Estava sempre ali, desde pequeno a amar a vida, as
pessoas e a todos de quem gostava. Desde muito cedo apaixonado pelo amor de
quem lhe dava atenção. Certa vez, apaixonou-se por uma garota, mas era muito
bobinho e sem experiência. Achava que o amor era um conto de fadas. Não
conhecia as maldades e os interesses da vida. O pouco que carregava no peito
lhe fazia feliz. Amando, seu sorriso vinha de orelha a orelha, era o que
bastava na vida. Amando, achava que o sexo no amor era pecado. A alma de anjo
predominava dentro dele.
Foi pisado e jogado por esse amor. Como um traste, como
um Zé ninguém. Era considerado um idiota. E foi largado num canto como um
traste.
Passados alguns anos de sofrimento o traste esqueceu
aquele amor. Trancou-o no peito e novamente se apaixonou por outra mulher que o
usou e modificou o seu sentir deixando-o mais abrutalhado por sexo. Mais aceso
em relação ao amor. Fez o ciúme passar por sua cabeça. Ensinou-lhe o prazer da
desconfiança e da deslealdade. Ensinou-lhe a lei de levar vantagem em tudo. E
por um beijo de prazer, a vida se tornava a maior felicidade. Tudo em nome do
amor do prazer falsificado em forma de luxúria.
O traste se perdeu. Sentiu-se escravo desse amor. E achou
que mesmo contra os seus princípios estava sendo e fazendo sua paixão feliz.
E assim se sentiu sempre jogado, como uma maquina que
ligavam e desligavam. Quando as mulheres que teve precisavam de amor, sexo e
prazer o trastezinho era pau para qualquer hora.
Um dia parou para pensar. Chegou à conclusão que era um
zero a esquerda e nada do que vivera até então lhe trouxera felicidade; tudo o
que tentou e todas as formas de amor que sentiu eram artifícios e prazeres das
mulheres que disseram lhe amar. Viu-se, como um fraco, um meio homem um robô
que bastava pôr pilhas novas e funcionava perfeitamente. E assim, guardou sua
vida de infelicidades e todo o amor que sentia no peito debaixo da terra onde
pisara e nunca havia deixado lembranças.
Porém a vida escreve. E quando as pessoas param para ler veem
o quanto erraram. O quanto usaram da vida do traste, o quanto lhe magoaram. Agora
velhas e desgastadas por nunca terem sido felizes, procuram o amor para resgatar as penúrias que cavaram na vida. Lembram-se então do amor do traste. Aquele
sim era um amor puro e verdadeiro. Aquele traste que dispensaram por outros
prazeres; aquele traste que nunca lhes havia magoado.
Agora ele não volta mais para alentar e amar os corações
que lhe fizeram sofrer. Quando o traste era um anjo, nunca ninguém se importou
com ele.
Um comentário:
Existem muitos anjos considerados um zero a esquerda.
Eles passam por nossas vidas e nem percebemos!
Gostei de traste.
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