28/06/2019

DIALOGANDO COMIGO MESMO

 EU POR DENTRO --- Oi meu amigo! Porque fazes tua alma chorar sempre!

EU POR FORA --- Por que! Meu eu! Porque fui em busca dos meus sonhos e da felicidade!

EU POR DENTRO --- E choras sempre por isso!

EU POR FORA --- Choro porque o preço a pagar é doído e muito triste. Porém Deus escreve os dias bons e ruins. Nos ruins procuramos a conformação e guardamos a lembrança dos que partiram. Nos dias bons lembramos dos que partiram quando eles estavam sorrindo junto de nós. Meus sentimentos a toda a família Teixeira! Porque perdemos a prima Deise. É uma dor cara demais, para meu físico e minha alma também.

EU POR DENTRO --- Algum preço sempre temos que pagar.

EU POR FORA --- Pois é assim meu eu! Pago com a dor da saudade, com conflitos dentro de mim. Às vezes me sinto abandonado e jogado fora. Dentro de certos limites do que a vida me ensinou. Procurei fazer o máximo de acertos possíveis. Mas como não tenho cacife na bagagem da compreensão tenho que sofrer consequências pelos meus atos.

EU POR FORA --- Para mim a vida foi difícil. Não tinha um pai ou um avô para conversar. Meu neto me tinha para essas conversas. Embora ele conversasse muito comigo, nunca dei muita importância. Esqueci que fui menino e tinha meus sonhos. E ele! É um menino cheio de sonhos. Só que quando ele estava com o celular esquecia do mundo e nem ligava para mim.

EU POR FORA --- Isso me magoava muito. Me sentia jogado sem importância para ele. É muito difícil esse mundo sem uma ajuda espiritual ou física. Cada pessoa é o autista do seu mundo com seus modos de pensar. Como entender a todos. Não sei não! Nunca aprendi isso. Só sei que primeiro tenho que entender a mim mesmo Porém não suporto quando me dizem. Para com isso. Não faça isso! Obrigado mas pode parar!

EU POR FORA --- Dói em mim quando ouço isso. Magoa-me demais me sinto um estrume incapacitado. Parece que estão colocando à prova minha capacidade. Dói me sentir um burro.

EU POR FORA --- Essas são as causas das minhas mágoas e não sei administrá-las. Essa é a minha doença. Acho que vem mesmo do castigo da minha alma doente que não sabe se administrar e cá estou eu a pagar com minha vida física. Coisas que minha alma fez com outros corpos em outras passagens.

EU POR FORA --- Então vivo assim como dizia a hiena do desenho animado. Hó céus, Hó dor! Hó vida. E assim vai se escoando esta minha passagem pela terra. E da maneira com que me sinto, tenho a certeza que não consegui mudar uma vírgula na frase desta vida.

EU POR DENTRO --- É lamentável tudo isso Carlos! Aqui dentro eu sofro junto com você. Me dói também, tudo o que você me disse. Não sei te consolar. Porém deixa o destino fazer o seu papel. Vamos deixar a vida nos levar com todos os caprichos. Agora vamos sair dessa dar um passeio pela praia e tomar uma cerveja bem gelada.

EU POR DENTRO --- Quem sabe mais alegres e soltos pensamos de uma maneira diferente.

EU POR FORA --- Boa ideia meu eu! Vamos rir um pouco da vida. Uma cerveja bem gelada vai fazer muito bem.

22/06/2019

SERENATA NO LUAR DE PRATA

      Apaixonantes noites de serenatas boemias na noite de lua cheia. Num luar branco e prata. A rua solitária, sua companhia é o sereno e o amigo violão, que traz pendurado junto ao corpo. Preso a um couro cintilante de estrelas prateadas. Anda pelo silêncio, noturno procurando uma janela aberta ou mesmo entreaberta e curiosa, no alto dos assobradados antigos da rua do Tesouro.


      Procura as damas moças, sonhadoras e amantes do romântico luar. Que esperam pelo momento mágico em ouvir os acordes de um violão dedilhado e a voz máscula do seresteiro a cantar.

      São emoções que guardam no coração, como um encanto. Um ritmo de paixão num prazer delicado. O boêmio espalha sua voz na noite dominando o prazer da emoção, canta causando êxtases nos corações femininos.


      Uma noite prateada para a morena que pela janela entreaberta, mostra seu rosto meigo, colorido pela prata da lua. Sonhando com o amado que um dia partiu. Seus lábios assopram vislumbrante nuvem azulada de fumaça sabor tabaco. Dos seus olhos perdidos numa contemplação, escorre uma lágrima que para na ponta do queixo, como uma pérola da cor do luar.


18/06/2019

PERDÃO

Agora tu vens me pedir perdão pelos teus erros. Perdoar é fácil, difícil e doído é pensar que o tempo todo, em que estivestes em meus braços.

O tempo em que me entreguei a você. Noites e dias numa entrega absoluta e confiável. Quantas vezes nos apoderamos dos nossos corpos e fartamos nossas almas de prazer.

Quantas vezes te adorei como a minha imaculada santa de amor. Quantas vezes rezei e pedi por você, velando teu sono. Pelo prazer de vê-la com saúde.

Quantas noites nossos beijos desfreados nos levaram a loucura de sonhos embriagantes do sabor dos nossos corpos, dos nossos arrepios e êxtases.

Quantas vezes amei o teu jeitinho moleca. A felicidade do teu sorriso que hoje sei, não é só meu. Pois tu o divides com outro.

Só quero lhe perguntar! Porque!

Se eu não sou suficiente para amar você! Inverta a posição comigo. Perdoar é fácil.

A dor é que nunca vai se curar. Como vou conseguir abraça-la imaginando, que nunca fostes minha.

15/06/2019

SENSIBILIDADE


O tempo cura as feridas, mas nos deixa cicatrizes, como as saudades que dói demais, açoitando o peito. Mesmo que o tempo suavize essa saudade, ainda tem outras dores na alma.

Quando se larga tudo na vida, indo em busca da felicidade. Isso também marca o nosso sentir. Quando entramos na ilusão de um conto de fadas e nos apaixonamos pelo novos encantos que encontramos. Tudo puro e lindo.

Precisamos ceder e deixar de fazer muitas coisas que gostamos. Precisamos que a pessoa amada por nós, também se modifique e aceite-nos. Precisamos de calma e a cabeça sempre pensando para que não magoemos e vice versa.

Quando esbarramos na realidade e vemos os encantos dos nossos sonhos se esvaindo como uma água limpa e pura correndo para um ralo. Paramos e chegamos a uma triste realidade. Mais uma vez a busca pela felicidade está morrendo aos poucos.

Aí vem as tais dores. A ameaça da infelicidade nos deixa amedrontados e encolhidos quando não somos capazes de reagir numa discussão. Se reagirmos por impulso e pelo ego machucado, dizemos e escutamos besteiras. As magoas afloram.

Aí voltamos para o passado. Ameaçados pelas dores das saudades e do arrependimento. E venha chicotadas nas costas. Aparecem as duvidas:- Será que valeu a pena! Lá atrás eu era infeliz! Mas tinha várias pessoas que eu gostava e brincava com elas. Mesmo tendo outras pessoas que diziam me amar e só me usavam.

Hoje estou aqui num castelo onde amo. E com calma procuro fazer tudo certo. Sinto que sou amado em alguns momentos. Porém em outros da maneira como sou tratado, me sinto um invasor, me sinto num lugar que não é meu. Parece que o chão desaparece dos meus pés. Sinto que a vida passou mais um pouco. E eu ainda não consegui ser feliz, como no meu sonho. Sensível para mim; porém invisível aos olhos de quem me ama.

11/06/2019

TOMATES DOCES COMO TEU BEIJO

Giovana entra na cozinha de sua casa, com duas pencas de tomates vermelhos e maduros na mão. Estavam bonitos e fresquinhos foram os frutos de um plantio que Leonardo, seu marido fizera. Ela era uma senhora com seus setenta anos. Sentindo-se solitária no dia dos namorados. Guardou os tomates lavando-os com carinho e admirirando-os mordeu um deles. Sentindo um sabor adocicado. Descascou alho e cebola para o arroz. Seus pensamentos eram tristes a partida de Leonardo a poucos dias atrás lhe doía na alma.

Lembrava dos agarrões que ele lhe dava quando passava por ela na pia. Quando ele passava por ela no quintal, as vezes lhe dava uns beijinhos no rosto. Outras vezes o via dentro de casa com os braços abertos lhe pedindo um abraço.

Esses pensamentos a levaram as lágrimas. A casa parecia vazia. As ferramentas de Leonardo caladas já não mais faziam o barulho dos pequenos concertos necessários na casa. Os versos que ele escrevia já não mais falavam dela. Quando as noites ele acordava para cobri-la ela já não mais o sentia velando por seu sono.

Já não podia mais implicar com ele quando as vezes tomava uma deliciosa caipirinha ou então uma cervejinha gelada que o deixava alegre e festivo. E quando ele ficava no computador as vezes até mais tarde, ela na frente da televisão se sentia abandonada por ele.

Perdidas nesses pensamentos Giovana não percebeu a tarde chegar. Dia dos namorados se sentia só como se o chão não mais existisse para andar. Houve o toque da campainha. Era um garoto com uma penca de rosas na mão e um envelope.

Giovana o recebeu com um sorriso amarelo no rosto. Estranhando a oferenda. Agradecida ao menino e com as mãos trêmulas abriu o envelope, Nele o papel dizia:

:- Gio! Não esqueça de colher os tomates, devem estar maduros e doces como os teus beijos. Na nossa idade devemos aproveitar mais o amor e o que temos de companheirismo. É isso o que nos liga. Também sinto a tua falta porque aqui não tenho com quem me preocupar. Nossas implicâncias são ninharias diante do nosso amor. Chega de picuinhas. Estou voltando e quero provar o sabor dos tomates. Devem estar doces como os teus beijos.


Com amor Leonardo.

07/06/2019

INTERIOR DO MEU SERTÃO

Pelas terras empoeiradas.

Do meu sertão quente

Toca um violão e uma viola.

Com notas estridentes.



O som se orquestra se mistura!

Ao canto do assum! Que na altura

Voa dando nota a partitura.



Na curva do rio o regato abaixo da ponte.

E o elegante murmúrio da fonte.

Formam com beleza

Uma orquestra da natureza.



As árvores balançando

Com a força do vento

Batendo galho em galho

Fazendo um chocalho

De acompanhamento.



O vento uiva como violino

E vai remexendo a poeira.

O pó levanta, pousando na ribanceira.

Fazendo a vida mudar de lugar.

04/06/2019

AS BONECAS



Limpando o sótão do antigo casarão acastelado. Encontrei em meio a roupas velhas. Fétidas e desbotadas pelo tempo. A tua boneca de pano!

Que outrora fora a boneca da bonequinha.

Franjinha na testa, sorriso de anjo. Biquinho em trejeito na boca ao falar. Covinhas nas bochechas ao sorrir. Lembro bem dos teus olhos azuis e meigos.

Com o tempo tu te transformastes na princesa da nossa da nossa vila. A flor botão a alma do meu coração. Um doce para os olhos de quem a visse. Meu choro mais profundo foi no dia da tua partida.

Hoje te vejo pelas ruas da vida do Centro Velho. No mesmo encanto de outrora. Linda de covinhas e olhos azuis. Numa vida que não mais a sua. Recostada pelos velhos paredões das espeluncas que há assistem calados vendendo o corpo.

Está comigo a sua boneca! A boneca da bonequinha de pano de trapo. Boneca atrevida!

Meu coração chora desde a tua partida.



01/06/2019

QUANDO O AMOR É ETERNO


Quando adentrei à porta do asilo, meu coração bateu forte. As idosas cantavam em coro uma música antiga chamada ' AS CANÇÕES QUE VOCÊ FEZ PRA MIM ' do Roberto Carlos. Viajei então par o meu passado. Lembrando da minha amada. Dançávamos essa música agarradinhos. Realmente nessa época fiz muitas poesias e canções que eu adorava cantar no seu ouvido.

Hoje como idoso que sou, procuro-a por todos os cantos. Quem sabe talvez ela seja uma dessas vovós a cantar. Cumprimentei todas elas uma a uma e fui perguntando os seus nomes. Umas sorriram, outras mais sérias e outras procurando ser mais agradáveis.

Como eu, todas tem uma história de amor. Todas amaram, sofreram e tiveram seus momentos felizes. Quem não amou! Quem não errou!. O destino deu chance a todos, muitas vezes não estávamos preparados para recebê-la. Eu e minha amada erramos muito, porém hoje eu a procuro.

Umas das vovós que cantava me chamou de lado, dizendo que essa música tinha uma fã fervorosa, mas que se fora para outro patamar no domingo passado.

Nesse momento meu coração surtou. Perguntei a Diva ( Esse era o seu nome ). Como era a fã dessa música. Ela respondeu que era uma mulher graciosa, com rosto de menina. Tinha um lindo par de olhos verdes e o cabelo de espiga de milho. Com lágrimas nos olhos acabei eu descrevendo a mulher.

--- Eu já sei o resto Diva! Ela tinha o rosto bem branco, duas bochechas bem vermelhas e seu nome era Maria Esmeralda. Nesse momento Diva com os olhos marejados me perguntava.

--- Então você é o Carlinhos. Ainda com o choro engasgado na garganta respondi.

--- Sim! E como me dói ter chegado tarde.

--- Não se desespere seu Carlinhos! Ela partiu tão serena, que tenho certeza levou sua fotografia na alma. Mas te deixou uma carta. Me dizendo que se um dia eu o encontrasse lhe entregasse. Vou até o meu quarto buscá-la

Diante dos fatos sai do salão onde estavam as outras vovós e me isolei num canto onde tinham bancos e um silencioso jardim de rosas. Fiquei a imaginar como teria sido nossa velhice. Desde que ficara só no mundo Maria Esmeralda se internou no asilo por sua própria conta. Fiquei sabendo disso pela vizinha, quando fui procurá-la. A mulher por esquecimento não soube me dizer o nome do asilo.

Uma dor para mim por Deus levá-la antes que eu à encontrasse. Nesse instante meu coração está de luto.

Senti uma lufada de vento fresco cheirando a rosas, passar por mim. Tive a impressão que os olhos de Maria Esmeralda me olhavam do jardim, pois sei que não existem rosas verdes.

Nesse momento Diva chegou com a carta e me alertou que esse canto era o preferido de Maria Esmeralda e saiu me deixando sozinho. Era um envelope normal escrito Carlinhos. Ao abri-lo o olor de amor de Maria Esmeralda espalhou-se. Mesmo que não tivesse nome eu saberia que aquele envelope era endereçado a mim.

Dizendo assim.

--- Meu amor! Quando o médico me disse que meus dias estavam contados. Resolvi vir para este asilo. Aqui tive tudo de bom. Tratamentos remédios, médicos atenção amor e amigos. Para este lugar deixei minha herança prescrita. Sabedora eu da tua procura por mim e falei tanto de você, que Diva vai saber quem é você quando encontrá-lo.

--- Nunca quis que você acompanhasse a minha doença e sofresse no meu leito de morte. Não seria justo para você sofrer no final da vida. Porém sei que se necessário fosse, você o faria com esmero. Fique tranquilo, pois quando chegar a tua hora de partir, estarei ao seu lado e vou guiá-lo pelo caminho para que te sintas amparado.

--- Meu amor te espera na eternidade.

Após ler a carta não me contive em vários choros. Fiquei um tempo contemplando o jardim lembrando do jeitinho da minha amada. Diva veio até mim com uma xícara de café quente e vendo o meu desespero disse!

--- Sei que dói muito o que você está sentindo. Porém saiba você que o amor após o desencarno não é um castigo um sofrimento e nem um desespero. É uma dádiva! Aguarde seu tempo para ser feliz seu Carlinhos.

Já na calçada da rua incentivada pela voz de Diva ouvi novamente a música.

' AS CANÇÕES QUE VOCÊ FEZ PRA MIM '.