28/12/2018

OLHOS TRISTES DE NILZA

Folheando novamente o livro Diário de Nilza,
me chamou atenção uma página com dedicatória:
“Para você, Nilza, lembrar sempre da tia
muito amiga. Tetê!
São Sebastião 17/ 06 / 1946”

OLHOS TRISTES
( Luiz Henrique )
Olhos tristes, vós sois como dois sóis num poente,
Cansados de luzir, cansados de girar,
Olhos de quem andou na vida alegremente
Para depois sofrer, para depois chorar.

Andam neles agora a vagar lentamente,
Como as velas das naus sobre as águas do mar,
Todas as ilusões do vosso sonho ardente.
Olhos tristes, vós sois dois monges a rezar.

Ouço ao vos ver assim, tão cheiros de humildade,
Marinheiros cantando a canção da saudade
Num coro de tristeza e de infinitos ais.

Olhos tristes, eu sei vossa história sombria.
E sei quanto chorais cheios de nostalgia.
O sonho que passou e que não torna mais!

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