Muro alto com balaústres a enfeita-lo, Uma fileira de telhas francesas protegem o portão de ferro retorcido, em formas florais. Na calçada da rua ao pé do muro, algumas orquídeas e folhagens. Mais acima enormes buquês de begônias se expõem como lágrimas vermelhas.
Por trás do muro, nota-se uma porta antiga e sempre fechada. Pelos desenhos florais vazados do portão de ferro avista-se uma varanda pequena e duas cadeiras pintadas de branco lá descansam.
Dizem que aqui mora um poeta. Calado e com jeito mal humorado. Por duas tardes eu o vi sentado em uma dessas cadeiras da varanda. Numa dessas tardes lhe fazia companhia uma garrafa se não me engano de água. Disfarçadamente parei em frente ao portão e de soslaio fiquei a olha-lo. Realmente parecia de mal humor. Mas naquele dia eu o ouvi balbuciar, algumas palavras desconexas.
Estava com a cabeça recostada no encosto da cadeira. Seus olhos perdidos num mundo que não era o nosso, parecia estar muito longe. Talvez no voo de um condor à procura incansável por seu amor.
Depois levantou da cadeira e com o olhar ainda perdido enxugou os olhos com um lenço xadrez azulado. E foi embora porta adentro.
Chorei junto com ele, pois notei sua tristeza era profunda, um soluço sentido Gostaria que ele encontrasse o seu amor.
Só para vê-lo sorrir.
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