18/06/2020

UMA CANÇÃO DA VIDA

Olhando a vida andar pela janela. Muitas noites o clarão da lua de prata vem me fazer companhia. Nessas noites não preciso acender a luz do alpendre. Infindas lembranças. De um amor que o tempo escondeu de mim.

Fiz tudo para esquecê-lo. Mas não consigo. É uma dor grande, uma saudade que me alucina,
Eu nunca amei porque quis. Simplesmente senti o amor. Não fui eu quem o inventou. Como seria bom poder esquecer um amor que não me ama. Um amor injusto de uma pessoa só. Essa foi a minha ruína. Hoje me lembro do olhar dela como uma lembrança de sorriso que me faz chorar.
Se Deus soubesse da minha tristeza A tristeza de um velho que olha pela janela vendo a vida correr, porque não mais pode andar.

No longínquo passado da minha vida. Vejo um retrato esmaecido. Uma casa velha hoje num total abandono. Virou maloca de sapé e tabuas corroídas, pelo mesmo tempo da minha idade.
Era um poema de amor. Hoje é um poema triste de adeus.
Nas noites escuras uma amargura. Fiz do amor uma saudade de lágrimas como as pedras de um caminho. Foi meu primeiro amor criança. Minha vida uma esperança. Um novo poema. Hoje uma saudade enjoada que não sai do peito.

Nesta solidão o sereno misturado as minhas lágrimas caem no meu caminho, enquanto me apoio andando pelo terreiro nas madrugadas frias e sem sono.  Uma saudade, um vazio... 
Pareço eu, um ébrio. Só tenho a lua como esmola para namorar. Às vezes uma garoa fina antecede uma chuva da saudade que molha meu peito.

Antes eu tinha a chuva para florir A paz para pensar e poder ser feliz. Quando eu era sufocado por um gostoso amor. Hoje me sufoco na velhice que o tempo me deixou como herança.
Guardo tudo na alma. Como uma borrasca que a vida como uma fria madrugada, sem alento, reservou para mim. Aqui aceno meu lenço de adeus a esta passagem,
E dou adeus às ilusões desta vida.

Vila Esperança – São Paulo SP.
Outono da pandemia de 2.020 -
Do meu quarto - Cela de quarentena

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