O sol a me dizer boa tarde, o cheiro da
lenha a queimar no fogão. Simples a casa da caboclinha que ficava na curva da
estrada. Beirando à margem do ribeirão. O café cheirava longe. Aquela paisagem
me chamava a atenção. Aqueles dias se chamavam sorriso, pois eram puros e
inocentes, os meus olhares para a caboclinha amada. Às vezes no silêncio das
tardes eu ficava escondido a namora-la. Eram gostosos aqueles fins de tardes.
Enquanto escutava a água da cascata murmurar, como violino na correnteza.
Espiava minha amada cabocla a varrer o terreiro, com seu jeito menina brejeira.
Estava sempre com um ar de felicidade e um sorriso lindo no rosto moreno. Eu
tinha a impressão que sonhava acordada. Não era sempre que eu fazia aquele
caminho. Mas quando o fazia.
Numa tarde, não vi a cabocla e dei mais
uns passos à frente. Distraído fui chegando perto da casa e cada vez mais
perto. Logo senti um forte aroma de perfume era puro, como o da azaleia e se
espalhava por toda volta. Cheguei perto da porta. Olhei para dentro, um bule de
café pousado na beira do fogão a lenha ardendo deixando o ar defumado. Descansando
em cima de uma mesa de toalha xadrez azul, um enorme bolo de fubá amarelinho e
que parecia sorrir. O cheiro do perfume da azaleia impregnou de vez o ambiente.
Seu moço? Meu susto foi grande,. Uma mão
bateu nas minhas costas! Quando me virei, dei de cara com um par de olhos
negros tão lindos e sensuais, um sorriso que me desmontou! O cabelo preto franjado
e liso, A expressão do rosto era puro desejo. Um arrepio me correu do pé da
espinha e foi parar no pescoço. Tive a impressão que minha boca estava
entortando. Parecia um orgasmo de arrepios. A vós da cabocla caiu sobre mim
como uma chicotada de amor.
— Vô ensina ocê a num invade o terrero
dos otro.
Levantou os braços me pegando com força
pelo colarinho e tascou-me um beijo tão quente, que logo senti sua língua louca
procurando a minha, com lascivos desejos de amor. Apertei seu corpo contra o
meu e senti um par de seios pontudos a espetar-me o peito. A faceira
estremeceu, aumentando a volúpia do beijo melado de amor, parecia querer me
engolir. De repente botou as mãos no meu peito, me empurrando com força e
gritando.
— Tá loco diabo? Querendo me mata! Me
dexô sem ar. Vai se embora daqui e logo? Se não eu te pico na faca. E logo foi
exibindo um facão que pegou na soleira da porta, de pelo menos quarenta cm de
comprimento.
Sai dali meio depauperado. Como podia tão
meiga e singela cabocla de olhar puro e inocente, ser um vulcão em erupção.
Tamanho o fogo daquele corpo. Andei uns cem metros na estrada e me deparei com
um cavaleiro que vinha na contramão da minha direção. Parou o cavalo e notei o
tamanho da espingarda pendurada na sela do cavalo. E foi logo me perguntando.
---De longe, avistei o sinhô saindo de
minha casa. Perdeu arguma coisa lá. Foi!
— Não moço! Só parei para pedir uma
informação e uma caneca d´agua.
— Foi bem servido!
— Sim senhor, moço! Aproveito para lhe agradecer
também. Obrigado.
— Disponha! Inté. Respondeu.
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