01/03/2019

ROMÂNTICOS CARNAVAIS

Lá vinham os cordões com a alegria do Carnaval. Dias românticos, fantasias, sonhos e sorrisos.

Eram três dias de folias, amores e danças. O importante era pular muito. Chacoalhar cantar e dançar. Fazer da alegria uma vida só.

Nasci e cresci com o Carnaval na porta de casa, onde o palco da festa eram ruas empoeiradas da Vila Esperança, onde nos anos 60, clubes e agremiações carnavalescas, botavam os blocos na rua todos os anos. Eu e meus irmãos éramos garotos das ruas poeirentas. Ficávamos na rua à beira das cercas de madeira e de onde tinham calçadas! Maravilhados pelas fantasias. As vezes moldávamos as nossas com jornais, papelão, cola e barbantes.

Índios, pierrôs palhaços e colombinas dos olhos pintados e sorrisos apaixonantes. Três dias de batalhas e chuvas de confete, coloridas cascatas de serpentinas que se desmanchavam em rococós. Os carros alegóricos eram caminhões e automóveis enfeitados. A rua Alvinópolis era o palco da folia.

No início o som das maracas e apitos chamavam a atenção para a abertura da folia. E o mundo da ilusão se abria. Os cordões. Gente de mãos dadas a dançar, os blocos esquentavam com os instrumentos da época fazendo barulho para valer. Era o povo na rua. O nosso povo sofrido e trabalhador. Dançando e cantando num coral de vozes afinadas. Você pensa que cachaça é água. Então abre alas que eu quero passar. Ôôôôô Aurora!!!!!

Assim iam os três dias de folia.

Depois vieram os carnavais de salão. Agora éramos jovens e namoradores, pulávamos muito nas matinés do Cine Candelária. Tiravam as poltronas da enorme sala de cinema, colocavam uma banda em cima do palco, aí eram cinco dias de folia. Começávamos a dançar na sexta e ia até na terça. Logo vieram brigas. drogas e bebidas. Por fim o mundo eletrônico tomou conta da nossa história. Tirou uma diversão espontânea e gratuita do povo. Para uma fábrica de dinheiro.

Agora a fábrica do carnaval é para inglês ver. Acabaram-se as ilusões e os sonhos da alegria.





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