19/06/2018

VELHICE DO ESCRITOR

.... e vem de novo uma apatia a invadir os meus sonhos sem lembranças. Esta minha memória desbotada do meu mundo. Um desamparo total.
Tudo é fechado e silencioso.
Cenário de horror!
Uma paisagem lúgubre, sem luz.  Acendam a luz!
 Sem esperança, acho que são os meus medos.
Um cenário de horror, pesadelos de amor!
Ah,  meu amor, onde estás?
 Nunca mais apareces, só sombras fantasmagóricas moram nesta casa.
Ah, amor, para de assustar!
 Já não chega esta solidão de vida afetiva, este abandono da minha alma que murmura de pavor?
Esta dor que acorrenta meu corpo, com elos de mágoas. Ouço a toda hora, desesperados,  os gritos que ecoam dentro de mim.
Ai que bom...  Pararam de gritar.  Mas esses gemidos de dor, de quem são? Este estalo de açoite está sangrando meu peito.
Aquela sombra, será que é meu filho chegando?  Não, não é, eu sinto que não é.
Meu Deus!  Será que ainda existe Deus?
 Então, por que me deixas neste doloroso labirinto de abandono?
 Porque meu sorriso agora é parte de uma fantasia.
É este o caminho?
Não conheço este caminho, mas conheço esta casa; acho que era aqui que eu morava; vou ver se minha mãe esta lá dentro; deve haver algum equivoco. Não há velório por aqui, ou será que esqueci?
 Será o caminho do meu túmulo, mas não acaba nunca?
Ou será este o infinito castigo da minha alma?

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