Levantei cedo hoje, o dia está com cara de besta, parece um daqueles dias que a gente chama de chato da silva.
Mas como tem dias bonitos é necessário o oposto também. Fui para a cozinha preparar um almoço para minha turma. Receita simples macarrão com frango assado e salada. Minha caixinha de som, um pen drive de músicas antigas que adoro, e um bando de gente chata a passar pela cozinha dizendo.
— Pai não tem uma música mais nova!
— O vô? Isso é música!
— Eu mereço! ( Esse foi do gato no meu pé miando )
Foram todos os argumentos usados pelos chatonildos, para encher o meu saquinho.
Não dei bola para eles e continuei, volta e meia dava uma dançadinha. Abri uma latinha de loira gelada e de golinho em golinho comecei a sonhar. Sal aqui, molho ali, alho acola. Um golinho uma dançadinha, uma linda lembrança quando tocou Love me tender, com Elvis Presley.
Cara! A lembrança foi tão boa que tirei para a mina do meu pensamento e comecei a dançar com ela. Aquele anjo doce de olhos negros e corpo cheiroso. Toda dengosa, carinhosa, eitcha tempo bão. Quando acabou a música meu netelho. ( neto pentelho ) entrou na cozinha e riu me perguntando
— O vô você está ficando maluco né!
— Porque menino! Indaguei
— Está dançando sozinho e chorando.
Diante disso e com o almoço pronto, peguei outra latinha e fui para a minha varanda. Fiquei lá sozinho. Sonhando no meu mundo de saudade.
Um comentário:
A nova geração não está acostumada, e jamais entenderá o que se passa na cabeça de quem soube aproveitar o melhor, falo das músicas do nosso tempo, com ela sonhamos e dançamos, mesmo sozinhos, e nesse conto vc expressa a veracidade dos fatos. Amei ler e degustar seu escrito, viajei além, parabéns. Continue sonhando, dançando, se divertindo e escrevendo! Serena noite recheada de muita paz e luz.
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