22/11/2019

DEPRESSÃO- PARTE SEIS – ACENDENDO AS VELAS





 



No final da tarde, depois de refeito do baque da praia. Empenhou viagem para Ilha Bela ( Litoral de São Paulo ) Muito transito na estrada, caiu uma noite pesada de chuva. Sentia o corpo cansado. Ao amanhecer ainda dentro do veículo dirigido pelo genro João. Pararam a pedido de Alberto na praia do Pontal. Ali o mesmo pediu ao genro seguir viagem, pois precisava cumprir o que prometera a entidade espirita. Pontal da Cruz, um lugar especial só dele. Um lugar mágico onde nasceu seu primeiro amor por Aurora.

Ali quando jovens se tocaram pela primeira vez. Trocaram juras de amor e os primeiros beijos. Um canto de praia chamado Pontal da Cruz. Alberto parou ali rememorando o quanto fora feliz naquele canto de paz ao lado da sua Aurora. Caminhou até o local da cruz e na fenda da pedra onde estava postada a cruzeta depositou e acendeu as três velas azuis. Retirou de um envelope que trazia nas mãos uma foto tamanho porta-retratos de Aurora. Atrás com bonita letra dizia"" Ao meu grande amor "" pela ultima vez olhou aqueles olhos de Aurora mãe, Aurora esposa, Aurora namorada, Aurora amor da Aurora do passado com cabelos curtos. Deixou que o fogo das velas consumisse a alma daquele olhar. Dois dias antes havia tentado devolver a foto à Aurora. Porém, esta não o recebeu. Queria ter visto os olhos dela nesse dia para poder separa-los dos olhos da foto, mas não conseguiu.

Afastou-se para não chorar ficando num canto de pedras. A foto enquanto consumida pelo fogo continuava sorrindo sem sentir dor.

Perdido nesses pensamentos e sem acreditar vislumbrou Aurora de costas para ele indo em direção ao mar. Com os cabelos curtos e loiros seu jeitinho de andar e um chapéu de praia palhada.

Não! Não era miragem! Era Aurora mesmo. Saiu como um louco do seu lugar, chamando-a e correndo em sua direção. Aurora virou-se. Ele freou a corrida assustado e sem jeito. Não! Não era Aurora.

Parou diante de uma mulher acima dos cinquenta anos. Pediu um milhão de desculpas. A mulher chamava-se Cristina e sorriu nesse momento o coração de Alberto quase explodiu, quando viu a boca de Cristina sorrindo. Teve enorme desejo de beija-la.

Ali na sua frente estava o sorriso bonito e a boca carnuda de Aurora. O choque foi grande. Até o costume de ter com um cachorrinho era igual o de Aurora.

Alberto então relatou muito rápido sua historia com Aurora. Cristina sorrindo disse que nunca havia visto uma paquera tão inteligente. Alberto tirou a carteira do bolso e mostrou uma foto postal colorida de Aurora sorrindo.

Cristina riu e respondeu para ele. – Garoto de sorte, sua Aurora é bem bonita. É... Você tem razão! Somos bem parecidas principalmente à boca.

Alberto sorriu e disse – Ainda bem que você não se ofendeu! Obrigado por ser gentil. 

Já preparando o corpo e os passos para sair dali.

Cristina acendendo um cigarro com os mesmos trejeitos de Aurora disse a ele. — Espere! Vamos caminhar um pouco pela praia. E você me conta a historia com a sua Aurora.

Sabe Alberto! Esta praia é o melhor canto do meu mundo. E saíram a conversar.

Alberto disse a ela que era escritor.

Cristina permitiu-lhe tirar uma foto dela e continuaram caminhando...

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