10/10/2019

NÁUFRAGOS

 



Às vezes a tristeza aparece do nada tomando conta do meu corpo. Como uma noite escura que sem o brilho da lua se confunde como uma sombra lúgubre e tenebrosa. Meu velho corpo carregado das chagas de restos do amor agoniza a dor da solidão.

Antes quando nossos corpos se uniam, eu me sentia como a quilha de um barco, abrindo os caminhos do teu amor. Muitas noites fui à proa do nosso destino. Como um bom barqueiro, nunca deixei nosso amor enveredar em águas turbulentas.

Viajava pelo teu corpo inteiro. Teu corpo meu mar. Teu amor meu mundo. Porém no descuido de uma noite escura. Nosso barco partiu na tormenta e rolou rio abaixo numa correnteza tão forte que nos fez em pedaços.

Vi-te partindo numa brisa gelada, Ao teu lado a noite escura como a capa preta da morte. Trazendo numa das mãos o meu remo da vida. Na outra a foice de lamina afiada.

Não te sinto mais vindo a mim como a estrela que saia com toda sua luminosidade do veludo azul brocado de prata luar. Iluminando a minha alma.

Agora tu és um ponto negro e opaco, encima de um barco estraçalhado nas pedras do mar do destino. Abro meus olhos encerrando meu sonho com uma lágrima quente queimando. Acabou a razão forte da minha fantasia. Com passos tristes retorno a nossa antiga morada. Devo me consolar e confesso que minha vida vai se alimentar por muito tempo dos pensamentos do nosso amor. Enquanto minha alma busca a luz que emana do teu corpo. Pois ela precisa de tato para sobreviver.





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