Quantas vezes! Lembrando você, eu passava de propósito diante da tua vida. Vi a sua juventude indo embora, mas você nunca sorria.
O que será que ela tem? Pensava eu.
Outras vezes passava pelo teu portão. Ora não lhe via. Ora lhe via a varrer o quintal ou aguando as plantas. Mas nunca vi o teu sorriso. Casada sei que eras, talvez tu não fosses feliz! Pensava eu.
Vi o tempo, amigo ou não, levando a tua idade. Enrugando-a e trazendo a neve aos teus cabelos. No sopro do vento, sentia eu, estar no fim o meu amor por você. Minhas razões, para passar pela tua rua, já eram sem esperanças.
Certa manhã de Natal, cabisbaixo e triste. Do meu portão, olhava o movimento da rua. Alguns conhecidos e vizinhos passeavam pelas calçadas. Cumprimentando com acenos e falas, Feliz Natal! Eu desejava a todos.
Nesse dia meu coração pulou fora do peito! Finalmente papai Noel, lembrou do meu presente. Veio você descendo a minha rua. Com os cabelos curtos de algodão, num sorriso alvo e alegre que destoava do rosto.
— Bom dia? Feliz Natal.
Ouvi sua vós me dizendo. Esse momento! O mais encantador da minha vida. Percebi que você queria estar ao meu lado. Tive um ímpeto, para correr e abraça-la. Contive-me! Tanto tempo a espera, para que correr agora.
Hoje passeamos de mãos dadas. Finalmente vejo teu apagado sorriso do passado, florir. Teus olhos brilham emocionados, cheios de vida.
E a minha vida? Ah! A minha vida.....
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