03/06/2018

EU, MEU MENINO

Aos domingos na matiné do cinema Pálace, assistia aos meus filmes prediletos de cowboy. Durante a semana, depois da escola, eu dava aulas para as bonecas da minha irmã. Era um professor enérgico! 

Mais tarde, jogava meu futebol eu era o craque do meu time: ora o Rivelino, outras vezes o goleiro Gilmar. Quando minha mãe me chamava para ir à padaria, era a melhor hora. Selava meu cavalo prata. meu Silver, e saia a todo galope pelas ruas da cidade poeirenta em busca dos bandidos.

E numa voz de moleque e de bom som gritava.
— Aiôôô...Siiilver!

Não existe nada mais lindo do que um sonho de menino brincando com todos os brinquedos da sua imaginação. Com o vento, eu me imaginava numa aventura de super-herói. Ficava em pé com os braços abertos em forma de cruz deixando o vento forte bater em seu rosto e corpo. A sensação de estar voando era enorme.

Lá das alturas, via as cidades aos meus pés como minúsculos presépios de Natal, sentindo o poder de planar e ser livre. Às vezes uma chuva,  garoa muito fina molhava meu rosto. Sorria, sentindo como afago as pequenas gotículas me escorrendo pela face!

Se eu pudesse ser menino novamente, iria pedir para o meu Papai do Céu nunca me deixar crescer, nunca me deixar sair do meu mundo do faz de conta. Só quem se lembra do menino como eu é que sabe como era boa a vida no seu mundo de sonhos!

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