18/11/2019

DEPRESSÃO– PARTE QUATRO – EM BUSCA DO POR QUÊ.



Ah menino! Que não cresceu – responde a doutora. Ao seu paciente.

Ah menino! Que por conta de uma mãe braba parou no tempo. Vamos ter que livrar você desse passado Alberto. Acho que até foi bom pelo menos para mim, terem podado o nosso amor criança. Talvez eu hoje não fosse a sua psicóloga. Mas prometo ajudá-lo na cura.

Agora tu vais ter que esquecer que eu e Aurora fomos os teus amores maternos. Vai ter que livrar desse passado. Vais ter que esquecer o rosto da Aurora jovem. Vai ter que esquecer a menina Maria Esmeralda.

Vejo que você trocou o seu amor de mãe que nunca lhe deu afagos e carinhos por Maria Esmeralda e Aurora. Pior ainda com Aurora. Pelo que tu me disseste. Que quando cantas antigas de ninar embalando a bisneta no colo! Tu te lembras do rosto de Aurora e chora! Aquela mesma Aurora dos cabelos curtos negros. Aquela mesma Aurora quando você pousava a cabeça no colo dela. A mesma Aurora que te acarinhava e acariciava. E você pensava:- Porque minha mãe nunca fez isso.

Então era Aurora mandona como sua mãe, porém carinhosa. Aurora mãe. Aurora namorada. Aurora amor. Por isso você nunca esqueceu aquela Aurora do passado. Aquela Aurora dos olhos da cor de café. Hoje você não consegue enxergar Aurora como ela é realmente. E com os mesmos ciúmes e briguenta como no passado. Isso corrobora para que a sua Aurora do presente seja aquela do passado. Estando sempre associada a sua mãe.

No presente me dissestes também que na companhia de Aurora, muitas vezes vocês brigaram. Porque algumas vezes ela um pouco mais ríspida lhe ordenava algo e você imitando uma criança respondia – Sim mamãe.

Porem agora você já não tem mais a Aurora. E por conta disso se trancou nessas quatro paredes de seu quarto que eu chamo de prisão. E se não saíres dai para ver o mundo lá fora te garanto que não demora muito seu próximo passeio vai chamar-se cemitério.

Sugiro que você pegue aquele antigo retrato que tens da Aurora – conforme me contaste - com os cabelos curtos e suma com ele. Faça-o desaparecer ou mande para ela de volta. Tens que desatrelar esta imagem dos seus pensamentos.

Agora meu caro Alberto você vai sair desse quarto. Dessas ridículas quatro paredes que te amarguram. As paredes estão cansadas de te ver. De escutar teus choros e lamúrias. As paredes estão cansadas de ouvir um idiota chorando com pena dele mesmo. Sai desse lugar. Levanta cedo e vai caminhar na praia. Vai olhar o rosto das pessoas. Diga-lhes bom dia e sorria para todos. Você vai se surpreender. Todos têm problemas e alguns piores que os teus. Mas saem e sorriem para os outros. Todos têm problemas paixões, amores perdidos e até mortos. Mas estão vivendo. Sai dessa droga desse quarto e sorria ao invés de chorar. Corte os cabelos tire essa barba idiota e mal aparada que te deixa com cara de sebento. A partir de amanhã vais fazer o que lhe pedi. Durante três dias. Depois vai me dar o relatório do resultado disso. E se não o fizer esqueça a doutora Maria Esmeralda.

E-mail à doutora Esmeralda.

Prometo que lhe farei isso. Nos próximos dias, mas tenho que também pagar uma promessa que fiz a uma identidade espirita. Pedi-lhe que me ajudasse a encontrar a felicidade e me ajudasse com a venda do meu livro. O livro começou a dar certo agora, mas a felicidade sumiu. Acho que não cumpri minha parte no prometido. Talvez eu tenha que passar novamente por todas as guerras do amor, para aprender a ser feliz. Então vou pagar essa promessa e colocar as velas na cruz.

E-mail da doutora Esmeralda. Faça tudo o que tiver de fazer. Preciso do resultado de tudo que acontecer, para analisar nossos próximos passos.

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