos os seus poros, exalassem prazer e
um odor de amor. Ali estava o sonho que o dominara por toda vida. Agora era só
lembrar e ver se era igual, ao pensamento da juventude. Amar em êxtases e
depois morrer.
Puxou
Maria Esmeralda para baixo das cobertas abraçando seu corpo, queria engoli-la.
Sentiu os aromas do amor, beijando tudo o que via pela frente. Estava ali se
derretendo feito uma barra de chocolate Apoderando-se de tudo que sempre fora
seu e que nunca havia tomado posse. Esmeralda de olhos fechados deixou-se
abater, como presa fácil deliciava-se em tremores. Como ainda podia sentir
aquele velho, como sentira o menino da infância, a cada beijo um prazer, um
arrepio delirante.
Suas
línguas rodopiavam nas bocas, procurando o desejo e os sabores do passado! A
boca do poeta desvendou os segredos dos seios, mamilos e ventre. Chegando até a
vénus, antes proibida e agora liberta. Os espasmos de Esmeralda foram tão
grandes, que seus gemidos acordariam todas as pessoas da casa, se por acaso
houvesse alguém.
Carlinhos
voltou a beijar a amada, reiniciando novos carinhos, deixando-a animada
novamente. Os suores se fizeram presentes os beijos, os braços se abraçando, os
ventres colados, numa frenética copula louca, que explodiu em êxtase. O velho
menino sonhou! Seu corpo amoleceu o ar lhe faltou!
Fechou os
olhos, o orgasmo que nunca havia experimentado antes, lhe deixou como se
estivesse tendo um infarto.
Ela
percebeu e se assustou!
—
Cailinho do céu! Você esta bem!
Ele
sorrindo depois de puxar o ar com força para dentro dos pulmões. E com a vós
cansada e ofegante respondeu.
— Você
sempre teve razão meu amor! Depois de um êxtase, um descanso e abraçado ao teu
corpo! Sonhar levitar e morrer.
— Você me
matou de susto! Pensei que estava passando mal.
— E
passei! Só de saber que foram, cinquenta e dois anos, esperando, por esse
sonho. E de repente, num dia ele acontece! Você imaginou que o coração deste
velho, podia ter sucumbido agora.
— Pois
foi esse meu medo Cailinho!
— Não
tenha medo disso não! Deus te pôs no meu caminho mais uma vez. Completou o que
tinha me prometido na infância. Ele me deu você desde no dia da mudança, desde
aquele nosso primeiro olhar de olhos nos olhos. Aquele dia foi um arrepio de
êxtase tão deleitoso, como este que tive agora. Naquele dia, tenho certeza ter
sido meu primeiro orgasmo. Só de olhar os teus olhos verdes e sentir que você
também gostava do que via.
— Meu
primeiro sentir, meu primeiro amor.
— Você foi o presente que Deus me deu aquele
dia. O lápis rabiscou no papel, os nossos nomes, o destino dobrou esse papel. E
hoje, foi aberto como presente. Que não recebi quando jovem. Mas estou
recebendo agora.
— Por
isso pensei que fosse morrer! Depois de velho ter realmente encontrado a única
razão, para os meus porquês!
ARREPIOS INSANOS
Fascínio!
Êxtase.
Voo da
mente.
Meu
corpo! Ardente.
Desejos,
delírios do sonho!
Lembrança
louca do sabor,
Do beijo
na boca! No corpo.
Tremer na
febre do prazer.
Arrepios
insanos.
Delirar
freneticamente.
Retorcer-me
de excitação em orgasmos!
Sucumbir!
Santos- SP - verão - 2.017
— Você
continua o poeta sonhador Cailinho!
— E vou
morrer sonhando! Contigo!
O sono
começou a abater seus corpos, cansados e satisfeitos. Abraçaram-se, num
silêncio mágico, em que tudo podia se eternizar, os afetuosos carinhos que
Carlinhos proporcionava a Esmeralda purificavam suas almas. Não havia palavras,
para definir aquele momento. Digamos apenas, angelical!
Durmam
bem e boa noite. Bem-aventurados aos que trazem o amor plantado no peito! E
deliram de felicidade, como se, o sentir e estar, fossem à eternidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário