30/10/2019

OS OLHOS DO TEU OLHAR

Os olhos do teu olhar ficaram gravados na minha memória, como uma tela. Olho sempre essa tela, como uma criança olha com afeto sua mãe amada.

Quero ver sempre o teu olhar de amor. Teu olhar de noiva encantada na hora do altar. Um doce e puro olhar de noiva ingênua e tímida.

Tão claro como o sol a arder livre pelas ruas. Teu olhar que traz a paz e o silêncio das noites de prata. Essa paz da noite que está nos teus olhos!

Iluminam minha alma.

27/10/2019

ESCRITORES E PERSONAGENS


 


Alguns escritores, quando criam um personagem levam em consideração o que sonharam por toda a vida e nunca conseguiram ter.
Uma mulher descrita como a deusa das deusas, um par de olhos verdes esmeraldas, a boca de biquinho que ao falar formavam duas covinhas nas bochechas vermelhas; os cabelos tinham um tom bem dourado e com milhões de fios de seda cacheados; o nariz fino e arrebitado fazia um curva harmoniosa na delicada face. Foi por essa mulher que o escritor se apaixonou e, como nunca a teve nos braços, deu-lhe vida no seu livro.

Sentado em sua cadeira predileta na varanda, olhava e olhava a paisagem, contemplava no tempo das imaginações a sua musa, um anjo sem asas a correr por entre as árvores e flores do seu fictício jardim.  

Levantou-se da cadeira e foi ao encontro do seu sonho, que já dominava os seus pensamentos como uma realidade. Puxou delicadamente a musa para si e abraçou seu corpo escultural, sentindo seus aromas de amor.

Suas bocas de encontraram, línguas rodopiaram, procurando o desejo e os sabores, as roupas voaram com o vento, colorindo o ar. A boca do escritor desvendou os segredos dos seios, mamilos e ventre da musa. Os suores se fizeram presentes; os beijos, os braços em massagem pelos corpos que caíram a rolar pela grama verde. Seus ventres colaram em ritmo alucinante, frenético.

Explode coração!

O suor do escritor se tornou gelado, sua respiração ofegante. Parecia cansado e com a boca seca, levantou-se da cadeira meio cambaleante. Entrou para a sala da casa. Sua esposa, sentada na cadeira de balanço, notou o abatimento do marido e disse-lhe em tom de alerta.

—Estás pálido de novo?  Melhor procurar um médico

21/10/2019

TERMINAL

 

Lá estava Marlos no terminal rodoviário. A vinte metros dele a mulher amada que fora seu amor num breve passado. Partia para Pontal da Cruz o lugar onde se criara.
Ele lembrou o dia em que ela chegara. Quando a viu vindo ao longe, parecia que levitava suavemente pelo chão. Um anjo sem asas vindo em sua direção.
Desembarcada do ônibus do destino. Em longa viagem desde os tempos da juventude. Quando todo o encanto do primeiro amor era a vida.
Hoje, porém, ela seu amor voltava ao paraíso. No pontal de uma cruz onde Marlos um dia fez um juramento de ama-la por todo o sempre.
Agora vê de longe e escondido, seu amor partindo de volta no mesmo ônibus do destino. Sua vontade é correr e abraça-la, para não deixa-la partir. Engoliu as lágrimas e continuou no seu esconderijo. Pensou consigo se ela o visse talvez fizesse uma viagem infeliz e doída.
Ele sabia que no Pontal seu amor. Sua namorada sua mulher. O pedaço da sua alma seria feliz. Rodeada de parentes e amigos.
Resignado e caindo em si baixou olhos em lágrimas e deu um adeus em pensamento. Viu a graciosidade do amor com seus passos de anjo subindo os degraus da partida.
Partiu triste do terminal esboçando um adeus bem baixinho com a boca chorosa. Seu coração bate forte e acelerado. Precisa de conserto. Quem sabe se depois de pronto e com o cérebro entendendo um pouco mais de amor Marlos saia do mundo dos sonhos. Curando as feridas do passado e volte a ter um grande amor.

Quem sabe o ônibus do destino aporte novamente no terminal trazendo seu anjo sem asas com uma nova maquiagem de amor. Aquele amor que o destino reservou para eles. Precisa se fechar em elos. Não deixando que a corrente se arrebente nunca mais. Quando o destino escreve, Deus não modifica.

17/10/2019

PRESENTE É PARA QUEM MERECE

Quando as pessoas envelhecem devem procurar viver sorrir e amar mais, levantar sorrindo. Mesmo com todas as dores da alma e do corpo físico e dos dias os cinzentos. Devem parar de pensar como um casal que não vive muito bem. Como aquela história:- Não vou ao medico com você! Porque você não foi comigo.

Seria isso uma pequena vingança! Mesmo sendo um casal de namorados que depois de velhos e ter aprendido tanto com a vida, continuam batendo na mesma tecla. Deus lhes deu a oportunidade de ficar juntos novamente. Mas não podem eles não sabem fazer isso. Basta ficarem dez minutos juntos para brigarem por teimosices. Por isto, por aquilo e por aquilo outro. Os dez minutos vão embora com o tempo e o casal perdeu a oportunidade de um abraço, um beijo e até um gostoso afago num olhar terno.

Dez minutos perdidos no tempo. Isso me lembra de meu amigo Luís. Por causa da sua barba branca e comprida eu o chamo de papai Noel de Olinda. Já que ele é de Maceió. Um cara que deu um nó na vida antes que a vida lhe desse um. Um cara calmo e tranquilo.

Vive bem com os vizinhos do seu bairro. Passeia de manhã em caminhadas pela praia e sorri muito. Tem lá os seus setenta anos e me confessou que ele e a namorada brigam muito. Ele se aborrece tanto com ela e que tem vontade de deixá-la de vez. Porém a ama demais. Mesmo longe as vezes é difícil esquecê-la por mais de uma hora.

Dia deste ele teve uma discussão caseira com a neta. A moça deixou atrasar as vacinas da bisneta. Não é tanto a culpa dela muitas vezes o próprio posto não tem as vacinas para aplicar nas datas certas.

Pois bem ontem deram cinco vacinas atrasadas na bisneta. O velho Lua homem experiente da vida ficou puto da vida dentro das calças. Vendo a sua bebê amuadinha e cheia de dores. As vacinas tiraram o lindo sorriso dela.

Reclamou de muitas picadas e muita química dentro do corpo da pequena. Ficou com dor no coração. Várias agulhas maldosas que fazem bem, mas doem.

Disse ele a neta que quando tiver que dar vacina na bisneta. -- Você deixa que eu leve. Assim não atrasa mais. A neta preocupada com a idade do avô disse que não queria dar mais trabalho.

A sabedoria de Lua se fez presente com ele dizendo.

Meus vizinhos vão se admirar me vendo com a bebê. Alguns vão dizer. Bom dia Luís. Que alegria passeando com a neta. E com muito prazer e a boca cheia de felicidade eu vou responder.

Aqui a coisa é mais embaixo esta é a minha bisneta! Ai a pessoa vai se admirar dizendo: — Caramba bisneta! Mas você é tão novo Lua.

Aí eu te digo minha neta – Falou Lua --Quer mais felicidade que isso. Acho que Deus dá presentes a quem merece.





10/10/2019

NÁUFRAGOS

 



Às vezes a tristeza aparece do nada tomando conta do meu corpo. Como uma noite escura que sem o brilho da lua se confunde como uma sombra lúgubre e tenebrosa. Meu velho corpo carregado das chagas de restos do amor agoniza a dor da solidão.

Antes quando nossos corpos se uniam, eu me sentia como a quilha de um barco, abrindo os caminhos do teu amor. Muitas noites fui à proa do nosso destino. Como um bom barqueiro, nunca deixei nosso amor enveredar em águas turbulentas.

Viajava pelo teu corpo inteiro. Teu corpo meu mar. Teu amor meu mundo. Porém no descuido de uma noite escura. Nosso barco partiu na tormenta e rolou rio abaixo numa correnteza tão forte que nos fez em pedaços.

Vi-te partindo numa brisa gelada, Ao teu lado a noite escura como a capa preta da morte. Trazendo numa das mãos o meu remo da vida. Na outra a foice de lamina afiada.

Não te sinto mais vindo a mim como a estrela que saia com toda sua luminosidade do veludo azul brocado de prata luar. Iluminando a minha alma.

Agora tu és um ponto negro e opaco, encima de um barco estraçalhado nas pedras do mar do destino. Abro meus olhos encerrando meu sonho com uma lágrima quente queimando. Acabou a razão forte da minha fantasia. Com passos tristes retorno a nossa antiga morada. Devo me consolar e confesso que minha vida vai se alimentar por muito tempo dos pensamentos do nosso amor. Enquanto minha alma busca a luz que emana do teu corpo. Pois ela precisa de tato para sobreviver.





06/10/2019

SENSIBILIDADE PROFUNDA

Sentado em três degraus de escadas de um anexo do quintal, curtia uma loira gelada e saborosa. Ninguém para conversar uma boa prosa. Olhou para a garrafa e pensou:- Vais ser minha companheira e vais escutar meus pensamentos.

Os goles loiros do liquido o fizeram viajar. Ao longe para abrilhantar tais pensamentos ouvia-se a musica Somos Jovens na voz encantada de Elis Regina.

Bom tempo aquele quando um par de olhos da cor do café e sensuais faziam a poesia da sua vida.

Tinha verdadeiros encantos pela dona dos olhos. Nunca esquecendo dela nem depois de ser bisavô.

TEUS OLHOS


Eram a cura da minha amargura.

Vinham a mim como centelha

Brilhante joia, uma doçura.

Reflexo que espelha.

Minha alma.

Os recebe com encantos e ternura.


Depois do poetar continuou sua viagem pelo túnel do tempo. Aqueles olhos que transbordavam sorrisos o tempo todo. Porém sem que ele percebesse o vento brando lhe fazia companhia, tocando os sinos de bambus – presente da irmã mãe que terminara sua criação. Os estalos da peça a dançar orquestravam seu pensamento que voava alto. Os olhos dele estavam parados. Sua concentração no amor do passado eram tão profundas que lágrimas rolavam dos olhos. Sulcando seu rosto. Era tão real o sentir que se sentia afagado quando a brisa tocava seu rosto.

Por algum tempo assim ficou. Acordou quando o latido de um cachorro se fez presente. Enxugou as lágrimas nas mangas da camisa. Recolheu a garrafa companheira do momento e foi para a sala. Ali deu de cara e sorriu para um presente lindo que Deus havia lhe dado. Sua sorridente e pequena bisneta.

Então seus pensamentos se voltaram à Deus. Agradecendo por toda a felicidade que a vida lhe dera.






03/10/2019

O BAÚ DO DESTINO



Hoje dando uma limpada no velho baú da minha vida. Encontrei um pouco da minha felicidade na juventude. Um álbum musical que guardei com muito carinho.

Hoje obsoleta a peça foi responsável por bons e maus momentos da minha vida e por muitas vezes parte dos meus sentimentos.

Muitos dos compactos simples fiz um enorme esforço financeiro para comprar. Outros ganhei como recordação de namoros e romances. Folhei pela última vez meu tesouro. Hoje ele deixou de fazer parte de mim.

Dancei todas as músicas do álbum com Verinha uma loirinha de sorriso gentil e agradável. Esguia e cheirosa como uma rosa. Com Ana a morena dos cabelos cacheados, sorria muito e tinha olhos tentadores de desejos. Lembro-me ainda de Regina a ruiva de rosto redondo e boca pequena estudiosa e romântica. Dançando eu amava todas elas. Sonhava com momentos bons. A delicadeza de suas mãos. Às vezes o suor do balé o cheiro dos corpos revelam sentimentos e pensamentos secretos.

Porém um dia no meu aniversário de dezenove anos eu programei uma festinha americana. A turma veio toda, as meninas sempre bonitas e os rapazes com seus topetes. De repente um par de olhos, me lembro da cor do café, surgiram â minha frente. Trazia nas mãos delicadas e morenas um compacto simples. Sua voz delicada exprimiu um.

-– Oi muito prazer. Não sei se você vai gostar, mas essa música eu adoro.

Não prestei muita atenção no presente. E também não lembro quem trouxe aquele anjo para mim. O que eu sei é que gelei de arrepios de cima abaixo. Meu corpo tremeu. Como num imenso e excitante orgasmo.

Confesso que eu nem mais sabia se sorria de alegria ou gritava de felicidade. – Amei você! Gostaria de ter dito naquele instante. Refeito abri o presente e ali estava a etiqueta redonda dizendo – DO YOU WANNA DANCE. Ao lado uma letra de caneta dizia. Com carinho! Wilma.

Eu disse-lhe. --- Vou colocar na vitrola. Você dança comigo!

Até hoje nos meus pensamentos eu me imagino dançando com ela. Realmente foi ela o meu primeiro amor da juventude. Vou carrega-lo no peito para a eternidade.

O destino nos separou depois de dois anos.