Serenata na prata da lua.
Na calçada da rua, na madrugada. Vestem seu corpo, paletó e gravata camisa surrada de todos os dias.
Num andar malandro, contando bravata.
Sabonete barato, cravo na lapela
destilado de álcool em generosas doses.
A mastigar um graveto de canela.
Para nas portas, procurando, fazendo poses.
No canto dos lábios o prazer do cigarro,
fumaça soprada como véu azulado
em espirais, em gestos de conquista.
A bailar por salões fedidos,
de baratos odores
Vozes cantando dores, de amor.
Sons dedilhados de violões e bordões
com cavacos em harmonia.
Divino som, da noite, boemia.
Mil mulheres, nenhum amor, nas vestes
carmins, pastosos. Rubros melosos.
Garçom! Mais uma dose.
Gritos, choros ao longe, burburinhos.
Vozes vadias, frascos estilhaçando.
Boemia troca da noite vadia pelo dia.
Amanhece! Notícia de jornal.
Café fresco com pão e manteiga
no bar da avenida.
Prostituta assassinada no cabaré da vida.
Volta para casa, hotel de segunda
pulguento, abre a porta. Escura penumbra, sem sol.
Mofo embriagante. Banho! Sabonete barato.
Suspiro feliz! Meu lar minha casa.
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