Desde criança, eu ainda novinho, tu vinhas em redemoinhos pelas ruas de terras poeirentas na pequena e doce ladeira da rua onde eu nasci. Levantavas o pó para que eu entrasse dentro de ti! Ali tu me abraçavas. Eu ria com a boca e os olhos cheios de poeira e folhas secas, que voavam feito um bando de borboletas a brincar. Tu me afagavas soprando em meus ouvidos. O tempo passou e nosso pacto de amizade sempre prevaleceu. Às vezes, na minha varanda, ouço o tilintar dos sinos de vento, que lá instalei para tu tocares quando sentires saudades de música.
Outras vezes, quando estou distraído, tu me chamas a atenção derrubando alguma coisa. Sei que estás me chamando. E nessa hora sempre te pergunto:
— Como vais meu amigo! Queres alguma coisa? Já sei, queres brincar comigo.
Então, para te deixar sorridente, pego a vassoura e vou varrer as folhas do terreiro.
Varro para um lado e tu sopras para o outro. Às vezes tu me deixas fazer alguns montinhos de folhas. Quando vou buscar a pá para recolhê-las - “Que bom”! - Tu as assopras. E um bando de borboletas faz a alegria das nossas brincadeiras.
Parece que neste mundo só nosso não passam outras pessoas. E se passam, poucas te percebem. Poucas te sentem como a brisa gostosa e cheirosa, que seca e afaga nossos suores no dia de sol quente. Sei que às vezes tu te enfureces e devastas. Fico triste , mas se acontece com as pessoas, é porque mexeram com tua mãe Natureza.
Quero continuar a brincar contigo neste mundo cheios de sonhos. Só te peço, no dia em que jogarem as minhas cinzas no meu jardim de orquídeas, que tu venhas em redemoinhos e junte minhas cinzas à tua poeira. Assim, selaremos nosso pacto e viajaremos pelo mundo como irmãos gémeos que sempre fomos.
Um comentário:
Boa Noite caro Poeta seu conto é maravilhoso .Parabéns.Abrcs
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