Tarde silenciosa bonita e ensolarada. Ando pelo quintal a olhar e regar algumas plantas. Depois passo pelo alpendre entrando na sala. As cortinas da janela dançam no compasso do vento brisa, que entra na casa e passeia curioso. Saindo depois pela porta dos fundos.
O silêncio continua feito casa de caboclo na tarde quieta.
Chego ao quarto a claridade da janela me mostra você deitada. Admiro teu corpo ainda vaidoso enfeitando nossa cama. Teu corpo. Há! O teu corpo.... Ainda é bonito, sedoso e bem cuidado.
Dormes o sonho dos anjos.
Olho para mesa de cabeceira, onde mora o teu retrato em preto e branco. Do tempo do nosso jovem namoro. Você pousando de boneca moleca a sorrir.
Sento na cadeira de balanço e assisto um filme olhando você dormir.
Quantos segredos existem dentro de você! Quantos abraços e beijos você deu e recebeu. Quantas vezes sorriu e chorou por amor. Quantas vezes lembrou de mim ou não, enquanto estivemos separados. Teu retrato da mesa de cabeceira pode me dizer. Mas não! Fica ali a sorrir e acompanhando com os olhos, os meus gestos. Olho para o teu rosto sereno e comparo com a foto da mesa de cabeceira. O contraste entre o passado preto e branco e o teu colorido agora. Traz ranhuras na tua cútis clara e avermelhada pelo tempo. Teus olhos de pálpebras cansadas guardam as visões da vida que andou e nos separou por cinquenta anos.
Não posso voltar no tempo para começar. Mas posso recomeçar pelo prêmio que a vida me deu de reencontra-la. Sinto-me feliz porque vejo nos teus olhos, os teus desejos de mim. Acordo todos os dias com teu corpo colado e abraçado ao meu. Com tua voz me dizendo.
--- Bom dia amor!
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