Praia da Enseada! Guarujá domingo de sol quente. Carlinhos de óculos escuros passeia pela calçada a beira mar. Ele já passou enfrente ao edifício onde mora Esmeralda umas três ou quatro vezes tem o endereço na mão, mas não tem o número do apartamento. O homem da portaria também não quis ouvi-lo e não abre a porta para estranhos.
Enfrente ao prédio um bar com mesas e cadeiras na calçada.
Carlinhos sentou se e pediu um chope geladinho. E depois mais um! Por volta de
quatorze horas viu uma loira vindo pela calçada do mesmo lado em que ele
estava. Era ela era a sua amada Esmeralda. O coração do bateu forte, aquela
sensação de menino voltava o arrepio até o pé da bunda. Suas mãos tremiam.
Levantou- se e acendeu rapidamente um cigarro.
As pernas trêmulas! A loira continuou caminhando para o
lugar onde ele estava. Carlinhos estava muito nervoso afinal chegava ao fim o
interminável martírio de ver a amada Esmeralda. A loirinha dos cabelos de corda
estava bonita dentro de uma saída de banho transparente. E por baixo da peça
apareciam os contornos de um corpo bem-feito dentro de um negro biquíni.
Tamancos nos pés e óculos escuros com um chapéu branco de rafia na cabeça. Ela
parou por alguns segundos enfrente a Carlinhos que tremia muito dentro das
calças. Olhou para ele! Virou-se de costas e atravessou a Rua Mario Ribeiro
indo em direção ao prédio.
Carlinhos sem esboçar uma só reação. Mudo e estático pensou
em chama-la gritar seu nome:- será que ela não me reconheceu. Rapidamente
correu para atravessar a rua, um carro em movimento atrapalhou sua passagem,
ele esperou e correu. Tarde demais a porta do prédio já estava se fechando e
Esmeralda do lado de dentro.
Carlinhos
colocou seu rosto no vidro tentando olhar para dentro! Bateu com força no
grosso vidro e pode ver na meia luz pela obscuridade que o vidro lhe permitia,
um homem saindo do elevador e beijando a boca de Esmeralda.
Ela
entrou no elevador o homem dirigiu se a porta de saída onde estava Carlinhos.
Este baixou a cabeça e sentindo-se desolado, acabado, Atravessou a rua e voltou
se para o seu chope que já estava quente. Viu que o tal homem que beijara sua
dourada entrara num automóvel Simca Chambord e sair em alta velocidade fazendo
um barulhão com o escapamento do veículo aberto.
Pediu mais um
chope e ficou parado estático pensando quando ficou frente a frente com
Esmeralda sentiu a timidez, medo paúra deu branco, vergonha ou um sabe se lá o
que!
Só serviu mesmo para vê-la. Ela está bonita, corpo bem feito conservado,
uma beleza! Ainda é a mesma dourada que ele beijava no portão da casa dela, na
pequena rua de terra batida. E com os olhos no acaso a imaginação tomava conta
do seu pensamento.
***
UMA ILUSÃO
Rosto claro! Boca pequena
Momento raro. Boneca perfeita.
Fiquei estático. No teu caminho.
Olhar amargurado. Calado!
Bem quietinho. Em tristeza jogado.
Jeito vaidoso. Andar bonito.
Corpo claro formoso.
Ao vê-la fiquei aflito.
Não podes ser minha!
Não nasceste para mim,
Não temos a mesma linha!
É só uma ilusão.
Fim!
Esperança perdida,
Sonho que eu tinha.
Santos verão de 1.973
Ele estava absorto na sua poética, quando de repente uma
mão aconchegou-se em suas costas, esfregando com carinho. Um gostoso oi soou no
seu ouvido!
Um arrepio profundo desceu de sua nunca e costas-abaixo.
Num susto, seu coração bateu forte.
Virou se rapidamente para ver quem era e de impacto recebeu um beijo na
boca, prolongado e doce.
Um beijo de Ligia.
— Ligia que faz aqui! Pergunta o espantado Carlinhos!
— Resolvi seguir você!
— Para
que!
—
Para saber se você encontraria a tua amada!
—
Que é isso Ligia! Você sabia que eu vinha?
— É menino?
Ciúmes, dor sensação de perder. Tudo isso, mas você gostou do que fiz!
— Me
assustei!
— Pensou que fosse a tua dourada!
— Sim, mas só até o
beijo!
— No fundo! Meu querido, tu querias que acontecesse isso
entre você e Esmeralda não é!
— Sim como sabes!
--- Porque vi
tua dourada. Ela mora ali naquele prédio do outro lado da rua. E vibrei de
alegria quando tive certeza que ela não te reconheceu. Confesso que nessa hora
eu já estava sentido o final do nosso romance.
.
— Isso te deixou feliz? Mas eu a reconheci!
— Você eu sei que a reconheceu! Mas cadê a tua coragem de
falar com ela. Você é muito bobo, tímido ou sei lá o que! Na hora em que
precisava aparece um complexo de inferioridade, que te faz mal.
— Enquanto tu não se curar disso, nunca terás
felicidade.
— Ah! Meu Carlinhos, meu querido, meu amado meu amigo,
estou aqui para lhe ajudar sou toda sua! Sou tudo o que você me pedir nesta
hora.
— Garçom! Mais dois chopes. Por favor! Pediu Carlinhos.
— Ligia! Em tão pouco tempo, como você pode conhecer tanto
de mim,
— Desde que
você contou várias passagens da sua infância e adolescência para o Igor! Ele me
contou até os mínimos detalhes do que você narrou a ele e até os teus trejeitos
enquanto narrava. Assim analiso você e sei como se sentes.
— Pena de você! Eu! Não tenho mesmo. Só acho que deverias procurar um
psicólogo para tratar esses teus complexos. Eles podem te matar ainda.
— Igor me disse que você foi até Maringá no Paraná a
procura dessa mulher! —
É fui mesmo!
— E não há
encontrou! —
Encontrei! Mas há vi beijando um cara! Não tive coragem de falar com ela.
— Ela era safada assim é!
— Não, mas acho que nunca imaginaria que eu com dezessete
anos viajasse dezoito horas de trem só para vê-la. E resolveu se casar com
outro
— Maringá é
uma cidade bonita!
—
É linda! Mas vamos deixar tudo isso para lá. E vamos embora! —
Como deixar para lá Carlinhos! Você não vai naquele prédio pelo menos para
perguntar ao porteiro, qual o apartamento da moça.
— Você sabe que eu já fiz isso, e agora com você do meu
lado é que não faço isso mesmo.
— Se é por
isso eu fico aqui e você vai!
—
Não! Agora estou na tua companhia e é contigo que eu vou ficar!
— Então vamos
dar um passeio na praia!
— Vamos! Deixa-me, pagar a conta.
E saíram em direção à praia, passeando pela calçada. Ligia agarrou se a
Carlinhos como nunca havia feito antes.
— Que é que há
com você Ligia!
—
Nada! Só estou segurando o que é meu.
— Não entendi!
— É que de
repente a tua dourada aparece e antes que você corra para abraça-la eu deixo
você bem preso aqui e não largo mais.
— E se ela
aparecesse agora! O que você faria!
— Eu é que te pergunto meu que rido! O que você faria?
— Fingia não
conhece-la!
—
Covarde!
— Por quê?
— Medo! De
enfrentar a parada?
— Medo não!
Não devo nada a ela!
—
Tem razão! Mas deixaria a tua felicidade escapar.
— Talvez! Para de
morder Ligia!
Ligia agarrada a ele mordiscava sua orelha e volta e meia o
pescoço!
--- Gostoso!
E continuava
agarrada ao rapaz. No fundo ela tinha medo de perder Carlinhos! Um rapaz calmo,
tranquilo que se deixava levar fácil. Ela o amava, mas não queria que ele
percebesse o quão profundo era o seu amor. E naquele momento estava insegura,
porque se Esmeralda aparecesse adeus. Sabia que Carlinhos estava frágil. Por
isso continuou a brincadeira de dar lhe pequenas mordidas na orelha para
distrai-lo
— Gostoso! Enfiou a mão por baixo da camisa dele e foi até
os mamilos e notou-os enrijecidos.
— É excitação
amor!
—
É sim tarada!
— Que gostoso! Vamos para casa!
— Ainda não! Vamos dar mais uma volta!
Nisso Ligia percebe
uma loira vindo na direção deles e diz bem baixinho para Carlinhos.
— Não é essa!
A tua dourada!
—
Não amor! Não é essa!
A loira passa
por eles e Ligia a olha de costas. Dizendo.
— Mas bem que
podia ser!
-—
Porque amor!
— Olha só que
corpinho ela tem! Que bundinha bonitinha! 0lha amor!
Carlinhos
olha e realmente o corpo da loira lhe enchem os olhos.
— Tens razão Ligia é bonita a moça!
— Se ela
fosse a tua dourada eu deixava você sair com ela!
— Por que!
— Porque ela! Tem jeito de ser bem quente na cama e com um
corpaço desses, você ia se divertir né meu excitado!
— Depende!
— Depende de
que!
—
E se ela for gelada na cama!
— Ai o azar é
teu duas vezes! —
Duas vezes?
—
Uma pela gelada de cama e outra quando você voltasse esta quente de cama não
estaria mais aqui! Viu gostoso!
— Tarada!
E
assim foi o passeio até na volta ao hotel. Na subida das escadas para o quarto
Carlinhos pegou Lígia no colo. Abriu a porta e sem colocá-la no chão beijou-a
loucamente, Enfiou-lhe a mão no meio das pernas e nesse gesto do macho, Lígia
como que transtornada teve convulsões de gozo, mordendo com violência os lábios
do amado que sem largá-la levou-a para o banheiro abrindo a torneira do
chuveiro.
— Que vai fazer amor!
— Apagar o teu fogo!
E entrou com
roupa e tudo para baixo da água morna do chuveiro.
— Você é doido Carlinhos?
---
Doido não! Eu sempre quis tomar banho com uma mulher!
—
E você nunca fez isso.
—
Sim uma única vez na vida. Mas a mulher reclamava que a água estrava fria e eu
achando que estava quente demais
— Dois bobos!
— Sim, dois
otários! O principal da historia não era o banho. Era... Ligia tapou a boca do
amado com um beijo. E depois falou.
E mais uma vez o corpo dela
trepidou em um maluco êxtase como nunca havia tido antes. E do chuveiro para a
cama à noite com abraços beijos e gemidos de prazer. Finalmente os corpos
cansados serenaram
Quem levantou cedo no dia seguinte foi Carlinhos que
rapidamente foi ao banheiro e na volta ia buscar café, mas parou ao lado da
cama, ficou olhando a sua bela Ligia deitada. Com parte do corpo coberta com um
lençol branco que contrastava a cor da sua pele, e outra parte desnudo. Ali
ficou com olhar perdido naquele mimo de mulher. Um poema inspirador compôs-se
em sua mente.
SE FOSSES MINHA PARA SEMPRE
Queria que todas as manhãs! Fossem belas como o teu corpo,
cheio de curvas suaves e calmas. Queria todos os dias sentir o teu frescor. O
perfume do teu suor. O cheiro do teu corpo! O cheiro do teu amor. Queria poder
ter para sempre os teus braços e abraços. Os teus trejeitos criança! Teu
sorriso maroto. E se fosses minha para sempre, eu a guardaria a sete chaves
dentro de mim. Para que nos tornássemos um só.
Itapevi 1985
Pensando em Ligia
— Bom dia
Carlinhos amado meu! —
Te acordei amor! Desculpe estava divagando.
— Não querido! Vem cá deita aqui perto de mim! Acordei numa
preguiça louca.
— Não dá amor tenho que trabalhar! Vou buscar café.
— O que você estava fazendo ai em pé olhando para mim!
— Admirando o teu corpo!
— Jura! Ai que gostoso! E fez um bico com a boca jogando um
beijo para ele.
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