02/05/2020

TERCEIRO CAPITULO DO MEU LIVRO"OS DOIS AMORES DE CARLINHOS!"

O PRIMEIRO SENTIR DO AMOR

Ao chegar da escola por volta da hora do almoço. Carlinhos rapidamente tirou o uniforme grupal e enquanto esperava sair a gororoba (almoço) foi procurar um livro que tinha certeza, estar nos guardados da sua irmã Arinha. Na cabeça uma grande ideia, que tinha pressa de colocar em prática. Aquele dia fora proveitoso para ele, recebera um elogio da professora e sorrisos de entusiasmos pelos colegas de classe. Bingo! Olha o livro! Achou!
— Carlos Albertôôô! - Era a voz da mãe - chamando para o almoço! 
Após almoçar saiu para o quintal e num cantinho, onde tinha um pequeno gramado deitou-se de barriga para baixo. Ali começou a colocar sua ideia em prática. Passou a folhar freneticamente o livro, atrás de poesias de amor. Leu algumas, achou outras chatas e enjoadas por desconhecer algumas palavres, que o autor usava para encaixar as rimas. O tal do português arcaico que dona Dinah dissera. Depois pensou em fazer a sua própria poesia de amor e entrega-la a menina dourada. A sua dourada que não lhe saia da cabeça, que o deixara doente de amor. Mas, tinha que ser uma poesia de como estava se sentindo em relação a ela. Pensou:- O caminho é esse.
Passou a lembrar da cor dos olhos da sua dourada. São azuis ou verdes afinal. Os cabelos cor de corda e aquelas bochechas vermelhas. Lembrou o olhar dela, para ele no dia da mudança, sentiu novamente aquele arrepio. Que desta vez provocou um êxtase. Deitado como estava comprimiu o ventre contra o chão e dobrou as pernas para o ar esfregando-se, contra a grama. Sentiu seu primeiro e mais louco orgasmo da vida. Depois deitou a cabeça sobre o livro manchando a página com o suor do rosto e ficou pensando:- Se isso é amor pela dourada, quero passar o resto da minha vida com ela

— Calinhô!  Vamo joga bola! Era a voz do amigo Luís tirando Carlinhos do transe.
— Não vou Luís!
— Que tu tá fazeno! Tá istudando!
— Não! Estou lendo um livro de poesias!
— Poesia! Pra que lê poesia!
— Também não sei! Mas estou lendo! Disse Carlinhos querendo despistar, para que Luís saísse logo da conversa.
Mas o amigo não queria ir jogar bola, Carlinhos mandou que entrasse. Luís foi juntar-se a ele, sentando no gramado.
— Purque oce cismo, cum esse negóço di poesia!                                                                                       
— Quando é que tu vais aprender a falar direito! - Pergunta Carlinhos.                                                                                                
— Vô aprende, to na escola pra isso!
— Mas parece que não está adiantando muito né Luís!
— Ah! Tá sim! Minha mãe falo que eu to dife, dife....
— Diferente! Disse Carlinhos.
— É isso qui ela dissi! E oce que acho!
— Achei que você está diferente! Cortou o cabelo né. Respondeu Carlinhos.
— Qui bom qui oce acho isso! Pur fala disso, a minina nova tá na escola!
— Que menina nova é essa, Luís! - Indagou Carlinhos.
— Aquela russa qui si mudo pra casa do Estaco!
— Que droga! Tem certeza Luís! 
— Certes du que Calinhô!
— Que a dourada está estudando na nossa escola!
— Qui dorada é essa Calinhô!
— Ah! Desculpe Luís! Estou falando da loirinha!
— É.... Ela estuda di tarde! Agora to ino, qui vo joga bola! Tchau Calinhô! Inté!
— Tchau Luís!
O menino ficou com o coração acelerado, ao saber dessa novidade. Isso podia gerar concorrência nos seus planos! E pensou que tinha de acelerar o seu plano de conquista. A dourada era muito bonita e podia cair em mãos erradas. Tinha que fazer logo a poesia e entregar a ela. Bonita do jeito que era e indo para a escola em outro horário!
:- Diacho! Ai é que mora o perigo! Pensou ele.
E voltando ao livro de poesias de Mario Quintana, Carlinhos começou a procurar palavras rimadas para escrever. As palavras tinham que coincidir com o que ele estava sentindo por ela.
:- Olhos verdes rima com...Hum...paredes? Paredes!  Não!  Amor rima com motor... Com fedor, ah! Já sei com dor.
.                                                                                                        
Dourada rima com.. com nada, droga! Apaixonada!                                                                                
— Aaaaah! Que droga! Deixa para lá esse negócio de rimar com isto ou com aquilo.
— Falando sozinho Carlos Alberto! - Perguntou sua mãe tirando-lhe a concentração.
— Vai até a venda da Clarice para mim.
— Ah mãe! Justo agora!
— Agora e depressa? Acabou o açúcar, pega a caderneta e vai buscar, escolha um pacote que não esteja muito empedrado e que não esteja rasgado!
— Droga! Logo agora! Foi para a venda tentando fazer a poesia e falando sozinho.                                                                                                    
— Fica comigo musa ardente... Isso é legal! - E assim foi na ida e na volta. Misturando as palavras e encaixando as. Quando chegou a casa, sua mãe reclamou que o açúcar estava empedrado e o pacote furado.

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