04/07/2020

TERMINAL




Lá estava Marlos no terminal rodoviário. A vinte metros dele a mulher amada que fora seu amor num breve passado. Partia para Pontal da Cruz o lugar onde se criara.
Ele lembrou o dia em que ela chegara. Quando a viu vindo ao longe, parecia que levitava suavemente pelo chão. Um anjo sem asas vindo em sua direção. 
Desembarcada do ônibus do destino. Em longa viagem desde os tempos da juventude. Quando todo o encanto do primeiro amor era a vida.
Hoje, porém, ela seu amor voltava ao paraíso. No pontal de uma cruz onde Marlos um dia fez um juramento de ama-la por todo o sempre. 
Agora vê de longe e escondido, seu amor partindo de volta no mesmo ônibus do destino. Sua vontade é correr e abraça-la, para não deixa-la partir. Engoliu as lágrimas e continuou no seu esconderijo. Pensou consigo se ela o visse talvez fizesse uma viagem infeliz e doída.
Ele sabia que no Pontal seu amor. Sua namorada sua mulher. O pedaço da sua alma seria feliz. Rodeada de parentes e amigos. 
Resignado e caindo em si baixou olhos em lágrimas e deu um adeus em pensamento. Viu a graciosidade do amor com seus passos de anjo subindo os degraus da partida.
Partiu triste do terminal esboçando um adeus bem baixinho com a boca chorosa. Seu coração bate forte e acelerado. Precisa de conserto. Quem sabe se depois de pronto e com o cérebro entendendo um pouco mais de amor Marlos saia do mundo dos sonhos. Curando as feridas do passado e volte a ter um grande amor.

Quem sabe o ônibus do destino aporte novamente no terminal trazendo seu anjo sem asas com uma nova maquiagem de amor. Aquele amor que o destino reservou para eles. Precisa se fechar em elos. Não deixando que a corrente se arrebente nunca mais.
Ao sair do terminal uma chuva forte misturou-se as lágrimas de Marlos. Então ele levantou a cabeça olhando para o alto. A chuva caia forte, nesse momento prometeu a si e a sua alma. Que estas seriam suas últimas lágrimas por esse amor que partiu. Quando o destino não quer. Deus não interfere.

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