13/03/2020

ANDAM JUNTOS! A SAUDADE O TEMPO

 

 

Hoje cheguei ao meu quarto na pensão Nova Yorque e senti nele o meu cheiro. O cheiro da minha vida. Nossa! Como é difícil a independência.

Morar sozinho tem os seus altos e baixos. Doem muito os laços de família. Ficar longe das pessoas que por interferência da minha vida vieram ao mundo. Filhas netos e bisneta.

Porém quando se escolhe o caminho tem que fincar o pé no chão e seguir enfrente.

Como hoje bateu a saudade precisei escrever sentimentos que se acumulam no dia a dia. Se eu não os escrevê-los vou explodir entrando em crise ou então em parafuso.

Relembrei muitos momentos de felicidade e outros de tristezas. Coisas que eu devia ter feito e não fiz coisas que podiam ser melhoradas para ter hoje uma vida melhor.

Agora é tarde o tempo passou. Agora estou ficando meio sonolento. Olho para os meus porta-retratos e vejo neles todas as pessoas que eu amo. Algumas estão sérias e outras sorrindo. Eu sorrio para todas.

Na última foto em branco e preto ela esta sorrindo. Puxo-a na minha memória e volto ao passado. O quanto viajamos, o quanto éramos jovens e o quantos éramos cúmplices do nosso amor.

Lembrei-me de certa feita quando ela viajou com os pais para a praia do Pontal da Cruz. Ficaram hospedados na casa de uma tia com o nome de Calina.

Não consegui ficar longe dela. Deu-me cinco minutos. Sai do trabalho numa quinta a tarde era um final de semana prolongado. Feito doido peguei uma muda de roupa numa pequena valise. Só tinha o dinheiro da passagem de ida e de volta.

Chegando ao destino procurei-a. foi grande a surpresa dela ao me ver. Disse-me que eu estava maluco. Respondi-lhe que estava maluco e era mais ainda maluco por ela.

Passei os dias com ela entre a praia e a casa da tia Calina.

À noite! Ah à noite! O bicho pegou. Eu não podia dormir na casa, pois era pequena e lotada com a família da minha amada. Demos uma desculpa de passeio e saímos por volta das oito da noite.

Dinheiro eu não tinha para ficar num hotel ou pensão. Andamos pela praia deserta iluminada pelo luar de prata da lua. Achamos uma casa de temporada fechada, que dava os fundos para a areia. Sem muros ou cercas. Nela uma varanda! Não deu outra. ali foi meu quarto de hotel por três lindas noites.

Pelas manhãs ela me despertava com um sorriso gostoso e entre beijos de amor nos amávamos. Ainda trazia escondido café com leite e um pão com manteiga. À noite me arranjou uma coberta que também tirou escondida da casa da tia.

Não esqueci nunca disso meu amor. Nossas travessuras deliciosas de amor. Os anos passam e as lembranças ficam. Essa foi uma das aventuras do nosso amor que ficaram gravadas na memória do tempo.

 

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