Andando pelo jardim ao lado de sua mãe Um menino ainda pequeno, encantava-se com as flores. Cheirava todas, todos os dias e aprendia os odores de cada uma. Violetas, azaleias, jasmins. Uma grande variedade de rosas, mas uma encantou o menino e justamente essa nunca havia dado flor. Era uma roseira
— Mãe, o que acontece com esta. Nunca deu flores.
— Não sei filho, deve ser a terra ou esta doente, até seus espinhos são fracos e caem à toa.
— Posso cuidar dela mãe?
— Pode meu filho, A partir de hoje ela é sua responsabilidade.
E assim aconteceram os fatos. O menino todos os dias ia para o jardim, acariciar, tirar as folhas amarelas e procurar se não tinham lagartas a roer sua roseira. Conversava todos os dias com a planta durante a regada. E prometera à mesma que a sua primeira flor colocaria aos pés do crucifixo que jazia à cabeceira de sua cama.
Passou-se meio ano e na primavera seguinte despontou o primeiro botão da roseira rosa. Encantado não coube à alegria no peito, por ter conseguido tão linda cor na sua rosa. Cor de rosa. Cheirou-a sentindo o perfume que alimentava seu amor pela flor. Nas suas delicadas pétalas sentiu o afago, encostando-a, no rosto. O frescor, era como a pureza de sua alma criança. Quando decepou a rosa do tronco, suas lágrimas escorreram banhando a flor, eram como dois veios de sangue no seu rosto pálido.
Doía-lhe o peito, mas prometera a rosa ao crucifixo e assim o fez.
Ali ficou a rosa, rosa abraçada ao crucifixo por muito tempo. Morreu, secou e um dia foi embora de vez, voltando ao pó da vida.
O menino, tornou-se homem, casou-se foi pai, foi avô. Envelheceu, tonou-se um velho triste, perdeu a esposa e foi internado num asilo. E ali esquecido por familiares.
Ficava sentado num dos bancos no jardim do asilo, olhando outros idosos recebendo visitas de familiares e amigos. Já se acostumara a ficar no seu canto, sem alento sem carinho, sem palavras de conforto. Já estava há muito tempo pedindo a Deus que o levasse. Para que alongar a vida e o sofrimento de quem já vegetava.
Certa manhã vendo os idosos recebendo suas visitas, deparou-se de repente com um menino que lembrou de parecer ele quando pequeno.
O menino tinha os dois braços escondidos atrás do corpo e perguntou-lhe.
— Você, gosta de rosas!
— Sim eu adoro rosas, desde que tinha a sua idade.
--- Então meu pai, mandou eu te entregar esta. Disse-lhe o menino estendendo-lhe as mãos que estavam escondidas.
O velho caiu no choro ao ver a rosa da mesma cor. Igualzinha a que cultivara e colocara no crucifixo. O odor da rosa lhe fez lembrar o sorriso da mãe que há muito partira.
— Quem é o teu pai menino?
O menino esticou o dedo indicador para o céu e respondeu.
— Ele mora além daquelas nuvens. E te mandou a rosa da roseira rosa, que você plantou para ele no crucifixo e também mandou você ir cuidar dela lá no céu. Ela esta precisando do teu carinho para crescer.
— O velho se pôs a memorizar. Sua vida desde que cuidou da sua roseira rosa, enquanto o menino desaparecia entre as flores do jardim.
Na manhã seguinte os parentes do velho estavam no asilo chorando a sua partida. Morreu com a rosa da roseira rosa na mão que estava pousada sobre o peito. E podia se ver claramente seus lábios a sorrir.
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