25/11/2019

DEPRESSÃO — PARTE SETE — O PASSADO AINDA DÓI NA ALMA

 

Depois da despedida e de andar com Cristina pela praia. Descobriu que tem pessoas pessoas diferentes. Num diálogo um pouco mais profundo escutou de Cristina o quanto também ela sofreu por amor. A mulher é da área medica. Embora mais nova doze anos, deu muitos conselhos a Alberto. Disse lhe que o verdadeiro amor é como uma fênix. Entra na roda do fogo se queima toda e sai do outro lado, renovada.
Já na Ilha Bela à noite no silencio do quarto vazio Alberto pensou em Aurora. Doeu muito nele queimar a foto da Aurora mãe, Aurora esposa, Aurora namorada
da Aurora carinhosa. Quis fugir daqueles olhos antigos. Quer realmente parar de viver do passado. Tentou devolver a foto à dona porem ela foi ríspida com ele. Amaria olhar no fundo dos olhos de Aurora no presente. Para compara-los ao que via na foto do passado. Agora é tarde talvez nunca mais veja os olhos dela.
A noite foi longa num misto de dormir e acordar. Num misto de sonho e pesadelo via os olhos da Aurora do passado chorando entrando na roda de fogo. Do outro a fênix em fogo num tom ameaçador queimava o seu sono. Levantou-se cedo pela noite mal dormida. Um tempo feio no céu de Ilha Bela. O sol escondendo a beleza do lugar. Dia cinzento como a alma de Alberto. Lembrou-se do dos sonhos. Lembrou-se da fênix de Aurora. Parecia ressurgir do fogo com ódio dele. Surgindo num tom ameaçador. Nunca pensou em ver Aurora dessa maneira. Aurora menina moleca sapeca e braba sim. Mas com ódio ameaçador nunca.
Hora de levantar acampamento e relatar tudo à doutora Esmeralda. A viagem para Ilha só foi proveitosa pela promessa que fizera a entidade. Pai Pedro! Pensou em nunca mais brincar ou esquecer-se de certos deveres. Muito de inveja, ciúmes, e atos impensáveis. Muito mal olhado, muita ação por impulsos, de falar besteiras invés de conversar. De gritar de rispidez. De não querer ouvir desaforos. Trocaria tudo isso agora. Todas estas porcarias mal feitas por um simples sorriso e um olhar de Aurora. Mas agora Aurora não quer mais ser o seu amor. Não precisa ter um rato ao seu lado conforme insinuou na ultima briga que tiveram.
Devido à mudança de cidades e a despedida. Os planos de trabalho de Alberto foram por água a baixo. Ele e seu amigo Luís que se conheciam desde a infância ficaram vendo navios no meio da rua. Dois aposentados e velhos que tiveram chance de por em prática um trabalho. Planejavam o futuro deles. Auxiliados por Aurora. O que fazer da vida agora! Iam ocupar o espaço do tempo trabalhando. Assim demorariam mais tempo para ficarem doentes. Viveriam mais. Teriam mais chance na vida. Alberto com sua Aurora e Luís, viúvo e livre para encontrar uma companheira que gostasse e cuidasse dele. Um cara bem esforçado.
Tudo isso foi trocado por uma palavra chamada impulsão. Uma explosão por impulso. Sem pensar falar o que vem à cabeça com raiva ou até como defesa. Uma consequência enorme na vida de pessoas que por causa desses atos perdem o amor. Perdem a vida. Põe em jogo a felicidade, destroem negócios e amizades. Destroem a própria vida e traçam em volta de si um rastro de infelicidade.
Às vezes é melhor chorar e calar-se do que explodir. Perdendo a felicidade que está ao lado. Bastam cinco minutos de impulsividade. Tão terrível quanto uma facada certeira no coração.
Hora de juntar suas coisas e voltar para casa. Juntar os cacos Voltar para as quatro paredes e tentar fugir da depressão que assola seu corpo. A noite vai mandar seu e mail a doutora Esmeralda relatando tudo o que viu e sentiu. Vai sugerir a ela para se consultar em vídeo pelo celular. É mais fácil e as falas mais rápidas. Além de estarem se vendo e estudando as expressões das conversas.
O carro em que viaja atravessa da ilha para o continente e segue pela estrada movimentada. Na altura do Pontal da Cruz Alberto pede a seu genro para diminuir a velocidade. Encara o Pontal com sua cruz de pedra. Num adeus dolorido no peito. Num adeus onde nasceu e morreu o seu amor por Aurora, Aurora mãe, Aurora esposa, Aurora namorada. Aurora do passado. Aurora da sua vida.
O carro se movimenta a cruz fica agora ao longe. Num misto de choro e desaconchego. Depositou ali o seu passado. Agora a vida vai continuar. Se tiver que ser com Aurora ou não. Mas o passado morreu ali.
É tentar fazer como fez Aurora. Não se lembrar do que passou. Lembrar apenas que tem de estar bem para viver o próximo minuto da vida.

   

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