Numa serenata na prata da lua. Na calçada da rua, na madrugada. Vestem seu corpo um chapéu desgastado. Um cravo na lapela, um paletó amassado, vincado pelo tempo e o lenço carmim no pescoço.
O perfume do banho de sabonete
barato. Hálito destilado de álcool. No canto dos lábios! O cigarro, prazer
inigualável. Soprando a fumaça em véu de espirais azulados na noite. Como
gestos de conquistas.
Andando em passos rítmicos. A bailar por salões fedidos em odores ocres. Vozes cantando dores de amores, sons dedilhados de violões em bordões, cavacos em harmonia um pistom estridente de surdina. Tira a dama como par, num gesto elegante. Sorriso feminino, boca borrada e olhar malicioso. Grudam os corpos entrelaçando as pernas. Um hálito quente no pescoço. Beijos cretinos procurando novos prazeres. Num eloquente bailado.
Mil mulheres nenhum amor. Nas vestes
carmins pastosos, rubros! Melosos.
--- Garçom mais uma dose!
Gritos e choros ao longe burburinham.
Vozes vadias. Frascos quebrando!
Boemia a troca da noite pelo dia. Uma
felicidade vadia. Um sonho viciante.
Amanhece! A notícia do jornal. Café
fresco com pão e manteiga no bar da avenida. Prostituta assassinada no cabaré
da vida. Volta para casa. Mofo embriagante, banho. Sabonete barato, camisa encardida
borrada de batom.
(Suspiro). Meu lar, meu quarto!
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