30/11/2020

Vigesima nona parte do meu livro” OS DOIS AMORES DE CARLINHOS”

 

CONTINUANDO

 

 O velho poeta. Acabou dormindo com 0s pensamentos melancólicos que lhe machucavam muito. No dia seguinte decidiu que era a hora de mudar de ares. Ter uma vida mais calma e menos atribulada. Chamou os filhos e conversou. Sobre vender a casa e ir embora para um sitio ou mesmo uma pequena casa de campo. Onde pudesse ter alguma coisa com que se entreter e não sentir tanto tédio e tristeza. Criar algumas galinhas pensou até numa vaquinha.

Uma das poucas alegrias que tinha era ouvir o anjo das noites de tristeza

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



O ANJO DA FLAUTA

 

Em cima do seu palco velho de antigos.

Degraus de uma escada, caiada num azul desbotado.

Fazia serenata, para o nada da noite.

Um bichano filhote era seu mais novo fã e expectador.

Nunca o deixou na mão, Sempre o aplaudia com miados finos.

Quando o som desconexo da flauta sessava.

 

Então o anjo da flauta, incentivado. Entrava num mundo de sonhos.

Soprava sua flauta às vezes suave como o planar do condor.

Outras vezes entusiasmado pelos aplausos de expectadores que imaginava, tocava calorosas e rápidas melodias  como o voo das andorinhas.

E lá do seu muro do outro lado da rua Carlinhos assistia as noites em que o anjo menino fazia os seus consertos. Lembrando-se do eu, seu menino em incontáveis noites de sonhos e aventuras de amor.

 

 


 

O RANCHO DO MARCAZADO

 

Os dias passavam chatos e sem graça. Era todo dia tudo igual. Às vezes tinha vontade de dormir e não acordar mais. Faltava algo no seu coração. Tinha se mudado a coisa de três anos, era seu sonho morar sozinho, ter seu canto para plantar e colher. Uma pequena criação de galinhas. Uma vaquinha para tomar o leite sem químicas e fazer um queijinho da hora!

Tinha tudo isso. Mas o tempo a cada dia o deixava mais desesperado. O livro que se proporá a escrever também estava pronto. E de tanto que o lera, para fazer as correções, já o conhecia de cor. Muitas vezes no silêncio do seu cantinho de viver, faziam uma dramatização do livro, como personagem.

 As rosas e orquídeas já estavam no ponto do desabroche! Já colhera um meio saco do feijão que plantara ao pé da cerca, que contornava a propriedade. Algumas árvores frutíferas já estavam ali, quando comprou o pequeno rancho. Uma piscina não muito grande morava no complemento do alpendre. Rodeada de gramas, que já estavam precisando ser aparadas. E na volta do alpendre jazia uma cerca de madeira grossa e tosca. Mais tipo um enfeite, três cadeiras de palha descansavam a volta de uma mesa, feita da roda do carro de boi.

Eram assim todos os dias, chatos, mas que ele achava, iam ser felizes, até o dia de morrer. Seus companheiros o dia, à noite o sol e a paisagem. Volta e meia ouvia um motor a gemer no longe da estrada, ficava torcendo para que fossem os filhos ou netos, que vinham a passeio e lhe fariam companhia! Quando o ronco do motor não diminuía a marcha ele já sabia, que naquele fim de semana não teria visitas. E ficava a apreciar na poeira o carro desaparecer e com inveja:- Quem será! Que vai receber essa visita!

Os parentes vinham sempre, enquanto era novidade, mas depois, foram escasseando e agora muito pouco vinham. Tirava dois dias por semana para cozinhar o que gostava de comer e congelava em pequenos potes com porção para um. Assim era com feijão, feijoada, uma dobradinha! E etc. Comia saladas e frutas aos montes! Tinha sempre uma cervejinha bem gelada para tomar na companhia dele mesmo.

À noite ligava o computador ou às vezes, via o ultimo jornal da noite. Depois começava um programa de entrevistas de um cara, muito inteligente e gordinho. Quando anunciava entrevistas, com políticos, cantores de rap e essas coisas doidas que cantam hoje. Ele desligava a tevê e ia para o computador. Conversava muito sobre poesia e música, com os amigos das redes sociais. Baixava muitos vídeos musicais e os selecionava para ouvi-los durante seus dias de solidão.

 

 

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